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Rollemberg: Escândalo é a marca, hoje, do governo Agnelo

Embora eleito na mesma chapa do PT em 2010, o senador Rodrigo Rollemberg admite estar se preparando para disputar eleição ao Palácio do Buriti. Ao falar de várias áreas de atuação da atual gestão, Rollemberg usou termos como “escândalo”, “falta de transparência” e “caso de polícia”. A população, segundo o senador, está pedindo que ele se candidate, mas ainda não é possível cravar que o PSB terá um postulante ao GDF. “Não vou ser hipócrita. Em função do péssimo desempenho do governo Agnelo, nós sofremos uma pressão natural para disputar a eleição. Gostaria de contribuir para que o DF ingressasse numa nova fase de desenvolvimento, de estar me orgulhando de ter contribuído para uma série de mudanças importantes no DF”, disse.
Como o senhor está se sentindo, como parlamentar, após absolvição do deputado Natan Donadon?
Eu jamais imaginei que um dia eu pudesse sentir vergonha de ser parlamentar. Confesso que ao ver a notícia da absolvição do deputado, eu fiquei envergonhado, perplexo e fiquei temeroso do que pode acontecer no nosso país, porque entendo que a Câmara dos Deputados ultrapassou todos os limites da falta de bom senso. Depois das manifestações das ruas em junho, essa decisão parece uma provocação à população brasileira.
Do ponto de vista do prejuízo político, que tipo de influência esse acontecimento pode ter nas eleições do ano que vem?
Quando a Câmara toma uma medida como essa, ela enfraquece o parlamento e esse enfraquecimento também atinge a democracia. 
Essa é um estímulo para que o senhor deixe o Congresso e venha para o Executivo?
Veja bem, isso não é estímulo para nada. Isso é motivo de muita indignação e nós precisamos efetivamente buscar forças e gente no Congresso, que existem, com capacidade para promover uma reação efetiva. O que nós estamos vendo é um Congresso cada vez mais dissociado do sentimento da população.
Com o voto aberto, isso aconteceria?
O voto secreto é a maior aberração do Poder Legislativo. Antigamente, se dizia que o voto secreto era para proteger o parlamentar da pressão do poder Executivo. Quando a pressão legítima é a da opinião pública, dos representados, o quadro se inverte: eles tem o direito de saber como votam os seu representante no Congresso. Muito se fala em reforma política e eu diria que a questão mais importante hoje, do ponto de vista de uma reforma política para a população é a instituição do voto aberto.
Como o senhor avalia o governo Agnelo?
Eu avalio como a população avalia: um desastre. Um desastre do ponto de vista político e do ponto de vista administrativo. Um governo sem a menor perspectiva de futuro. Não há um projeto importante em curso, que possa mudar a qualidade de vida no DF. Um governo sem criatividade alguma. Tanto que teve que buscar em uma empresa em Singapura, de forma espúria e obscura, ajuda para pensar o futuro do DF. Eu tenho a impressão de que o governo Agnelo está se inscrevendo entre um dos piores do DF.
Diante desse quadro, o senhor se lança como candidato ou busca esse consenso nas chapas mais progressistas?
Não vou ser hipócrita. Em função do péssimo desempenho do governo Agnelo, desde o primeiro ano,  sofremos uma pressão natural para disputar a eleição. Disse ao governador Agnelo que eu não tinha menor intenção em disputar as eleições em 2014. No entanto, com as alianças que o governo Agnelo fez, com o abandono dos compromissos, com a péssima gestão, naturalmente, somos pressionados nas ruas para disputar o GDF. Estamos nos preparando. O PSB está se preparando. 
Hoje, o senhor é candidato ao governo do Distrito Federal?
A legislação não me permite ser candidato a governador no ano de 2013 (risos). Eu digo, com toda franqueza, que estou me preparando para ser candidato ao governo do DF.
Essa candidatura passa pela esfera nacional do PSB? A possível candidatura de Eduardo Campos ou um acordo com o PT podem mudar esse quadro?
Uma candidatura ao Buriti do PSB não depende de uma candidatura federal, embora eu tenha a convicção de que o Eduardo Campos, não apenas será um candidato, mas será um candidato muito competitivo em 2014. 
Por que o senhor acha que Eduardo Campos vai ser competitivo?
Eu faço aqui uma conta simples. Nós, em 2010, elegemos seis governadores. Fomos o segundo partido na eleição de governadores em 2010. Em 2012, fomos o partido que mais cresceu no número de prefeitos eleitos. Fomos o partido que mais elegeu prefeitos de capital e reelegemos prefeitos no Brasil, o que mostra um nível de aprovação muito grande das nossas administrações. Ao longo dos últimos anos, em todas as pesquisas de todos os institutos de pesquisas, os prefeitos de capital melhor avaliados em todo o Brasil são do PSB. Em todos as pesquisas, o governador melhor do Brasil é o governador Eduardo Campos. Basta dizer que no DF nós temos um governador, apenas para fazer uma comparação, com 14% de aprovação e em Pernambuco, temos um governo com 82% de avaliação. E não há ninguém melhor do que a população para julgar a capacidade de governo.
