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O BANCO CENTRAL DE DILMA E A AMEAÇA DE RECESSÃO

Vicente Nunes
Correio Braziliense
A presidente Dilma Rousseff não escondeu ontem de seus auxiliares a satisfação com o que ela chama de sintonia entre o Banco Central e o governo. Para ela, aqueles que viam como uma afronta ao Palácio do Planalto o anúncio da instituição de que a taxa básica de juros (Selic), que está em 11% ao ano, não cairá tão cedo, mesmo com a economia à beira da recessão, agora, serão obrigados a reconhecer que a autoridade monetária está, sim, preocupada com o ritmo da atividade. E que tem instrumentos de sobra para agir. Tanto que, ao desmontar medidas macroprudenciais, permitirá a injeção de R$ 45 bilhões no sistema financeiro e a retomada do crédito e do consumo.
O alívio nos depósitos compulsórios e nas regras operacionais dos bancos vem sendo discutido pelo governo há pelo menos um mês. E foi contemplado na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que tanta comoção causou entre os analistas, ao frisar, explicitamente, que a Selic ficará onde está. Dentro do BC, o consenso é de que, ao deixar os juros fora dos estímulos à atividade, o órgão manteve a credibilidade da instituição e se desvinculou das eleições. Temia-se que, ao ser informada da queda do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre — o resultado sairá em 29 de agosto —, Dilma pressionasse o banco a cortar a Selic no início de setembro.
No entender de técnicos do BC, as medidas macroprudenciais adotadas em dezembro de 2010, agora desmontadas, desempenharam papel importante para mitigar potenciais riscos à estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Eles reconhecem que, naquela época, as instituições financeiras estavam expandindo de forma muito rápida a concessão de crédito, alargando excessivamente os prazos para pagamento. Essa tendência era observada, principalmente, no financiamento de automóveis.
“O quadro atual, porém, é bem diferente do observado em 2010, e a dinâmica do mercado de crédito não suscita a formação de potenciais riscos à economia”, ressalta um dos técnicos.
RETRAÇÃO
Há retração de algumas linhas importantes de financiamento. No caso de veículos, os desembolsos nos primeiros cinco meses deste ano recuaram 7%. Escaldados, depois de uma onda de calote, os bancos botaram o pé no freio e ficaram superseletivos na hora de financiar a clientela, o que contribuiu para o baque na produção de carros e, por consequência, na indústria em geral. “Nas linhas em que ainda há expansão, o resultado é inferior ao PIB nominal”, complementa.
Os técnicos do BC destacam ainda que o perfil de demanda das famílias por crédito mudou. Reduziu-se o empréstimo para consumo em favor do financiamento habitacional. “A compra da casa própria significa abrir mão, mesmo que minimamente, do consumo de bens e serviços não essenciais para constituir um patrimônio”, acrescenta um integrante da equipe econômica.
O Planalto reconhece que o movimento do Banco Central é bem-vindo. Mas não tem a ilusão de que os R$ 45 bilhões liberados para incrementar o crédito terão efeito imediato na economia. A esperança é de que, ao menos, impeça que o terceiro trimestre do ano também registre PIB negativo. Caso haja retração, o Brasil entrará tecnicamente em recessão. Na avaliação dos especialistas, é preciso cautela. Por enquanto, dizem, nada indica que o crescimento da economia no ano será superior a 1%. O resultado pífio de 2014 já foi sentenciado por todas as escolhas erradas do governo Dilma.

Extraído do Portal Tribuna Da Internet 

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