Turistas vão embora sem conhecer o local
Duas famílias se encontraram no estacionamento da Torre Digital e conversavam a respeito do fechamento do monumento, demonstrando indignação. São turistas de São Paulo, Bahia e Sergipe, que terão de ir embora sem conhecer a vista daquele ponto da cidade.
A pedagoga Benedita Melo veio de São Paulo e só teve decepções nos pontos turísticos que tentou conhecer. “Ontem fomos ao Museu do Índio e estava fechado para limpeza. Lá, pelo menos tinha alguém para conversar com a gente e explicar o que aconteceu. Aqui na Torre Digital não pudemos nem chegar perto. O vigilante só veio falar que não podíamos pisar ali e pronto”, revela a turista.
A outra família, da Bahia e de Sergipe, já decidiu: não vai retornar ao movimento para encarar a fila. “Eu ajudei a construir essa cidade, fui assistente social por 30 anos e hoje não posso nem aproveitar o que ela tem a oferecer? É humilhante”, reclama Maria José Castelo Branco, que voltou à cidade a passeio com a família após anos.
Estacionamento
Com a abertura da décima edição do evento Brasília Motocapital, na última quarta-feira, milhares de turistas estão na cidade e ficam até hoje. O empresário Paulo Gabas, 44 anos, chegou de moto acompanhado de vários amigos do interior de São Paulo, para conhecer a Torre Digital. Eles foram impedidos de estacionar em frente ao monumento. Havia cones na guarita.
“Isso é um absurdo. Somos de fora e viemos aqui só para conhecer esse lugar. Essa torre não tem só o objetivo tecnológico, é um lugar turístico também, não pode ficar fechada para visitação. Pelo jeito vamos ter que voltar aqui no final de semana de novo. Mas não estamos contentes com essa situação”, conclui Paulo.
Lazer restrito
Para o professor de turismo da UnB Luiz Carlos Spieler, após a criação da infraestrutura em si, deve haver uma gestão ativa dos responsáveis daquele bem como um patrimônio cultural. Segundo ele, nessa situação, parece que o monumento ainda está no estágio inicial, sem a preocupação de informar ou atender o público.
“A grande questão é que quando você cria um atrativo cultural como aquele, você tem que proporcionar condições para funcionar nos horários não só que os turistas possam visitar, mas também os demais cidadãos”, aponta.
Para ele, seria interessante abrir a Torre durante a semana, à tarde e à noite, para que os moradores possam aproveitar o lugar como uma área de lazer. “Tivemos momentos de movimentação tão intensa naquele espaço que o pessoal teve até dificuldade de usufruir dos bens e serviços. Essa situação é fruto de uma gestão que deve melhorar”.
(Julia Carneiro e Soraya Sobreira- Jornal de Brasília)