Nas últimas semanas, viralizou o caso de Isabella Cêpa, uma feminista que, em 2020, criticou o fato de a vereadora mais votada das eleições municipais de São Paulo não ser uma mulher biológica, referindo-se à Erika Hilton. A postagem de Isabella gerou uma denúncia criminal do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que poderia resultar em 25 anos de prisão, com base em uma decisão do Supremo Tribunal Federal de 2019, que equiparou atos de homofobia e transfobia ao crime de racismo.
É sempre importante frisar três pontos: o primeiro é que não é competência do STF propor ou aprovar leis, mas sim do Congresso. O segundo é que não existe crime sem lei anterior que o defina, como neste caso específico. E, por último, ficou nítida a politização da questão, já que o simples fato de discordar, em muitos casos, é considerado homofóbico ou transfóbico por alguns, o que, além de não ser um fato, constitui atentado à liberdade de expressão. Tanto as minorias quanto o direito de possuir ideias divergentes devem ser protegidos.
Este clássico exemplo de cerceamento de opinião gerou diversas manifestações de repúdio por parte de jornalistas e veículos de imprensa, inclusive alguns mais progressistas, e virou vexame internacional.
Isabella formalizou um pedido de refúgio e posteriormente conseguiu asilo político na Europa. De acordo com uma ONG, ela foi a primeira mulher no mundo a obter refúgio por ser alvo de perseguição em razão de críticas à ideologia de gênero — mais um recorde negativo para a agenda woke.
Não compartilho a mesma ideologia de Isabella e tampouco sou adepto do feminismo, muito pelo contrário. Porém, já disse diversas vezes que jamais defenderei que alguém seja calado, perseguido ou punido por suas opiniões, inclusive aqueles que pensam totalmente diferente de mim. Seria incoerente para quem se diz defensor da democracia promover censura contra opositores, e não serei eu a usar a mesma hipocrisia da esquerda.
Ainda em 2022, meu discurso utilizando a famosa peruca loira da “Nikole” destacava exatamente isso. Em um dos trechos, afirmei que “as mulheres estão perdendo espaço para homens que se sentem mulheres”. Bastou pouco tempo para que esse comentário, embora óbvio, gerasse mais apoio do que críticas.
Minha fala foi traduzida para o inglês e viralizou em contas estrangeiras, principalmente no X, tornando-se uma referência com os dizeres: “Se você veio aqui falar mal da Nikole, desculpa, mas veio ao lugar errado”. Ela ainda é lembrada diante de diversos casos de imposições e repressões similares que surgem.
“Tudo isso prova que a esquerda não se preocupa com mulheres, negros, LGBTs ou qualquer outra minoria. Ela se empenha apenas em proteger aqueles que pensam igual a eles, sem espaço sequer para discordâncias dentro da mesma ideologia”
Toda a intolerância que carregam afasta cada vez mais os que dizem defender, porque a verdade sempre aparece.
Sempre deixei claro que minha luta não é contra quem busca aceitação de forma legítima, mas contra aqueles que, de maneira tirânica, impõem suas vontades. Ninguém aqui deseja que alguém seja perseguido ou atacado por crenças, ideologias, orientações sexuais ou questões de gênero; o que se exige é que o contraditório seja respeitado.
Precisamos sempre concordar em discordar. Felizmente, a grande maioria entende isso e, consequentemente, recebo cada vez mais apoio, inclusive público, justamente daqueles que a esquerda acusa — em vão — de serem alvos de supostos ataques.
É bastante provável que eu não concorde com Isabella na maior parte dos pontos, mas a luta pela liberdade transcende qualquer posicionamento ideológico. Precisamos ser maduros o suficiente para separar as coisas e entender que isso é inegociável. Não podemos dar espaço para que a tirania avance.



