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Moraes tem interesse direto na causa? Sem problemas: ele decide mesmo assim

Moraes tem interesse direto na causa? Sem problemas: ele decide mesmo assim 

Lula, mesmo indo se encontrar com o papa, não foi notícia na segunda-feira. A grande estrela do dia foi Donald Trump, que esteve em Israel e, depois, no Egito, correndo pela paz em Gaza – paz que não ocorrerá se não acabarem com o Hamas. E nesta terça-feira ele já estará com Javier Milei, que foi convidado à Casa Branca para um almoço de trabalho. 


Um fenômeno do direito: o ministro que decide em causas nas quais tem interesse direto 


Enquanto isso, Jair Bolsonaro permanece preso.   Alexandre de Moraes alegou perigo de fuga, preservação da ordem pública, e ainda disse que ele descumpriu medidas cautelares. Mas esperem: ele está em prisão domiciliar por causa de um inquérito em que ele estava citado, mas não está mais: aquele que apurava também uma suposição – porque essa história de fuga é suposição – de que Bolsonaro ajudava o filho Eduardo a convencer a Casa Branca a punir Moraes. O mesmo Moraes que é o juiz do caso, e manda prender por causa disso. Assim como quem pede a extradição de Eduardo Tagliaferro é a pessoa que ele está denunciando – mais uma vez, Moraes. Mas ter um juiz diretamente interessado na causa tomando decisões é algo que não existe no Direito. E vamos nos acostumando com o silêncio da mídia, fingindo que isso é natural.


Decreto de Lula abre as portas do seu gabinete para JanjaO que também andou silenciado, porque é um documento de agosto, é um decreto de Lula beneficiando Janja. Ela tinha lá um gabinete informal com uma folha de pagamento de R$ 160 mil, de uns 12 funcionários. Agora não: Lula determinou que o gabinete do presidente da República, que tem quase 200 funcionários, dê assistência a Janja em todas as questões culturais, sociais e de cerimonial. Depois que isso apareceu, a oposição se levantou. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, disse que vai se mobilizar para derrubar o decreto por meio de um decreto legislativo que anule a medida do Executivo. Afinal, Janja não tem cargo público, não foi eleita e, segundo Sóstenes, gasta muito dinheiro do público que paga impostos. 


Essa história de marido beneficiando a mulher (e vice-versa) é bem comum. Vemos mulheres advogadas que são esposas de ministros do Supremo, de juízes em outros tribunais; o caso vai para lá, para o Supremo, por exemplo, e isso valoriza muito mais o gabinete da ilustre advogada. Meu avô me ensinava que é uma questão de ética: se houver algum interesse pessoal envolvido, o juiz tem de se declarar impedido, dizer que não pode pegar o caso porque viu a assinatura da mulher ali. 


STF vai decidir se estados podem regulamentar caça do javaliUma notícia que interessa aos agricultores de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, da região da Mantiqueira: o STF vai julgar se os estados podem regulamentar a caça dos javalis. Alguém teve a ideia de trazer javali europeu para produzir carne, mas eles escaparam e hoje fazem um estrago enorme nas lavouras. Vem uma manada – ou vara, porque eles parecem porcos –, destrói completamente a plantação; é como se passassem um rolo compressor sobre uma lavoura de milho. Eles matam pessoas, matam cachorros. 


A caça estava contendo a praga – a Associação Brasileira de Caçadores tem um registro de 465 mil javalis abatidos em 2022. Mas aí veio Lula, e com ele vieram o desarmamento e decretos restritivos. Javali não se mata com espingarda; é preciso usar fuzil e de bom calibre, de boa força, com muita energia no tiro. Isso foi restrito, e agora o javali está se multiplicando de novo, e muito. Aconteceu a mesma coisa quando alguém teve a ideia de trazer castores do Canadá e colocarem no sul da Patagônia argentina. Os castores derrubaram todas as matas de lá para fazer diques. Não dá certo. 


O caso está no Supremo, com o ministro Kassio Nunes Marques como relator. Estão desconfiados que o Supremo vai deixar a caça apenas na área federal. Governadores e agricultores argumentam que o artigo 24 da Constituição, alínea VI, afirma haver legislação concorrente com os estados sobre florestas, caça, pesca, fauna etc. Então, o estado pode, sim, legislar sobre isso, e o Congresso está discutindo o assunto por temor de que o Supremo entregue tudo para o Ibama. Mas o Ibama é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, e o javali não é do ambiente brasileiro. 



Alexandre Garcia - (Foto: Luiz Silveira/STF) - Gazeta do Povo 


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