Familiares da cabeleireira Débora
Rodrigues dos Santos — que escreveu, com batom, a frase "perdeu,
mané" na estátua da justiça — gravaram um vídeo neste domingo (30) para
agradecer o apoio recebido nos dois anos em que a mulher esteve presa.
Ao lado da irmã Eva, da mãe Maria de
Fátima e do cunhado Nilton — marido de Débora e pai dos pequenos Rafael (8
anos) e Caio (10 anos) —, Claudia relata que a família enfrentou “dias
difíceis, de dor e incerteza”, mas obteve força em inúmeras mensagens de
solidariedade e gestos de carinho.
“A libertação da Débora não é apenas
uma vitória dela ou da nossa família, mas de todos que acreditam na justiça, na
verdade e na dignidade humana”, afirmou a moradora de Campinas (SP).
"Nunca estivemos sozinhos”.
O vídeo foi divulgado nas redes sociais
dos advogados de defesa, onde familiares aproveitaram para agradecer pela
mobilização. “Aos amigos que nunca nos abandonaram, às igrejas que oraram com
fé, aos jornalistas e influenciadores que deram voz à causa e a cada um que, de
alguma forma, fez parte dessa jornada”, disseram.
Ainda segundo a família, todas essas
ações fizeram com que Débora estivesse de volta ao seio da família,
"podendo finalmente abraçar seus filhos, viver sua vida e recomeçar”. No
entanto, apontam que a luta não terminou e que continuarão firmes “para que a
justiça prevaleça e para que nenhuma outra família passe" pela mesma
situação.
Débora está em prisão domiciliar com
inúmeras restrições: A prisão domiciliar de Débora estabelece diversas medidas
cautelares como uso de tornozeleira eletrônica na residência, proibição do uso
de mídias sociais e convívio social restrito, o que impede, por exemplo, a
cabelereira de trabalhar. Segundo a decisão de Moraes, a mulher só pode receber
visitas dos pais, irmãs e de seus advogados.
A paulista também é proibida de manter
contato com outros envolvidos nos atos do 8 de janeiro e de conceder
entrevistas, sob penalidade de revogação da prisão domiciliar em caso de
descumprimento das medidas.
O que aconteceu com a
cabeleireira? Débora Rodrigues passou dois anos presa após ter participado
dos atos do 8 de janeiro e ter sido fotografada escrevendo, com batom, a frase
“Perdeu, mané” na estátua da justiça. Ela foi presa em 17 de março de 2023,
ficou mais de 400 dias na prisão sem denúncia, e o ministro Alexandre de Moraes
votou para condená-la a 14 anos de prisão.
Após o voto de Moraes ser seguido por
Flávio Dino, o ministro Luiz Fux pediu vistas, suspendendo o julgamento, e
autoridades, influenciadores e pessoas comuns passaram a divulgar mensagens de
apoio à cabeleireira com a hashtag #SomosTodosDebora. A repercussão também
ocorreu na imprensa, que passou a repercutir as informações.
Na sexta-feira (28), o procurador-geral
da República, Paulo Gonet, recomendou a substituição da prisão preventiva da
mulher por prisão domiciliar, ao menos até a conclusão do julgamento, e
Alexandre de Moraes acatou o pedido na mesma data. No total, a defesa já havia
solicitado nove vezes a liberação de Débora.
Segundo seus advogados de defesa, a
cabeleireira foi para casa no sábado (29). Enquanto isso, seu julgamento segue
suspenso.