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Barros analisa “caçada política” do STF à direita e “cumplicidade de Lula com ditadores”

Barros analisa “caçada política” do STF à direita e “cumplicidade de Lula com ditadores”

Em entrevista ao programa e à coluna Entrelinhas, o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) fez críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, em razão da condenação da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e da atuação da Corte em outros casos envolvendo parlamentares da direita.

Barros comentou também sobre as recentes visitas de representantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos ao Brasil, defendeu que o Primeiro Comando da Capital (PCC) seja classificado como organização terrorista e explicou as medidas adotadas pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara — da qual é presidente — diante da concessão de asilo à ex-primeira-dama do Peru e da crise envolvendo asilados venezuelanos na Embaixada da Argentina em Caracas. Ao comentar a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), Barros disse que a Câmara “finalmente reagiu” e cobrou o Senado pela "inércia".

Entrelinhas: Como o senhor recebeu o voto do ministro Alexandre de Moraes pela condenação da deputada Carla Zambelli a mais de 10 anos de prisão? Barros: Essa decisão em nada nos surpreende. Alexandre de Moraes já está numa caçada contra a deputada Carla Zambelli há um tempo. Você vê a desproporção das penas aplicadas a ela em comparação com outros casos. Enquanto o Supremo solta criminosos, traficantes, o ministro recentemente se recusou a extraditar um traficante internacional cuja extradição foi pedida pela Espanha. E agora tenta condenar uma parlamentar da direita a mais de 10 anos de cadeia. É um grande absurdo, e nós vamos lutar contra isso na Câmara.

Entrelinhas: Sobre a suspensão da ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem: diante da queda de braço com o Judiciário, os 315 votos a favor do parlamentar na Câmara mostram que o Congresso ainda respira? Barros: Foi um excelente e tão esperado sinal por parte do Congresso Nacional. Há quanto tempo pedimos uma reação institucional da Câmara? O Senado, nem vou comentar, ainda dorme em berço esplêndido. Mas a Câmara, finalmente, utilizou o artigo 56 da Constituição para suspender uma ação penal conduzida de forma parcial. Esse é um dispositivo legítimo da nossa Constituição, e nós o utilizamos exatamente como o constituinte de 1987-1988 previu: para interromper perseguições políticas contra deputados.

Entrelinhas: Essa inflexão no comportamento do Congresso pode persistir em outros casos? Barros: Eu espero que sim. Há uma queda de braço entre Legislativo e Judiciário, e o STF tem invadido as atribuições do Parlamento. Essa votação foi um passo importante, e acredito que novas ações podem vir. Se o julgamento da deputada Carla Zambelli continuar nesse caminho, nós podemos apresentar um novo pedido para sustar a ação penal, como já fizemos no caso do Ramagem.

Entrelinhas: Como estão sendo as reuniões com representantes do Departamento de Estado dos EUA sobre os abusos do Judiciário no Brasil? Barros: Tive uma longa conversa com o senhor Ricardo Pitta, conselheiro sênior do Departamento de Estado. Falamos principalmente sobre o descumprimento, por parte do Estado brasileiro, de tratados internacionais de direitos humanos, especialmente em relação aos presos do dia 8 de janeiro. Também discutimos o tema do narcotráfico e da atuação de facções criminosas como o PCC.

Entrelinhas: Ao contrário das declarações do governo Lula sobre o PCC, o senhor defende que o grupo seja classificado como organização terrorista? Barros: Sim. O governo brasileiro se recusa a reconhecer isso, mas o PCC e o Comando Vermelho são organizações terroristas. Têm emaranhados de atividades, inclusive econômicas, que sustentam essas redes criminosas. Governadores como o Tarcísio têm mostrado como essas facções operam com postos de gasolina, fintechs, empresas de fachada. Isso é terrorismo.

Entrelinhas: O Brasil foi criticado no caso dos asilados venezuelanos. Mais um episódio que escancara a fraqueza diplomática do país sob Lula? Barros: Foi mais um episódio de vergonha internacional. Quando a Argentina rompeu relações com a Venezuela, deixou a sua embaixada em Caracas sob tutela do Brasil. A embaixada estava sitiada pelo exército de Nicolás Maduro, e o Brasil ficou responsável pelos asilados — opositores ligados a María Corina Machado. A Venezuela cortou água, luz e alimentação da embaixada. E o Brasil? Não fez absolutamente nada. 

O governo americano fez uma operação de inteligência, entrou na embaixada da Argentina e retirou os cinco venezuelanos. Só divulgou a operação depois que todos estavam em território americano. O Brasil sequer foi informado, e sabemos o motivo: se fosse, teria avisado Maduro. Essa omissão revela o nanismo diplomático do Itamaraty sob Lula. O governo foi conivente com a ditadura venezuelana, não fez nada para proteger os asilados e expôs o Brasil ao vexame. Convocamos novamente o ministro Mauro Vieira para explicar esse caso.

Entrelinhas: O senhor também cobrou esclarecimentos do chanceler Mauro Vieira, ministro de Lula. Ele mentiu sobre estar viajando para não comparecer à comissão? Barros: No início do ano, aprovamos um convite ao ministro Mauro Vieira para que ele comparecesse à Comissão de Relações Exteriores e explicasse as diretrizes do Itamaraty. Em abril, surgiu o caso do asilo à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por corrupção. Aí transformamos o convite em convocação. A data foi acertada com a assessoria do próprio ministro. No entanto, no sábado anterior à audiência, fomos informados de que ele não poderia comparecer porque viajaria com o presidente Lula à Rússia. No dia 6, data marcada, ele permaneceu o dia inteiro em despachos internos no Itamaraty, segundo a própria agenda oficial. Ou seja, mentiu à comissão. Encaminhamos então denúncia por possível crime de responsabilidade à Procuradoria-Geral da República. Quando um ministro é convocado e não comparece, isso configura crime de responsabilidade.

Entrelinhas: O senhor considera que há uma submissão ideológica do governo brasileiro a ditaduras? Barros: Sem dúvida. Lula é amigo de ditadores como Maduro. Tinha total capacidade para intermediar a situação e trazer os asilados ao Brasil, à Argentina ou conceder refúgio aqui. Mas preferiu nada fazer. A política externa do Brasil está a serviço de uma ideologia, e isso nos coloca como cúmplices de regimes autoritários.


Mariana Braga - Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados – Gazeta do Povo


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