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CRISE NO GDF » Greve de ônibus atinge 700 mil

A paralisação de três empresas e de duas cooperativas provoca a revolta da população, que enfrentou dificuldades na volta para casa, no início da noite. Segundo o GDF, os salários serão depositados na segunda-feira

Por: Paloma Suertegaray - Correio Braziliense 
Publicação: 06/12/2014 


PMs tentaram organizar o trânsito dentro do terminal, que ficou tomado de ônibus piratas
 (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
PMs tentaram organizar o trânsito dentro do terminal, que ficou tomado de ônibus piratas

Houve filas e confusão diante dos poucos veículos à disposição no local: empurra-empurra
 (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
Houve filas e confusão diante dos poucos veículos à disposição no local: empurra-empurra
Confusão, correria e até gente tentando entrar em um ônibus pirata pela janela. O caos tomou conta da Rodoviária do Plano Piloto, ontem, no fim do dia, devido à greve das empresas Pioneira, Marechal e Urbi. A Piracicabana chegou a paralisar as atividades durante algumas horas. As cooperativas MCS e Alternativa também cruzaram os braços, deixando a capital quase parada. Ao todo, 17 regiões administrativas ficaram sem transporte público e mais de 700 mil pessoas foram afetadas pelo problema. Hoje, dia das provas da segunda etapa do Programa de Avaliação Seriada (PAS), a paralisação continua e deve causar mais transtornos para a população.

As três empresas em greve reivindicam o pagamento do mês. De acordo com o Diretor de Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Jair Tedeschi, o órgão deveria receber R$ 35 milhões ontem para depositar o dinheiro dos trabalhadores, mas isso não ocorreu. “A previsão é de os salários dos rodoviários sejam transferidos na segunda-feira. Estamos negociando para que a paralisação acabe antes disso”, afirmou.

O impasse segue há cerca de dois meses: em novembro, a Pioneira paralisou as atividades por oito dias devido ao atraso no pagamento dos vencimentos e do tíquete-alimentação. No total, o DFTrans deve R$ 75 milhões às empresas de transporte coletivo que atuam no DF. Para a categoria, a demora para receber o salário é inadmissível. “A gente se programa e faz planos para Natal e ano-novo. Temos contas para pagar, mas, sem dinheiro, não dá para fazer nada”, reclamou o cobrador Wanderson Severino, 23 anos, da Piracicabana. A empresa aderiu à greve por uma hora, no início e no fim da tarde de ontem.

Tedeschi acrescentou que o governo também está em negociação com as duas cooperativas paradas. No caso da MCS, falta o 13º, que deveria ter sido pago em 30 de novembro. Os funcionários da Alternativa reclamam do não recebimento do salário e do tíquete-alimentação. O valor da dívida com ambas as empresas, segundo o DFTrans, é de R$ 600 mil. No fim da manhã, motoristas e cobradores fecharam duas vias da S1, em direção à Rodoviária, complicando o trânsito na região.
Com a falta de ônibus na volta para casa, a Rodoviária do Plano Piloto ficou lotada no fim da tarde

 (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
Com a falta de ônibus na volta para casa, a Rodoviária do Plano Piloto ficou lotada no fim da tarde

“Palhaçada”

Quem precisou voltar para casa de ônibus ontem enfrentou longas filas para pegar coletivos lotados. Também sofreu com o tumulto em quase todas as baias da Rodoviária do Plano Piloto. Motoristas de transporte pirata cobravam R$ 5. O fluxo desse tipo de veículo no terminal era intenso em torno das 18h30, e a polícia precisou intervir mais de uma vez. “Ninguém vai ser multado porque os clandestinos são a única opção para as pessoas voltarem para casa, mas muitos estão atrapalhando a entrada de coletivos de outras empresas e causando confusão”, explicou o sargento Jessival Pereira, do 6º Batalhão de Polícia Militar (Esplanada).

A diarista Paula Fernanda Sousa e Silva, 47 anos, moradora de Santa Maria, esperou mais de três horas até conseguir retornar para a residência dela. “Trabalhei o dia inteiro, a maior parte do tempo em pé, e estou muito cansada. Depois disso tudo, é uma palhaçada passar por uma situação dessas”, queixou-se. A secretária Ana Maria Barbosa, 35, endossa a revolta de Paula. “O que mais atrapalha é essa bagunça na Rodoviária. Todo mundo corre para pegar o transporte pirata e, aí, fica impossível”, disse.


Trabalhei o dia inteiro, a maior parte do tempo em pé, e estou muito cansada. Depois disso tudo, é uma palhaçada passar por uma situação dessas”
 
Paula Fernanda Sousa e Silva, 47 anos, diarista

A gente se programa e faz planos para Natal e ano-novo. Temos contas para pagar, mas, sem dinheiro, não dá para fazer nada”
Wanderson Severino, 23 anos, cobrador

“Ninguém vai ser multado porque os clandestinos são a única opção para as pessoas voltarem para casa, mas muitos estão atrapalhando a entrada de coletivos de outras empresas e causando confusão”
sargento Jessival Pereira, do 6º BPM

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