Felizmente a democracia voltou e venceu
a ditadura no Brasil. Ninguém suportaria um regime de conluios a céu aberto
entre figuras poderosas da elite e os donos do poder - tudo para beneficiar um
extrato de privilegiados em detrimento do povo.
Não, nada disso é possível nos dias de
hoje. Imagine, por exemplo, se um cantor famoso desse apoio político ao governo
e recebesse um patrocínio milionário de uma estatal? Nem dá para
imaginar.
Hoje a classe artística é 100%
consciente e jamais entraria em toma lá, dá cá. A poética da defesa dos menos
favorecidos, presente em obras famosas da cultura nacional, não seria
compatível com atitudes mesquinhas e obscuras em relação à coisa pública.
Já vai longe o tempo em que
personalidades famosas aceitariam apagar o passado de políticos comprometidos
para auferir vantagens pecuniárias.
Não dá nem para cogitar uma estatal
dando prejuízo bilionário e patrocinando amigo do rei - muito menos patrocínio
na veia, sem isenção fiscal. Hoje a produção cultural no Brasil é um dos
grandes sustentáculos da democracia, e todos sabem que democracia vampirizando
o povo não é democracia.
“Para alívio geral, ninguém mais
precisa se preocupar com aquelas práticas autoritárias que pisoteavam o social.
Tipo sacrificar assistência de saúde para beneficiar aliado político”
Já pensou se você é um trabalhador
simples, com um plano de atendimento hospitalar provido por uma empresa
pública, e de repente fica sabendo que o plano parou de atender por
inadimplência estatal? Ao mesmo tempo em que a empresa inadimplente está
bancando projeto cultural milionário de simpatizantes do governo?
Ufa! Que bom que isso não é possível
hoje no Brasil. Seria de revirar o estômago - ainda mais se as apresentações do
beneficiário da verba servissem para proselitismo contra os opositores do
governo; e se essas apresentações custeadas com dinheiro público de estatal falida
só fossem acessíveis a quem pudesse pagar ingressos caros, reforçando o caixa
do felizardo amigo do rei. Gente estúpida, gente hipócrita - que felizmente não
existe mais.
O tempo passa, o ser humano evolui e a
sociedade fica mais justa. O petismo ser um grande investimento hoje para os
que dizem defender a democracia, apenas uma década depois de estourar a
carnificina da Lava Jato, é a prova de que tudo passa (até o que não passa).
Tempo rei.