O Brasil começou a avaliar a educação na década de 1990. À época, inferia-se que a escola andava em descompasso com o desenvolvimento da sociedade. Os testes comprovaram que as suspeitas procediam. Eram fato. O ensino deixava muito a desejar. Esperava-se, então, que providências aptas a corrigir rumos fossem tomadas. Não foram.
De lá para cá, levantamentos se sucedem. Confirmam, um após o outro, que a saúde do paciente se agrava. Mas, apesar do diagnóstico, receitas não são aviadas. Passo hercúleo, dado duas décadas antes, ficou pela metade. Com atraso em relação ao resto do mundo, o país universalizou o acesso à escola, mas parou no caminho. Investiu na quantidade sem preocupação com a qualidade.
A excelência, apesar da relevância do setor, conjuga o verbo procrastinar. Deixa para depois o que precisava ter sido feito ontem. O resultado aparece a cada teste. É o caso do levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação com base nos dados de 2013 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE: apenas 53,4% dos jovens terminaram o ensino médio até os 19 anos — idade considerada adequada para concluir o ciclo básico.
Meta fixada para 2022 — quando se comemoram 200 anos da Independência do Brasil — parece ficar cada vez mais distante. Nesse ano simbólico, 90% dos estudantes deveriam ter posto ponto final nos estudos que os habilitam a entrar na universidade. Analisados os índices regionais, verifica-se que a média camufla desigualdades que teimam em se perpetuar.
Uma delas é a de raça: 65% dos jovens brancos acabam o curso na idade ideal. Entre os negros, o percentual cai para 45%. Outra, é a renda: 83,3% dos mais ricos contra 32,4% dos mais pobres. Mais uma: a regional. O Sudeste abocanha os melhores indicadores (62,8%); o Norte, os piores (40,4%). Também se observam abismos no confronto de áreas rurais e urbanas — 35,1% contra 57,6%.
Há quem aposte que o país perdeu o trem da educação. Também nos índices internacionais aparece na rabeira dos participantes. Apesar dos avisos dados pelas avaliações que se sucedem há mais de duas décadas, pouco se fez para mudar o rumo do fracasso. O tema aparece como prioridade em todas as campanhas de todos os candidatos. Mas, passadas as eleições, o descaso volta a reinar.
Com currículos defasados, instalações inadequadas, material didático de má qualidade, professores relegados a terceiro ou quarto plano, não se pode esperar nota diferente da registrada nos testes. Escolas do século 19, docentes do século 20 e estudantes do século 21 não têm diálogo possível. A maior vítima é o aluno. Com ele, o Brasil, privado de elite pensante e mão de obra qualificada.
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Fonte: Visão do Correio Braziliense - 09/12/2014
De lá para cá, levantamentos se sucedem. Confirmam, um após o outro, que a saúde do paciente se agrava. Mas, apesar do diagnóstico, receitas não são aviadas. Passo hercúleo, dado duas décadas antes, ficou pela metade. Com atraso em relação ao resto do mundo, o país universalizou o acesso à escola, mas parou no caminho. Investiu na quantidade sem preocupação com a qualidade.
A excelência, apesar da relevância do setor, conjuga o verbo procrastinar. Deixa para depois o que precisava ter sido feito ontem. O resultado aparece a cada teste. É o caso do levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação com base nos dados de 2013 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE: apenas 53,4% dos jovens terminaram o ensino médio até os 19 anos — idade considerada adequada para concluir o ciclo básico.
Meta fixada para 2022 — quando se comemoram 200 anos da Independência do Brasil — parece ficar cada vez mais distante. Nesse ano simbólico, 90% dos estudantes deveriam ter posto ponto final nos estudos que os habilitam a entrar na universidade. Analisados os índices regionais, verifica-se que a média camufla desigualdades que teimam em se perpetuar.
Uma delas é a de raça: 65% dos jovens brancos acabam o curso na idade ideal. Entre os negros, o percentual cai para 45%. Outra, é a renda: 83,3% dos mais ricos contra 32,4% dos mais pobres. Mais uma: a regional. O Sudeste abocanha os melhores indicadores (62,8%); o Norte, os piores (40,4%). Também se observam abismos no confronto de áreas rurais e urbanas — 35,1% contra 57,6%.
Há quem aposte que o país perdeu o trem da educação. Também nos índices internacionais aparece na rabeira dos participantes. Apesar dos avisos dados pelas avaliações que se sucedem há mais de duas décadas, pouco se fez para mudar o rumo do fracasso. O tema aparece como prioridade em todas as campanhas de todos os candidatos. Mas, passadas as eleições, o descaso volta a reinar.
Com currículos defasados, instalações inadequadas, material didático de má qualidade, professores relegados a terceiro ou quarto plano, não se pode esperar nota diferente da registrada nos testes. Escolas do século 19, docentes do século 20 e estudantes do século 21 não têm diálogo possível. A maior vítima é o aluno. Com ele, o Brasil, privado de elite pensante e mão de obra qualificada.
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Fonte: Visão do Correio Braziliense - 09/12/2014