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Campanhas injustas

Numa democracia, a obediência às leis é condição básica para o adequado funcionamento do regime. As eleições livres representam o ponto alto na democracia e, por isso mesmo, devem ser realizadas absolutamente dentro das normas estabelecidas. 

Quando ocorre quebra das regras eleitorais, a representação popular fica comprometida, estabelecendo-se aí o que poderia ser considerado desigualdade entre iguais. 

Essa distorção, caracterizada como crime eleitoral pela Justiça, abre caminho para todo tipo de aventuras extrademocracia, corrompendo todo o sistema, frustrando o eleitor e, de quebra, desorganizando o país. E é este justamente o ponto. 

O que dizer de uma eleição em que os gastos médios para presidente da República giram em torno de centenas de milhões de reais? Como pode haver um regime democrático, quando os candidatos com ligações com o governo recebem tratamento diferenciado? 

Como pode existir igualdade entre os concorrentes, quando o candidato à reeleição usa o dinheiro do contribuinte e as facilidades do cargo para fazer campanha? Por que o marketismo, pago a preço de ouro, pode ser empregado no lugar das propostas de programa de governo, distorcendo a verdade e induzindo o eleitor ao erro? 

Que tipos de sanções pesam sobre os eleitos quando se descobre, apenas no fim do mandato, que a eleição foi bancada com dinheiro público desviado de empresas que caberiam a eles resguardar? 

Que penalidades caberiam a um partido repetidamente denunciado e flagrado em atos e corrupção e desvios de recursos públicos? Essas e outras questões evidenciam o processo viciado de nossas eleições e, por que não dizer, da nossa própria democracia.

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Fonte: Coluna "Visto, lido e ouvido" - Correio Braziliense - 02/12/2014

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