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O que mais está em jogo?

 

O que mais está em jogo?

Recentemente, a Alemanha resolveu se armar e aumentar em 2% de seu PIB o gasto com defesa. A Polônia já acelerou a produção de armamentos e aumentou o contingente de tropas há mais de um ano, e o presidente recém-eleito da Romênia assinou duas leis para rearmar seu país. Muitos consideram esses atos um fator positivo de proteção de soberania. Só que não.


Os globalistas estão rearmando a Europa e, assim como ocorre na Alemanha, na Polônia e na Romênia, vários países já têm seu deep state sob o comando do globalismo. Os globalistas querem fazer frente à Rússia e à China, e também aos soberanistas, representados por EUA e Israel.


Muitos torcem para que a Inglaterra siga o caminho dos soberanistas, mas com o atual governo, o destino é se juntar aos globalistas da União Europeia. Sobre o assunto, o vice-presidente dos Estados UnidosJ. D. Vance, fez uma afirmação preocupante. Diante da perda de controle da Grã-Bretanha na questão migratória, ele alertou que os EUA têm que se preocupar com o fato de a Inglaterra, sob o comando do Partido Trabalhista, se tornar “o primeiro país verdadeiramente islâmico do mundo a ter uma arma nuclear”.


Essa movimentação assinala mudanças profundas no cenário geopolítico mundial. Mas há mais em jogo. O que estamos vendo é mais uma mudança no Estado moderno – ou talvez seu fim. Mas o que significa isso?


“Salvo o ímpeto dos soberanistas – que perceberam essas tendências e mudanças que levariam suas populações a um modelo de Estado tirânico, dominado por globalistas ou multipolares – as tendências do momento ainda apontam para o enfraquecimento do Estado moderno”


Estado moderno monárquico:No mesmo calibre e importância, podemos comparar o que vivemos hoje à origem do Estado Moderno, que se inicia no final da Idade Média, em que as cidades-estado não podiam mais permanecer independentes sem que tivessem ajuda de outras cidades-estado. A formação do Estado moderno começa na centralização de poder em alguns reis aclamados, quando estes passaram a representar os interesses dos diversos nobres proprietários de terra e cidades-estado para se proteger.


Antes, os reis cristãos defendiam seu território de forma local. Nesse antigo regime, a propriedade privada – que era cedida aos nobres da corte – só podia ser assegurada com uma força de defesa robusta e, à medida que os inimigos se uniram para atacar e roubar seus vizinhos, havia necessidade de uma organização interna maior que garantisse território em torno de bandeiras comuns, como a língua, a etnia e relacionamentos de parentesco. O resultado foi a formação de povoados maiores que englobaram vários clãs e cidades-Estado.


Estado moderno burguês:Após séculos de consolidação do Estado moderno sob as monarquias tradicionais, um movimento social e econômico incitou mudanças. O crescimento econômico dos agrupamentos não só estimulou a expansão de uma região maior, mas criou uma classe social que veio acabar com o modelo feudal e exigir um Estado mais formal, organizado, burocrático – e menos orgânico. Era a burguesia, comercial e industrialista, que adquiriu poder à medida que a economia começava a gerar recursos e relevância social e política.


Simultaneamente, o surgimento da burguesia teve um efeito organizacional. Os burgueses passaram a exercer um poder descomunal e inédito, por meio de movimentos constitucionalistas e novas constituições. Os reis, que já se encontravam distantes de seus reinados com o advento do Estado moderno, com as novas constituições burguesas se tornaram cada vez mais simbólicos e menos atuantes.


Simultaneamente, o surgimento da burguesia teve um efeito organizacional. Os burgueses passaram a exercer um poder descomunal e inédito, por meio de movimentos constitucionalistas e novas constituições. Os reis, que já se encontravam distantes de seus reinados com o advento do Estado moderno, com as novas constituições burguesas se tornaram cada vez mais simbólicos e menos atuantes.


Estado moderno socialista: Foi no século XX que houve a transição para uma nova etapa do modelo do Estado moderno: o socialismo. Protagonizado, por um lado, pela expansão da burocracia; e por outro, por líderes populistas e demagogos.


As antigas classes aristocrática, militar e o clero foram completamente substituídas. Em seu lugar, surgem burocracias tecnocratas sob o comando de novos césares, influenciando grandes massas lançadas em guerras sucessivamente maiores, mais anônimas e com menos sentido, senão o de fazer expandir controle oligárquico. Até países capitalistas de livre mercado criaram instituições coletivistas.

Estado moderno tirânico


Ao final do século XX e início do século XXI, a burocracia criada pelo modelo socialista deu viabilidade ao crescimento de um novo modelo de controle absoluto dos países: a tirania dos grupos de interesses ou de ditadores. Não mais balizado por normas ou leis, e agora com o controle das finanças e da mídia tradicional, o modelo tirânico surgiu sem que muitos percebessem.


As novas evoluções tecnológicas, que por um lado libertaram a população do modelo socialista, por outro deram ferramentas à burocracia estatal para exercer cada vez mais controle.


