Estudantes que ora ocupam escolas
e universidades públicas dizem protestar contra a medida provisória (MP) do
ensino médio e a proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos
públicos à inflação do ano anterior. Até o papa elogiou a atitude. Fosse, de
fato, pura rebeldia da juventude, a iniciativa seria de fato louvável. Afinal,
apesar de a reforma do ensino entrar em discussão no país com 20 anos de atraso,
pode ser considerado um absurdo, sim, tratar das mudanças por meio de uma MP.
No caso da PEC do teto de gastos, mesmo sem ninguém ter apresentado outra
proposta, vale o debate sobre verbas para a educação e a saúde.
No entanto, o que fica mais evidente nas ocupações de escolas Brasil
afora é de que não se trata de mobilização contra a MP ou a PEC. E, sim, de
ação política de cunho autoritário. Usa-se o movimento estudantil, aparelhado
por partidos ditos de esquerda, para fazer oposição ao atual governo. E o alvo
principal, neste primeiro momento, está muito claro: é tentar melar o Enem.
Mesmo que os principais prejudicados sejam quase 250 mil colegas, que, além de
terem ficado sem aula na reta final do exame, não poderão fazer as provas neste
fim de semana. Se pensassem com a própria cabeça, esses estudantes — num gesto
de solidariedade que, com certeza, seria aplaudido — teriam dado uma pausa na
ocupação para que ninguém perdesse o teste.
Professores ligados a partidos que, ainda hoje, em pleno século 21,
defendem regimes totalitários, formam estudantes “cabeças” desconectados da
realidade. Veja o caso de Cuba, onde não se admite oposição, e homossexuais,
por exemplo, são tratados como párias. Nunca vi esses “intelectuais” condenarem
a ditadura na Ilha nem saírem em defesa dos gays. Em vez de uma sociedade
realmente mais livre, mais justa, mais fraterna e mais desenvolvida, esses
“revolucionários” cultivam o atraso, como o pobrismo, com bolsas e cotas para
manterem os pobres eternamente dependentes e gratos. Temem a verdadeira
revolução, que só pode ser feita com educação pública de boa qualidade, para
que qualquer cidadão possa ascender socialmente por mérito próprio. Mas
educação de boa qualidade liberta. Corre-se o risco de o sujeito pensar fora da
“cartilha progressista” e aí... adeus, voto.
Por isso, os “revolucionários” preferem alianças com a elite econômica
para saquearem os cofres públicos, como no petrolão, e se perpetuarem no poder.
Apostam na mão de ferro do Estado sobre o cidadão e o livre comércio. E vivem
flertando com o bolivarianismo e outros ismos, igualmente caquéticos, que, para
esquerdistas do miolo mole, seriam o paraíso na Terra. Pelo menos, da boca pra
fora.
Por Plácido Fernandes Vieira – Correio Braziliense – Foto/Ilustração: Blog - Google