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Brasília:"Torre Digital: Ela encanta, mas só de longe..."

Brasília demonstra ter potencial para ser uma cidade turística, não só pelo fato de ser a capital do País, mas também pelas belezas arquitetônicas. Embora existam grandes investimentos para a construção de monumentos, alguns deles ficam subutilizados, como é o caso da Torre Digital, em Sobradinho. Inaugurada em abril de 2012, com cunho turístico e tecnológico, a torre ainda não corresponde às expectativas em ambos os aspectos. 

 O espaço só abre para visitação aos fins de semana e feriados. Durante a semana, não é permitido sequer estacionar em frente ao monumento e muito menos chegar perto. Aos sábados e domingos, somente uma das cúpulas está aberta para visitação, mas ainda não recebe exposições – como previa o projeto – e a outra, que deveria ser um café-bar, continua inutilizada. E a instalação das antenas não foi concluída. Ou seja, muitas áreas do DF ainda não têm acesso à TV digital. 

A designer Silvia Fontenele foi levar a sobrinha Katia da Silva, de Goianésia (GO), para conhecer os pontos turísticos da cidade em uma quinta-feira. Aproveitando o passeio, decidiu  conhecer a Torre Digital, mas   ficou desolada quando encontrou o lugar fechado. “Não sabíamos que não abria durante a semana. Não deveria ser assim, principalmente nessa época de férias. Fiquei sabendo que ainda temos que pegar uma senha e enfrentar uma fila imensa no fim de semana”, reclama Katia.

Silvia estudou o projeto da Flor do Cerrado, última obra   de Oscar Niemeyer no DF, e se decepcionou com a demora da finalização do monumento. “Cadê o restaurante? Cadê as exposições? Tudo sempre atrasa. Duvido que seja falta de empresários interessados. Essa vista é   privilegiada, imagina ser dono de um restaurante aqui?!”, observa.

Turistas vão embora sem conhecer o local
Duas famílias se encontraram no estacionamento da Torre Digital e conversavam a respeito do fechamento do monumento, demonstrando indignação. São turistas de São Paulo, Bahia e Sergipe, que terão de ir embora sem conhecer a vista daquele ponto da cidade. 

A pedagoga Benedita Melo veio de São Paulo e só teve decepções nos pontos turísticos que tentou conhecer. “Ontem fomos ao Museu do Índio e estava fechado para limpeza. Lá, pelo menos tinha alguém para conversar com a gente e explicar o que aconteceu. Aqui na Torre Digital não pudemos nem chegar perto. O vigilante só veio falar que não podíamos pisar ali e pronto”, revela a turista.  

A outra família, da Bahia e de Sergipe,   já decidiu: não vai retornar ao movimento para encarar a fila. “Eu ajudei a construir essa cidade, fui assistente social por 30 anos e hoje não posso nem aproveitar o que ela tem a oferecer? É humilhante”, reclama Maria José Castelo Branco, que voltou à cidade a passeio com a família após anos. 

Estacionamento

Com a abertura da décima edição do evento Brasília Motocapital, na última quarta-feira, milhares de turistas estão na cidade e ficam até hoje. O empresário Paulo Gabas, 44 anos, chegou de moto acompanhado de vários amigos do interior de São Paulo, para conhecer a Torre Digital. Eles foram impedidos de estacionar em frente ao monumento. Havia cones na guarita. 

“Isso é um absurdo. Somos de fora e viemos aqui só para conhecer esse lugar. Essa torre não tem só o objetivo tecnológico, é um lugar turístico também, não pode ficar fechada para visitação. Pelo jeito vamos ter que voltar aqui no final de semana de novo. Mas não estamos contentes com essa situação”, conclui Paulo. 

Lazer restrito

Para o professor de turismo da UnB  Luiz Carlos Spieler, após a criação da infraestrutura em si, deve haver uma gestão ativa dos responsáveis daquele bem como um patrimônio cultural. Segundo ele, nessa situação, parece que o monumento ainda está no estágio inicial, sem a preocupação de informar ou atender o público. 

“A grande questão é que quando você cria um atrativo cultural como aquele, você tem que proporcionar condições para  funcionar nos horários não só que os turistas possam visitar, mas também os demais cidadãos”, aponta. 

Para ele,  seria interessante abrir a Torre  durante a semana, à tarde e à noite, para que os moradores possam aproveitar o lugar como uma área de lazer. “Tivemos momentos de movimentação tão intensa naquele espaço que o pessoal teve até  dificuldade de usufruir dos bens e serviços. Essa situação é fruto de uma gestão que deve melhorar”.

(Julia Carneiro e Soraya Sobreira- Jornal de Brasília)

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