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Pastor invade área de R$ 4 milhões

João Luiz Clerot é acusado de insistir em apropriação indevida de espaço público à beira do Lago Paranoá. Em dezembro de 2013, polícia e Agefis já haviam derrubado muro que cercava o local, mas o proprietário voltou a erguê-lo.
Área invadida por João Luiz Clerot, que plantou árvores no local: fiscalização pretende intimar morador.
Mansão do pastor, que fica na mesma rua da Casa da Dinda, antiga residência do ex-presidente Collor.
Por: Matheus Teixeira - Correio Braziliense
Dono de um terreno avaliado em R$ 4 milhões no Setor de Mansões do Lago Norte, com acesso à orla do Paranoá, João Luiz Clerot, pastor da igreja evangélica Sara Nossa Terra, invadiu a área vizinha de mesmo tamanho e se apropriou do espaço público. Ele não mora no local. Apesar disso, construiu um píer, fez um projeto de paisagismo — até já plantou árvores no local — e usa o lugar para embarcar sua lancha. Uma operação da Agência Fiscalizadora do DF (Agefis) e da Polícia Civil, em dezembro último, no entanto, derrubou o muro que cercava o terreno. Não satisfeito, o pastor desrespeitou a lei mais uma vez e reconstruiu a proteção. 

Ao ser informada que o espaço foi cercado de novo, a assessoria da Agefis afirmou que o proprietário será intimado a derrubar o muro novamente. Se não cumprir, o próprio órgão fará a derrubada. O delegado-chefe da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul), Miguel Lucena, era o responsável pela 6ª DP (Paranoá), que apurou o caso à época. “Recebemos uma denúncia anônima. Fomos atrás, identificamos a infração e, no fim do ano passado, resolvemos o problema”, lembra. Ele diz que a polícia fez sua parte e que voltará a fazer, caso seja requerida. “Nesses casos, a Agefis é a responsável. É ela quem nos procura”, explica. A assessoria de imprensa do Ministério Público do DF e Territórios confirmou que há um processo sobre o caso em andamento, sem poder dar mais informações.

João Luiz Clerot é casado com a filha de Robson Rodovalho, fundador da Sara Nossa Terra, deputado federal pelo Distrito Federal em 2006 e secretário do Trabalho do GDF em 2008 e 2009. A igreja tem mais de mil templos espalhados pelo mundo. Além do Brasil, ela está presente em 10 países, entre eles, os Estados Unidos, a Suíça e a Alemanha.

Em resposta aos questionamentos sobre a ocupação, a assessoria de Clerot alegou que o prazo dado pelo Correio para um posicionamento foi muito curto, o que impossibilitou o contato direto com o pastor, que estaria em viagem a Israel. “O cidadão João Clerot sempre tem toda disposição e disponibilidade para atender e colaborar com a imprensa. E assim procederia nesta ocasião, não fosse, pelo acima exposto, sua impossibilidade material e o prazo exíguo fixado (sic).” A assessoria ressaltou também que “o assunto diz somente respeito ao cidadão”, e que a Sara Nossa Terra não tem nenhuma relação com o tema.

Casa da Dinda

O terreno está localizado no Conjunto 1 da ML 11. No fim da mesma rua, com endereço de MI 10, está a Casa da Dinda. A casa ficou famosa no começo da década de 1990, quando o primeiro presidente eleito após a redemocratização, Fernando Collor de Mello, decidiu não ocupar as residências oficiais, para morar no Lago Norte. O caso de Clerot não é único no caso de invasão de uma área nobre. Em 2007, por exemplo, o empresário Dalmo Amaral, pai do ex-senador Valmir Amaral, na QL 8 do Lago Sul, também teve que fazer derrubadas no terreno. 

Havia píeres de concreto, quiosque e uma rampa para barcos, também de cimento, dentro do lago. Para piorar, a construção de um estacionamento e duas quadras de esportes no gramado impermeabilizou o solo. Animais como lhamas e emas faziam a área verde de pasto. Por fim, um pequeno lago artificial uma cozinha que ocupavam uma área pública de 19 mil metros quadrados também foram destruídos.


(Colaborou Thalita Lins)

1 Comentários

  1. Ele é vivo como os outros. Serei também Pastor e quem sabe não ficarei rico.

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