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Um grito muito além do Planalto Central: Moraaaes!

Um grito muito além do Planalto Central: Moraaaes! 

Um grito agonizante. Uma intensa súplica. Um choro desesperado. Foi assim que um pequeno bebê de 23 semanas e 5 dias, com apenas 520 gramas, bradou por sua vida no último dia 25 de outubro.

 

Uma inacreditável história de descaso e negligência assolou uma jovem família do interior do Amazonas que foi buscar atendimento médico na cidade de Rio Branco, capital do estado do Acre. 


No dia 23 de outubro, sentindo fortes contrações, uma gestante e seu marido se dirigiram à maternidade Bárbara Heliodora naquela cidade. Chegando lá, diante das queixas da jovem e do pouco tempo de gestação, ofereceram-lhe que fosse realizado o abortamento da criança ou que eles aguardassem o nascimento do bebê, o qual, segundo o atendimento, nasceria morto. 


Firmes e perseverantes em suas convicções, o casal optou por esperar o nascimento de seu pequeno bebê e, no dia seguinte, segundo relato do pai, assim que a criança nasceu, ainda envolta na bolsa amniótica, uma enfermeira já recolheu o bebê, que dissera estar morto. Colocou-o em um saco e o levou ao necrotério. 


O casal, desolado, foi encaminhado à funerária e, na manhã seguinte, dia 25, foram realizar o enterro de seu filhinho. Pouco antes de ser sepultado, uma parente pediu para abrir o caixão e, para surpresa de todos, constataram que o bebê não estava morto. 


"Com um intenso e vigoroso choro, este pequenino e vulnerável bebê, de apenas 23 semanas, usou toda sua energia para bradar e anunciar a todos que estava vivo" 


Com um intenso e vigoroso choro, este pequenino e vulnerável bebê, de apenas 23 semanas, usou toda sua energia para bradar e anunciar a todos que estava vivo. 

Nas imagens que rodaram o país, pode-se ver que imediatamente sua mãe pega seu filhinho e o coloca junto ao seio, acolhendo-o com amor para tentar confortá-lo e aquecê-lo. 


Com a esperança renovada, levaram-no de volta à maternidade onde ele foi transferido para a UTI do Hospital da Criança para receber o suporte clínico necessário ao pequeno e forte bebê, que recebeu o vigoroso nome de José Pedro.

 

No entanto, infelizmente, o pequeno bebê não suportou e veio a falecer, mesmo depois de ter sobrevivido a mais de 13 horas sem alimento, hidratação e nenhum aquecimento, indevidamente abandonado no necrotério da maternidade. 


Em 27 de outubro, José Pedro recebeu a devida homenagem à sua breve existência, através de seus cortejos fúnebres, reservados somente à família. Enlutados, seus pais puderam se despedir do pequenino José Pedro, um pedaço de seus corações que lhes fora arrancado duas vezes, em uma dor que ninguém nunca poderá quantificar. 


Diante de uma história tão triste, temos, para nós, que este bebê decidiu que não poderia morrer sem receber o último aconchego de sua mãe. Aquele amoroso afago recebido após seu enérgico choro era tudo o que ele precisava para poder partir em paz. Agora, vive ao lado de tantos que tiveram suas vidas ceifadas pela indiferença e o descaso que reinam em nosso mundo. De lá, José Pedro segue intercedendo por seus pais, confortando-os da dor da saudade que não tem nome.

 

Uma pequena vida com uma breve existência que preencheu de amor os corações de seus pais e que, com um grito emitido bem além do horizonte de Brasília, será escutado por Alexandre de Moraes, revelando-lhe a vivacidade e a força dos bebezinhos de vinte e poucas semanas, mesma idade gestacional dos que vêm sendo quimicamente incinerados pela Assistolia Fetal liberada por sua liminar na ADPF 1141. 



Danilo de Almeida Martins (Foto: Imagem criada por ChatGPT ) - Gazeta do Povo) 


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