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DF: TOMBAMENTO » AGRESSÃO AO CARTÃO-POSTAL

Uma construção de alvenaria atrapalha a visão da Ponte Costa e Silva, monumento projetado por Oscar Niemeyer. De acordo com funcionários da administração do Pontão, a edificação é depósito de materiais de limpeza.
Edificação e restos de lixo dos restaurantes do Pontão poluem a paisagem.
Ao lado de um dos monumentos de Brasília, a Ponte Costa e Silva, que liga o Setor de Clubes Sul ao Pontão do Lago Sul, um “puxadinho” de alvenaria erguido na orla do Lago Paranoá. No gramado próximo à edificação, restos de materiais de construção e, embaixo de uma marquise próxima, contêineres com o lixo acumulado dos restaurantes do parque. A edificação polui a paisagem às vésperas da Copa do Mundo, quando a cidade deverá receber turistas do mundo todo.

Com 400 metros de extensão, a Ponte Costa e Silva é uma obra do arquiteto Oscar Niemeyer, projetada em 1967 e inaugurada em 1976. Também conhecida como Segunda Ponte, o cartão postal se destaca pela proximidade da estrutura ao Lago. A ponte imita uma andorinha roçando o bico na  lâmina da água.

O arquiteto Carlos Magalhães, um dos principais defensores da preservação do tombamento de Brasília e profissional que representava o escritório de Oscar Niemeyer na capital, não esconde a revolta ao ver uma construção de alvenaria tão próxima à obra do mestre. “Só em Brasília se vê esse desrespeito, esse desamor pelas coisas. É um prédio da pior qualidade possível, de alvenaria com telhado de zinco. Não é possível enxergar a cabeceira da Ponte, não se vê mais o desenho dela, quando ela toca novamente o chão”, reclama Magalhães. 

Além disso, o arquiteto ainda aponta que a proximidade do prédio ao Lago Paranoá é preocupante. “Não se pode fazer qualquer construção até uma certa proximidade da água. É preciso proteger essa ponte, porque essa é uma área de todos nós. As pessoas não podem simplesmente construir aquilo. Quem autorizou? Essa é uma agressão à cultura brasileira”, opina. 
De acordo com funcionários do Pontão, o local é usado como depósito de materiais de limpeza. A administração da área fica a cargo de empresa terceirizada. Procurada ontem pela reportagem, a diretora do parque preferiu não dar entrevista no feriado e disse que poderia falar apenas na terça-feira. 

Até o fechamento desta edição, a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) também não soube informar sobre a regularidade do prédio, porque os agentes estavam trabalhando nas vias sacras em todo o Distrito Federal.

Incêndio
O local já foi palco de um incêndio, em 9 de setembro de 2013. À época, a construção era usada como depósito de materiais de jardinagem, e a marquise abrigava tratores, roteadeiras e material de limpeza. Por volta das 19h daquele dia, o fogo começou e tomou conta do prédio: o local foi completamente destruído. De acordo com o primeiro-tenente dos bombeiros Eduardo Araujo, que atendeu a ocorrência, o incêndio de pequenas proporções foi perigoso, porque a casa abrigava material inflamável e estava com a eletricidade ligada.


Por: Clara Campoli - Correio Braziliense - 19/04/2014

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