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Entre o soluço de Bolsonaro, o STF e os tropeços do português

Entre o soluço de Bolsonaro, o STF e os tropeços do português 

Bolsonaro está se recuperando. Imagino que não foi uma noite fácil com soluços, mas há uma bateria de prescrições clínicas para ver se acertam um tratamento para o soluço sem precisar de algo mais grave. Eu vi uma declaração falando até em não buscar outras alternativas. 


E hoje é dia de se falar da língua portuguesa, porque “alternativa”, alter, já é outro, né? “Outra alternativa” é pleonasmo. O correto é “outras opções” ou “alternativas”, mas vá lá. 


O que a gente exige do médico não é obedecer à língua portuguesa, mas seguir a medicina, que ele seja bom. E, no caso de Bolsonaro, que tenha dado tudo certo: foi preciso colocar uma tela na hérnia inguinal direita, porque estava saindo por baixo, acima da aponeurose. Aproveitou e também corrigiu a hérnia do lado esquerdo, que ainda estava incipiente.

 

Mas a recuperação é prejudicada pela musculatura torácica e abdominal. É bom não mexer no que comanda isso, porque é o mesmo comando das batidas do coração e do pulmão. São movimentos involuntários. Vamos ver se eles acham isso.

 

O Supremo e o papel que não é deleDei uma olhada em todas as decisões do Supremo neste ano. E, sem entrar em saída do Barroso, Magnitsky e em Moraes, eu fiz uma listinha da quantidade de vezes em que o Supremo ou foi contra a Constituição ou cumpriu o papel de legislador, que não é dele. 


O Poder Legislativo é outro: é o Congresso Nacional. Em fevereiro, ele considerou inconstitucionais leis municipais que proibiam a tal linguagem neutra, que nem sei o que é isso. Com isso, desafina do artigo 13.

 

O artigo 13 da Constituição diz que a língua no Brasil é a língua portuguesa, e a língua portuguesa não tem linguagem neutra, não tem gênero neutro. O inglês tem, mas o português não tem. 


Então, se uma lei municipal proíbe que se infrinja o artigo 13 da Constituição, o Supremo só deveria estar aliado a essa lei municipal e não ficar preso à burocracia de “não, legislação sobre língua é federal”. Deixem as pessoas obedecerem à Constituição. 


As Câmaras Municipais que fizeram essas leis seguiram o artigo 13 da Constituição: a língua no Brasil é a língua portuguesa, e a língua portuguesa não tem linguagem neutra. O Supremo foi contra a Constituição. Depois, acesso a dados do celular. Se a polícia pega um celular de alguém, de um bandido, ou encontra um celular no chão, ou pega o celular daquele funcionário de confiança de Moraes que está na Itália agora, que vai lá e abre o celular e descobre um monte de coisa, não foi ele que mostrou. 


Mas o Supremo legislou a respeito, não deixou que o Congresso fizesse lei sobre isso. Ele é que legislou. Depois, responsabilidade das plataformas digitais: legislou também. No julgamento do 8 de janeiro, não era o juiz natural. O tribunal para isso era a primeira instância. O Supremo só depois de passar pela segunda, terceira, e se houvesse alguma questão constitucional. 


Mas, por fim, de novo não seguiu a Constituição no artigo 231, que diz que são dos índios as terras que eles ocupam no dia 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição. E o Supremo não consegue entender isso. 


Erros de português: Falei de língua portuguesa agora, eu quero falar de novo. Houve uma fuga de 14 detentos de um presídio regional do estado do Amazonas. O G1, que é a maior agência nacional de notícias, disse que foi uma “fuga em massa”.

 

Eu não entendo que uma fuga de 14 pessoas seja uma fuga em massa. Uma fuga em massa é uma fuga em massa, não é? Se tivesse 100 detentos e fugissem 80, é uma fuga em massa. Agora, fugir 14 não é. 


Mas tem coisa pior aí. Diz assim: que depois daquele banho de sol no pátio, conseguiram “cerrar” uma grade — e escreveram “cerrar” com “C”. Ora, se uma grade está “cerrada” com “C”, ninguém consegue fugir. 



Alexandre Garcia - (Foto: EFE/Andre Borges) - Gazeta do Povo 


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