O senhor tem feito aproximações com correntes mais a esquerda, com o PSOL, ou com correntes mais à direita, com Roriz e Arruda? Como o senhor está pensando em estruturar essa candidatura do PSB?
Olha, nós temos, primeiro até pela característica da minha trajetória política, um ambiente de diálogo com todas as forças políticas do DF. Nosso leque prioritário, nossa construção prioritária e nós não escondemos isso de ninguém, é com PDT, Rede, PSOL e PPS.
Essa tentativa de cooptação do Marcelo Aguiar, do PDT, para ser secretário de educação é uma manobra para inviabilizar a sua coligação ou para tentar levar o deputado Reguffe a uma vaga no Senado, em coligação com a chapa do governo?
Vejo isso como mais uma ação política desastrada do governador Agnelo. E desrespeitosa com a principal liderança política do nosso campo, que é o senador Cristovam Buarque (PDT). Todos sabem que o Marcelo Aguiar, um quadro valoroso, é uma pessoa ligada ao senador Cristovam e ligada ao PDT. Qualquer convite a um quadro político deveria vir depois de uma conversa com o partido, seu presidente, George Michel, com o senador Cristovam e com o deputado federal Antônio Reguffe. Tentar fazer isso como uma forma de pressão, ao invés de aproximar, afasta, como já me revelou o senador Cristovam, que está extremamente irritado com mais essa atitude desrespeitosa do governador Agnelo.
Com sua trajetória ligada ao turismo e a ciência e tecnologia, apostaria no estádio como  ferramenta para alavancar o turismo?
Me surpreende que na concepção de futuro de Brasília, contratada pelo governador Agnelo a uma empresa de Cingapura, não exista nenhuma referência à vocação política do Distrito Federal e nenhuma à vocação de grande polo tecnológico que nossa cidade tem. Mas é claro que ninguém compreende que um governo gaste talvez R$ 2 bilhões em um estádio quando em um hospital que fica a menos de 1 km do estádio, as pessoas fiquem mais de um ano esperando por uma cirurgia de varizes. E onde percebemos em vários estados do País, governadores tem feito estádios tão bons ou bonitos como o nosso com um terço do preço. Brasília precisa ter uma infraestrutura turística. Vamos receber um evento como a Copa do Mundo sem ter feito nenhum investimento em infra-estrutura turística. Por exemplo, um projeto Orla do DF. Brasília tem vocação de ser um centro de turismo cívico e nós estamos fazendo pouco ou quase nada para o desenvolvimento desse tipo de turismo. 
E em relação ao contrato do lixo?
Minha avaliação é que isso se tornou mais um grande escândalo. É inadmissível. Não há sentido algum fazer uma parceria público privada de 30 anos em um valor de mais de R$ 11 bilhões, em que os custos anuais da coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos sejam ampliados muitíssimo e que não haja uma incorporação, como prevê a política nacional de resíduos sólidos, com os catadores. Isso tudo feito de forma autoritária e sem nenhuma transparência.
O senhor mencionou várias vezes escândalo e falta de transparência, em várias áreas. Isso é uma espécie de marca do governo Agnelo?
Eu acho que construir um estádio de quase R$ 2 bilhões já, por si só, já é um escândalo. Eu diria que falta transparência no governo Agnelo e até aqui ele não tem nenhuma marca. E espero que essa não seja a marca do governo Agnelo.
O senhor falou que o governo Agnelo não teria uma marca. Qual seria a marca do governo Rodrigo Rollemberg?
É importante registrar que nós temos uma obrigação com essa cidade, pelo fato de ser a capital, de termos recursos suficientes e recursos suficientes. Brasília é uma cidade que tem que ser exemplo nos serviços oferecidos à população. Nesse sentido, deve ser prioridade de qualquer governo ter gestões de gente técnica, qualificada, nas áreas de saúde, mobilidade urbana e segurança. 
Falando sobre as pesquisas que são divulgadas e que o próprio governo faz, para consumo próprio, que tipo de avaliação o senhor faz do que as pesquisas mostram sobre o governo?
As pesquisas mostram o que a população sente na rua. Um governo sem comando. Não existe comando no Distrito Federal. Essa percepção ficou muito clara quando o Governo Federal precisou mandar um interventor — que se assumia, inclusive: “vim aqui para botar ordem na casa e não devo satisfação a ninguém” — porque se estava perdendo controle da situação. Um governo que não consegue corresponder às menores expectativas da população. Há esse sentimento de que o governo é atabalhoado e que não que não consegue responder problemas básicos da população.
Como o senhor avalia as relações do governo com a Câmara Legislativa?
Da mesma forma que eu afirmei que há uma falta de sintonia do legislativo federal com os anseios da população, isso se reproduz na Câmara Legislativa, com algumas exceções como também temos exceções no Congresso. Entendo que haverá uma profunda renovação política no DF e no Brasil. E acho que essa renovação política será extremamente saudável para o Brasil, porque nós temos que mudar uma relação que se virou norma nas relações políticas do DF e também no âmbito nacional, que é o toma lá dá cá.
Fonte: Clica Brasília

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