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Brasília: "Guerra dos fakes erra alvo e máscaras da CPI podem cair"

Por José Seabra O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que inspira reconhecidamente grande parte dos políticos brasileiros, costuma dizer que a oposição não pode se perder no oportunismo para ocupar espaço na mídia. Mas há gente que não leva esse alerta ao pé da letra.
É o grupo que sai disparando ameaças do tipo doa a quem doer; que eleva o tom de voz e procura gerar fatos que supostamente justifiquem contra-ataques verbais a ataques presumivelmente sofridos no campo virtual.
Brasília vive hoje sob esse clima. Políticos que se acreditam intimidados procuram intimidar, sinalizando com uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Legislativa para descobrir fontes pagadoras de pseudos perfis criados para atingir a honra alheia.
E a oposição, que embora brava também costuma ter suas bravatas, tenta responsabilizar o Palácio do Buriti pela proliferação de falsos perfis. Na verdade, os fakes, se existem, estão dos dois lados. Aparecem com força, fazem seus estragos, hibernam, vestem outras máscaras e atacam alvos que estão na mira geral.
São genéricos. É gente que faz das redes um divã. Que alivia o estresse girando a metralhadora em várias direções, pelo simples prazer de relaxar e evitar viver às custas de cinco miligramas de enalapril e clonazepam da vida.
No auge do que se convencionou chamar ‘escândalo dos fakes’, a deputada Celina Leão (PSD), dizendo-se vítima de ataques dessa natureza, decidiu protocolar uma dura representação no Ministério Público contra o governador Agnelo Queiroz e seu ex-secretário de Publicidade Abimael Nunes. Um casal de empresários de sobrenome estrangeiro, na avaliação da parlamentar, também deve pagar o pato.
Celina foi mais longe, ao defender a imediata instalação de uma CPI para investigar a origem dos falsos perfis. E sustenta, quem sabe até mesmo intempestivamente, que esses fakes são patrocinados com dinheiro público. Ao justificar sua decisão, Celina baseou-se em reportagens da revista Veja, como se a publicação da Editora Abril, por mais respeito que mereça do leitor, fosse a dona da verdade.
A deputada é cautelosa – talvez por não estar convicta das suas suspeitas. Tanto, que cita Veja, mas omite o nome de uma grande agência de publicidade que receberia um Caixa 2 para remunerar os falsos perfis.
Mais sensata ao abordar o mesmo tema, a deputada Eliana Pedrosa, igualmente do PSD de Celina Leão, sugere que a Câmara Legislativa tome a frente das investigações para identificar os fakes ‘supostamente contratados’ pelo Governo do Distrito Federal para atacar adversários políticos de Agnelo Queiroz.
Na avaliação de Eliana Pedrosa, o Legislativo precisa mostrar à sociedade o que está ocorrendo. “Já existe uma base de informações com muito conteúdo feito pela polícia. É a hora de esta Casa mostrar trabalho. A imagem da Câmara fica ruim quando perdemos a oportunidade de dar uma resposta objetiva e clara para a sociedade no nosso papel de fiscalizar o Executivo”, sentenciou.
Ao cobrar energia da Câmara Legislativa, Eliana Pedrosa lembra que a omissão é o maior dos males. Ela acredita em uma tomada de posição por parte da Mesa Diretora, mas mesmo assim deixa sua equipe de sobreaviso para a eventualidade de não ser tomada uma medida mais concreta. Nesse caso, assevera, o caminho será recorrer à Ordem dos Advogados do Brasil e ao Ministério Público, instâncias adequadas para apurar casos dessa natureza.
Quem também pega carona na guerra dos fakes, sem levar em consideração a manifesta opinião de Fernando Henrique Cardoso, é o ex-deputado Alberto Fraga, presidente do DEM no Distrito Federal. Em nota distribuída à Imprensa, ele ataca o que considera aleivosias como quem saboreia um manjar do Olimpo. E aproveita para bater do Mané Garrincha aos hospitais abandonados, dando algumas paradas em outros setores, como educação, transportes, segurança e habitação. Mas sabe-se lá por quê, a exemplo de Celina, não faz referência à agência de publicidade supostamente encarregada de desviar verba pública para alimentar um exército de perfis falsos.
Diplomata é quem sabe conciliar. Não basta dizer que é. Ser secretário e fazer as vezes de comunicador sem entender do assunto, sofre seus revezes. A Câmara Legislativa tem na estrutura da Mesa Diretora, três secretários. Um acaba de ser substituído, por suplente que fosse. E tem gente, nessas horas, que entra passando com o carro na frente dos bois.
Fossem outros tempos, um Inquérito Policial Militar faria cair por terra muitas máscaras. E a guerra que se pretende tendo fakes por justificativa, seria alvo de armistício imediatamente.
Fonte: Notibras 

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