O que esperar do resto do século XXI?:Algumas tendências já se materializaram:1. Desconfiança da moeda: um dos primeiros aspectos é o aparecimento do bitcoin, uma moeda descentralizada que tem obtido aderência mundial à medida que moedas de diversos países se tornam instáveis. Em outras palavras, as pessoas deixaram de confiar na administração pública de seus governos e entendem muito bem que a inflação é gerada pelos gastos públicos que corroem o poder aquisitivo.


Para se proteger, a população tem procurado se desprender de qualquer banco central, adotando uma alternativa digital, seguindo a linha da revolução tecnológica que o mundo tem vivido nos últimos 30 anos. O sucesso do bitcoin confirma a falência das instituições de Estado, que detinham não só o conceito de território e de nação, de Estado e de constituição própria, mas de moeda própria. Agora, perdem sua moeda para a moeda digital.


2. Desconfiança dos governos: os povos das nações do mundo não confiam mais nos seus governos. A burocracia e o governo não são mais os detentores da verdade e da informação; ao contrário, hoje a informação está dissipada, e todos os que procuram dados corretos não buscam fontes oficiais, mas fontes diretas, de personalidades com presença nas redes sociais, que informam em primeira pessoa e em diversas perspectivas o que acontece no mundo.


Pode haver desinformação ou informação incompleta? Sim, mas se o pesquisador quiser obter visões múltiplas sobre qualquer tema, vai encontrá-las nas redes sociais – e não na mídia convencional ou por meio do governo. O próprio governo não detém todas as informações, pois não forma opinião, mas é orientado por centros de pesquisa enrijecidos por normas e processos que não necessariamente refletem a realidade. Há um consenso de que o governo está obsoleto, e muitos de seus representantes se tornaram tiranos.


"A consciência desse momento histórico acompanha a resposta de como o Brasil pode sair dessa prisão. O caminho passa pela mobilização popular que está hoje nas ruas, dizendo 'não' às propostas de tirania maquiada"


3. Globalismo: outra tendência, associada à irrelevância dos governos, é a ascensão de uma classe metacapitalista, que de fato já comanda boa parte da economia mundial. Basta observar como os grandes fundos de investimento já detêm o controle do PIB de vários países. Isso se estende também ao controle das informações e do sistema político – a tônica do viés globalista.


globalismo tem sido impulsionado por grandes arquiteturas de investimento, que controlam ativos no mundo inteiro. Devido a esse gigantismo, os globalistas acabam comandando também as informações para as sociedades. Vemos esse fenômeno ocorrendo na Europa, por exemplo, em que o globalismo elege líderes fantoches, sem expressão popular, e se sobrepõe de forma contundente no campo econômico, mesmo em face de governantes soberanistas, que atuam na linha de proteger a versão tradicional do Estado moderno.


Esses líderes se apequenam e são ostracizados também pelo seu sistema judiciário, comandado pelos mesmos globalistas. As lideranças tornaram-se apáticas diante dessa pressão, e está evidente que, na maioria dos países da Europa, os governantes são meros fantoches. É o fim do Estado moderno, em que o território deixou de ser uma das características da organização – é irrelevante.


4. Ditadores multipolares: a antítese das forças globalistas são vertentes que também podem ser consideradas reacionárias. Os multipolares – cujos principais expoentes são Rússia e China – comandam vários Estados vassalos, igualmente ditadores. Assim como os globalistas fazem de cada Estado sob seu domínio um vassalo, essas forças da ditadura, multipolares, fazem o mesmo.


Os multipolares entendem a força do globalismo, reagem, e o resultado é um modelo tirânico, em que não há sequer um semblante de abertura, liberdade ou separação de poderes, que prefiguram a evolução do Estado Moderno. O curioso é que tanto globalistas como multipolares usam o modelo judiciário como protagonista da involução do Estado Moderno.


5. Poucos soberanistas: apesar de sua relevância no cenário mundial, ainda estão em pequeno número. Estados Unidos, Israel e Índia compõem esse pequeno grupo não alinhado aos globalistas e multipolares. Os soberanistas realmente representam a democracia e a vontade popular, defendem a liberdade dos meios de comunicação, são contra a agenda globalista, assim como a subversão criada pelas forças multipolares.


Eles têm uma missão muito complexa: manter o Estado Moderno como proposta viável, de defesa e representação do ecossistema político tal qual ele foi construído há 500 anos, na sua melhor forma. Imersos em uma rede de intrigas e de grupos contrários, muito mais numerosos, os soberanistas estão em situação muito precária, pois têm a legitimidade popular, no entanto, são muito fracos diante de forças externas e internas.


Em virtude de seus sistemas burocráticos (deep state), contaminados pelos globalistas, eles só contam com o apoio de sua população. É o caso de Donald TrumpJair Bolsonaro, Viktor Orbán, Nigel Farage e qualquer soberanista que ouse defender o modelo de Estado moderno soberano.


