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NÃO USAR A RIQUEZA DO PRÉ-SAL SERIA UMA ESTUPIDEZ, USÁ-LA PARA ILUDIR A NAÇÃO É UMA INDECÊNCIA

Cristovam Buarque
As estimativas para as reservas do pré-sal podem não ser exatas, mas não são mitos, são resultados de pesquisas geológicas. A exploração na sua profundidade não é um mito, a engenharia dispõe de ferramentas. Mito, contudo, é a afirmação de que o pré-sal mudará a realidade brasileira.
Se tudo der certo, em 2036, a receita líquida prevista do setor petrolífero corresponderá a R$ 100 bilhões, aproximadamente R$ 448 por brasileiro, quando a renda per capita será de R$ 27,8 mil, estimando crescimento de 2% ao ano para o PIB.
Apesar da dimensão de sua riqueza, o pré-sal não terá o impacto que o governo tenta passar. Explorá-lo é correto, concentrar sua receita na educação é ainda mais correto, mas é indecente usar o pré-sal como uma ilusão para enganar a nação e como mecanismo para justificar o adiamento dos investimentos em educação. O Brasil não cabe dentro de um poço de petróleo, nem deve esperar por ele.
MITO DA EDUCAÇÃO
Mito também é a afirmação de que a educação brasileira será universalizada e dará um salto de qualidade graças ao pré-sal. Em 2030, uma educação de qualidade universal custará cerca de R$ 511 bilhões para um custo aluno/ano de R$ 9.500. Se tudo der certo, a totalidade dos recursos do setor petrolífero destinados à educação corresponderá a R$ 37 bilhões, apenas 7,2% do necessário.
Também é um mito dizer que o atual governo teve a iniciativa da proposta de investir 75% dos royalties do petróleo em educação. A partir do momento da descoberta do pré-sal, 44 projetos de lei foram apresentados na Câmara e no Senado.
Mas foi com a aprovação do substitutivo PLC 41/2013 ao PL 323/2007, do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), em 14.8.2013, após parecer favorável do deputado André Figueiredo (PDT-CE), que se determinou o destino de 100% dos royalties para a educação e a saúde. As atas mostram que os líderes da base de apoio ao governo tentaram impedir a aprovação, mas foram derrotados no voto.
ROYALTIES
Além de não serem destinados à educação os R$ 15 bilhões dos bônus de assinatura do leilão do campo de Libra, os recursos dos royalties não estão sendo aplicados. Até 28 de agosto último, um ano depois da sanção da lei, apenas R$ 912 milhões foram efetivamente transferidos para o Ministério da Educação, ou seja, somente 13,5% do valor de R$ 4,2 bilhões previstos pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2014.
Enquanto o mundo vive uma revolução no conhecimento, estamos ficando para trás, eufóricos com a promessa de mudar nossa triste realidade educacional no futuro distante, com base em um recurso ainda na profundidade de 7.000 metros que não será suficiente. E o pouco prometido não está sendo cumprido.

*Cristovam Buarque é Senador PDT-DF 

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