Vista geral da Plataforma da
Rodoviária - Paredes sujas e pichadas
Um importante marco
Um cruzamento gigante, que divide a capital da
República nos quatro pontos cardeais, que surgiu, nos idos de 1956, do traçado
de Lucio Costa, em forma de cruz.
Marco zero da nova capital. Ponto de cruzamento
entre os eixos Norte e Sul — Eixo Rodoviário e Leste/Oeste — Eixo Monumental.
Tornou-se de propósito, em centro urbano da capital do país, que o urbanista
sonhou se tornar numa plataforma gigante, uma área dedicada aos pedestres. “A
Plataforma da Rodoviária foi pensada para ser o centro urbano da capital. O
Relatório do Plano Piloto propõe sobre a Plataforma um mirante, área aberta de
predomínio do pedestre, que relaciona os diversos equipamentos de lazer e comércio
ali previstos originalmente”, disse ele.
Uma obra de extrema complexidade, que não foi
assinada por Oscar Niemeyer e sim pelo próprio Lucio Costa, que até pensava em
deixar a construção para o próximo governo, ao que Juscelino, categórico,
respondeu: “Não senhor. Seu projeto depende dessa plataforma, quero deixar tudo
pronto e iluminado”. E assim foi feito.
Em 12 de setembro de 1960, dia em que Juscelino
completou 58 anos, a monumental Plataforma da Rodoviária e o terminal foram
inaugurados. Bem como ele sonhara e exigira.
Hoje, 56 anos depois da construção da “portentosa
obra” vemos, com tristeza, nada daquilo que os idealizadores e construtores
imaginavam, como “a necessária superioridade hierárquica dos pedestres sobre os
automóveis neste setor”, e tantos outros planos e projetos longe de preencherem
o ideal da época.
Entre muitas manifestações populares e culturais,
que dividem o grande espaço com a população vemos, também, o lado negativo, que
deixa o lugar mais movimentado de Brasília com um aspecto de abandono, onde
todo o material distribuído pelas manifestações religiosas, políticas ou de
qualquer natureza, se espalham por todo lado, jogadas no chão sem o menor
cuidado, desconhecendo totalmente os coletores de lixo, se é que eles existem
na quantidade que o fluxo e a demanda exigem.
Vítima de pichações, nem mesmo a tinta antipichação
usada há tempos parece ter resolvido o problema. Continuam lá, como que a fazer
parte da decoração do lugar.
O lixo descartado no chão não só coloca em risco as
pessoas idosas, que podem escorregar, como afeta o funcionamento das escadas
rolantes, que acabam travadas por papéis e outros materiais, que interferem em
seu funcionamento.
Coração de Brasília, aparelho circulatório desta
cidade miscigenada e linda, vizinha de uma rede hoteleira de grande porte,
tanto do lado Sul quanto do lado Norte, a nossa Estação Rodoviária deveria ser
cercada de cuidados e manutenção, fruto de campanhas educacionais permanentes
junto aos usuários. Acreditamos que deve haver uma forma de conseguir tal
façanha, já que temos o exemplo das estações do metrô, sempre tão limpas e bem
cuidadas. Portanto, se é possível manter a ordem e a limpeza naquelas estações,
não vemos diferença entre uma e outra. Ambas lá estão para servir aos usuários
da melhor forma. Ambas têm a mesma finalidade. Ambas recebem praticamente as
mesmas pessoas ou o mesmo número delas.
Será que é absolutamente impossível educar a
população, induzi-la a cuidar do chão que pisa, do banheiro que usa, da escada
rolante que a leva para cima e para baixo com conforto, do visual de um lugar
onde passa boa parte do tempo, indo ou vindo, das paredes que a protegem do
vento e do frio?
Por isso hoje, neste espaço, quero aumentar um
pouco mais a nossa coleção de utopias e sonhar com uma rodoviária impecável,
bem nos moldes e no ritmo do sonho daqueles que a implantaram ali, chamando-a
de “portentosa”, bem no centro daquela cruz que desenhou a nossa Brasília.
Por: Jane Godoy – Coluna 360 Graus
– Fotos: Phausto75/Instagram – Blog-Google – Correio Braziliense