Mergulhado numa dupla crise político-econômica, o Brasil
continua ocupando as manchetes dos principais jornais do mundo. Em comum, os
noticiários traçam um cenário bastante pessimista, não só da situação atual,
mas sobretudo das perspectivas futuras para o país, que está submerso na maior
crise institucional de todos os tempos.
Para o
jornal britânico The Guardian, os primeiros abalos no governo Dilma Rousseff
tiveram início dentro da maior estatal do país, a Petrobras (CarWash), forçando
a demissão de parte de sua diretoria como uma tentativa paliativa de estancar o
alastramento das más notícias e tentar pôr uma pedra sobre a crise. No entanto,
o cenário de uma “economia moribunda” que já se instalava e o aumento das
suspeitas de que o partido da presidente e as outras legendas que formam sua
base de apoio usaram dinheiro desviado da estatal para se financiar. Com isso,
reacenderam-se os debates sobre a legitimidade de seu mandato.
Em meio a
esse imbróglio de dimensões consideráveis, o valor das ações da Petrobras
despencou e a estatal teve uma redução brutal em seu preço de mercado. O jornal
cita ainda que a teimosia de Dilma em agir rapidamente para sanear a estatal
levou a Petrobras ao estado atual. Nesse sentido, pesou mais a decisão de
empurrar o caso da petroleira para a frente e, com isso, preservar o cenário
eleitoral, favorável à continuidade da presidente.
Outro
ponto apontado pelo jornal como catalisador da crise interna na estatal foi o
excessivo intervencionismo do governo nas diretrizes da empresa. Sobre esse
assunto, o The Guardian, um dos periódicos mais lidos no mundo, ressalta que
persiste a mesma teimosia do atual governo quanto ao destino da Petrobras, ou
seja, por baixo da aparente autonomia gerencial da empresa, o governo continua
intervindo desastrosamente no futuro da estatal. O quadro tende a se agravar ainda
mais com a queda nos preços do petróleo nos mercados internacionais e com a
amarração da estatal aos atuais contratos de exploração do pré-sal.
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A frase que foi
pronunciada:“Abundans cautela non nocet.”
(Senador
Roberto Requião, quando lhe pediram uma frase em latim. Tradução: cautela em
excesso não faz mal a ninguém.)
Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha
– Correio Braziliense