6. Dependência na interdependência comercial e financeira: por mais que novos líderes soberanistas surjam – e isso é uma possibilidade positiva – a classe média mundial não vai deixar de consumir bens e serviços de vários países. Esse tem sido um pilar de expansão de conforto, inovação, emprego e melhoria de qualidade de vida em vários países. Portanto, fechar comercialmente um país seria um retrocesso.


Concomitantemente, o mercado financeiro também está globalizado e fechá-lo para investidores seria um desastre descomunal. Portanto, a nova proposta de Estado moderno liderado por aqueles que querem resgatá-lo tem que prever manter seus mercados abertos, mas evitar ao máximo as interferências políticas dessas forças econômicas globalizadas.


7. Trabalho, tecnologia e previdência: hoje a tecnologia está mudando completamente a natureza do trabalho. Tanto empresários percebem que podem obter cada vez mais produtividade com mais tecnologia e menos trabalhadores, como há trabalhadores percebendo que podem vender seus produtos e serviços diretamente para o consumidor sem precisar dos empresários como intermediadores de seu trabalho.


Esse fator torna as leis trabalhistas obsoletas – senão um estorvo – que empresários e trabalhadores rejeitam. Em decorrência, os sistemas previdenciários estatais estão falidos, sem nenhuma capacidade de segurar a fuga de contribuintes e de defensores do Estado social.


Em suma, o Estado moderno tal qual inicialmente constituído – para defesa territorial e preservação da propriedade privada e soberania dos governos e da população em um território – já não se apresenta como tal. As evoluções do modelo iniciado por monarquias, seguido do modelo burguês, depois do modelo socialista, hoje se encontra em sua etapa final: Estado moderno tirânico. Entretanto, ao mesmo tempo que esta é uma triste realidade, é importante percebermos que estamos no vértice de mais uma mudança. Que tipo de Estado moderno será o novo normal no mundo?


A continuação do Estado moderno tirânico, na versão globalista ou multipolar? Ou será uma onda de Estado Moderno soberanista, com o resgate efetivo das instituições que representam as populações? Será um Estado moderno fracassado, em que o Estado se torna totalmente indiferente à sua população e perde controle do seu território? Ou uma mistura de todos esses modelos, como estamos vendo na data deste artigo?


O futuro é sempre diferente:Salvo o ímpeto dos soberanistas – que perceberam essas tendências e mudanças que levariam suas populações a um modelo de Estado tirânico, dominado por globalistas ou multipolares – as tendências do momento ainda apontam para o enfraquecimento do Estado moderno. Porém, olhando para a frente, observamos o crescimento de grandes líderes soberanistas, vistos como os últimos cavaleiros Jedi da verdadeira soberania, em muitos países do Ocidente. A aceitação desse tipo de liderança como força renovadora de resgate dos princípios formativos do Estado moderno só tem crescido, uma vez que as sociedades se veem dentro de uma ditadura velada.


Como afirmei anteriormente, quanto mais próximo da ditadura absoluta, maior é sua obviedade e maior a resistência contra ela. Nada pode ser controlado 100% e, durante o processo de maturação de uma ditadura absoluta, existe proporcionalmente a gênese de uma contrarrevolução. É o que observamos na história do mundo – como em uma espiral do tempo que se repete, mas nunca é igual.


Nada ficará encoberto:Por mais que os fantoches no governo queiram manter o status atual como se a tirania de Estado fosse uma mera teoria da conspiração, as forças estão muito aparentes e vivemos um movimento semelhante ao fim do período feudal, que deu início ao Estado moderno – todos sentem essa mudança no ar.


É a mesma sensação presente quando os movimentos liberais do século XVII criaram o Estado moderno burguês, como também no final do século XIX e início do século XX, quando foi criado o Estado moderno socialista, com socialistas, progressistas, modernistas e seus movimentos dadaístas e cubistas pautando o que seria o novo século XX – aliás, esse último, uma tragédia para a humanidade.


Brasil fora do protagonismo: Como afirmei em artigo recente, o Brasil é um país vassalo, que não fez o dever de casa, não faz parte da pequena parcela de países soberanos – como Estados Unidos, Israel e Índia. Portanto, o Brasil está na massa de países vassalos, querendo trocar seu suserano. Assistimos com muita vergonha o atual governo tentando se retirar da influência dos globalistas e mudar de time, encaminhando-se para a servidão dos multipolares. Sair da frigideira para cair no fogo.


Como mencionei no início do artigo, os globalistas, multipolares e soberanistas estão se armando – uns para manter e expandir controle, e outros para se defender do controle de outros.


A consciência desse momento histórico acompanha a resposta de como o Brasil pode sair dessa prisão. O caminho passa pela mobilização popular que está hoje nas ruas, dizendo “não” às propostas de tirania maquiada. E o coadjuvante dessa liderança, criando as condições para nosso resgate, pode ser os EUA, que veem com extrema preocupação o Brasil se tornando aliado de seus piores inimigos. Se o nosso destino é ser um país soberano, há motivos para termos esperança – falta saber aproveitar o momento.



Luiz Philippe Orleans e Bragança - (Foto: Alan Santos/PR) - Gazeta do Povo


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