“Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e
todo aquele que se humilhar será exaltado.” (Lc 14, 11)
Existe algo que une todos os psicopatas, tiranos e
comunistas deste mundo: eles sempre exigem a humilhação de suas vítimas. Mora
no cerne da alma revolucionária uma necessidade irresistível de regozijar-se
com a desgraça do oponente. A história contemporânea nos mostra que, em todas
as sociedades comandadas por criaturas em rebelião contra o Espírito, há
rituais de humilhação pública dos inimigos.
Como bem observou meu amigo Carlos Maltz, o problema
de quem diz “Eu desejo a morte de fulano” é que Deus, diligente como é, pode
acabar escutando apenas a primeira parte da frase: “Eu desejo a morte...” Cedo
ou tarde, ela virá, e não será um momento aprazível, pois não existem duas
coisas mais diferentes do que a morte dos mártires e a dos monstros.
Jair Bolsonaro foi condenado à morte por seus inimigos e está sendo
executado aos olhos do país e do mundo. Tentaram criar um vilão; estão criando
um mártir. A cada vez que Bolsonaro é submetido a uma nova humilhação, cresce
no povo a certeza de que estamos diante de um homem inocente, um bode
expiatório imolado pela inveja daqueles que nunca serão amados como ele.
Todos viram a cena do último domingo, quando Bolsonaro
pediu autorização para receber atendimento no Hospital DF Star, em Brasília.
Ao deixar o hospital, foi saudado por um grupo de apoiadores,
que cantaram o Hino Nacional. Por seis minutos — 360 segundos — o ex-presidente
permaneceu de pé, em silêncio.
Ao fim, alguns apoiadores gritaram: “Volta, Bolsonaro”
e “Anistia já”. Bolsonaro, sem dizer uma palavra, entrou no carro da Polícia
Penal e voltou para sua prisão domiciliar, cercado por mais de 20 homens
armados com fuzis, como se fosse um criminoso de alta periculosidade.
Mais do que depressa, o Imperador Calvo exigiu
explicações da Polícia Penal sobre aqueles seis minutos de silêncio. Como assim
os agentes do regime não empurraram Bolsonaro, um homem doente de 70 anos,
viatura adentro e permitiram que ele ficasse em pé diante de pessoas que o
saudavam cantando o hino do país?
Ditadores sempre exigem obediência completa de seus
subordinados. Todo tirano sabe que seu poder depende da execução de suas
ordens, por mais abomináveis ou desumanas que pareçam.
A partir do instante em que um subordinado deixa de
cumprir uma ordem insana, todo o edifício da tirania está comprometido desde a
base e, cedo ou tarde, irá desmoronar. Por isso, o silêncio de Bolsonaro é tão
subversivo: ele significa que alguém ousou contrariar os desejos do Calvo.
Bolsonaro está preso e foi condenado à pena capital.
Não pode falar, não pode se locomover, não pode sequer ficar em silêncio. Como
um personagem de Beckett, o ex-presidente não pode sequer existir. Tudo o que
seus algozes permitem é que ele morra em agonia.
Mas, se isso acontecer, sabemos quais mãos estarão
manchadas pelo sangue da vítima sacrificial.