Em busca de candidatos, partidos distribuem fichas de filiação. Quatro magistrados foram assediados, mas até agora nenhum aceitou. Os tribunais têm sido um campo fértil da busca dos partidos por nomes para a disputa das eleições do próximo ano. Faltando sete meses para o prazo final de registro de candidatos, em 3 de outubro, quatro nomes da magistratura surgem como os mais assediados para trocar a toga pela caça aos votos.
As legendas se asseguram menos no notável saber jurídico e mais na reputação ilibada, pré-requisitos para o
ingresso no cargo jurídico. Prestigiado com o desempenho como relator do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa encabeça a lista e é apontado como candidato à presidência da República.
A personalidade, aliás, parece ser um atrativo. O estilo linha-dura da ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon despertou especial interesse no PSB. Com desejo similar, o PPS ofereceu uma vaga à magistrada para a disputa do governo da Bahia. Aos 68 anos, Eliana Calmon se mostra seduzida, mas afirma que a prioridade é desfrutar dos últimos anos da magistratura. “Política só a partir de 2015, porque estou me aposentando em novembro de 2014”, despista.
Recém-aposentado, o ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto desejava dedicar-se à paixão pela poesia.
Repousa sobre a mesa do ex-ministro, porém, um convite. Único a ter experiência nas urnas - foi candidato
a deputado estadual em Sergipe na década de 1980 pelo PT -, Ayres Britto é o nome dos sonhos do PSB para disputar uma vaga no Senado pelo Distrito Federal. Recluso, o ex-ministro pretende entregar a decisão ao tempo.
O ministro Gilmar Mendes foi convidado a se filiar ao DEM. É considerado o candidato ideal para a disputa do governo de Mato Grosso. O ministro, porém, nega ter sido procurado e guarda em segredo a possibilidade de dizer sim. O poder e a política seduzem os magistrados a renunciar à carreira de magistrado e testar a popularidade no voto. Por enquanto, contudo, são apenas convites.
‘Campanha’ virtual do ministro Joaquim Barbosa já está nas ruas.
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Da infância pobre ao cargo máximo do Judiciário brasileiro. Quem imaginava que Joaquim Barbosa teria chegado ao ápice com a presidência do STF, pode se enganar. Pelo menos para centenas de brasileiros que lançaram oficialmente na internet a campanha ‘Joaquim Barbosa presidente do Brasil 2014’. O movimento conta com adesivos, fotos e notícias. Há ainda um espaço para mandar mensagens. “De fato, nossa única esperança de melhora na política do país é mesmo Joaquim Barbosa. Ministro, mais uma vez, atenda aos anseios da sociedade e aceite a proposta”, escreveu Tânia Caldas, do Rio de Janeiro. É bom lembrar que Joaquim Barbosa em nada contribui para a ‘campanha’ - a mobilização é toda feita por militantes anônimos, que criaram também uma página no Facebook, hoje com 24 mil seguidores. O ministro já é um nome lembrado em pesquisas. No fim do ano passado, Joaquim Barbosa ficou em terceiro lugar na preferência dos eleitores, só atrás da presidente Dilma Rousseff e do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Joaquim Barbosa jamais foi filiado a partido político e, ao que parece, não se mostra disposto a pendurar a toga, mas deixa transparecer que a situação o envaidece.



