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Trump é a última esperança do Bolsonarismo contra Moraes

Trump é a última esperança do Bolsonarismo contra Moraes

A decretação da prisão de Jair Bolsonaro por Alexandre de Moraes era fato tão previsível quanto a reação imediata que viria do governo Donald Trump. Nem bem a Polícia Federal havia abordado o ex-presidente comunicando-o da decisão de encarcera-lo em casa, e o Departamento de Estado dos Estados Unidos já havia postado um comunicando redobrando a ameaça aos integrantes do STF. “Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem e incentivarem a conduta sancionada”. Um recado claro, cristalino e abrangente não apenas a Moraes e seu círculo íntimo, mas também aos demais integrantes do Supremo.


Com fatos evidentes nos últimos dias, a aplicação da poderosa lei Magnitsky, contra Moraes, ainda não teve o efeito dissuasório que muitos imaginavam. Em manifestação no plenário da Corte, o magistrado disse que iria “ignorar os sansões”. Foi ao que fez ao converter as cautelares impostas a Bolsonaro em prisão domiciliar, para indignação dos aliados do ex-presidente e de seus apoiadores, que foram para as ruas em número considerável no dia anterior (03). Alguém realmente esperava algo diferente dele?


Quem conhece Moraes, bem como sua trajetória no mundo do direito e da política, sabe que ele não recua, não retrocede e nem se intimida. Donald Trump é um igual em seu modus operandi. Assim como o ministro brasileiro dispõe da caneta para despachar e julgar investigados e réus, o presidente americano dispõe do aparato diplomático e financeiro norte-americano para dobrar tanto os amigos quanto os inimigos.


O caso de Bolsonaro já é não mais assunto eminentemente interno do país. Virou geopolítico. Na medida em que observa da Casa Branca o que ocorre com o ex-presidente brasileiro, Trump recicla as acusações e processos que ele mesmo enfrentou nos Estados Unidos quando estava fora do poder. Está disposto a auxiliar seu aliado ideológico no Brasil, inclusive com vistas a 2026.


Desde antes da consumação da prisão, havia a especulação política de que Bolsonaro calculara e forçava cada movimento até que a prisão viesse. Ao se expor, atuando no limite de uma decisão jurídica excessivamente subjetiva (aquela que delimitou as cautelares com restrições ao uso de rede sociais próprias ou de terceiros), é impossível não presumir que o ex-presidente não contava com a possibilidade de uma decisão mais drástica de Moraes.


De certa forma, servindo de “isca”, instou Moraes a fazer o que este já vinha adiado, sob pena de desmoralização de suas próprias cautelares. Inadvertidamente, este foi posto num caminho sem saída. Isso porque o ato do magistrado que não recua tem o poder de incitar a reação do presidente americano que também não tem a característica de recuar. É em Trump, e não em sua base social ou mesmo no Congresso, que o bolsonarismo lastreia sua derradeira esperança de virar o jogo contra Moraes.



Guilherme Macalossi - (Foto: EFE/EPA/Shawn Thew e Fellipe Sampaio /STF) - Gazeta do Povo


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