Carlos Newton
É da maior importância a informação de que a operação Lava-Jato, que apura desvios de recursos da Petrobras a partidos políticos, vai incluir a participação de novos doleiros e emissários na entrega de dinheiro a agentes públicos em Brasília e outros estados. Isso significa que será comprovada a corrupção em outras estatais e nos três níveis de governo – federal, estadual e municipal.
Devido à existência do sistema do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão administrativo criado em 1998 nas reformas econômicas do governo FHC), a corrupção ficou mais dificultada, porque o sigilo bancário foi quebrado no que se refere a movimentação interbancária de quantias elevadas.
Ou seja, desde então, a corrupção passou a ser paga em dinheiro vivo ou em depósitos no exterior, com necessidade de intervenção de doleiros, entre os quais se destacava Alberto Yossef. Mas agora a Polícia Federal identificou subcontas e documentos de transporte de valores em espécie na contabilidade paralela do Posto da Torre, que pertence a Carlos Habib Chater, um dos doleiros presos na Lava-Jato.
“CONTA K CORRENTE”
Apenas numa delas, a “K corrente”, foram movimentados R$ 15,2 milhões entre 2008 e março deste ano. Os documentos que servem para justificar transporte de dinheiro vivo somam R$ 1,8 milhão. As remessas foram destinadas a Rio de Janeiro, Manaus, Porto Alegre e Santa Catarina entre 2011 e 2014, e uma delas, para Curitiba, envolve o réu na Lava Jato André Luiz Santos, que até tentou fugir após uma audiência na Justiça. No nome dele está a subconta “And”, da qual, em um único dia, foram retirados R$ 574 mil em dinheiro vivo e R$ 33 mil pagos a Chater, supostamente de comissão. Em novembro de 2013, a “And” acumulava movimentação de R$ 1,3 milhão.
Em depoimento à Justiça no último dia 1º, Chater afirmou que as remessas foram feitas unicamente para pagar dívidas que tinha com essas pessoas ou “por amizade”. Ele se negou a identificar para quem trabalhavam alguns emissários. Ou disse que não se lembrava.
OUTROS DOLEIROS
Em relação às subcontas, Chater disse ser o dono da “K corrente” e identificou apenas três, que atribuiu a alguns doleiros já investigados ou citados na Lava-Jato: “Fa”, de Fayed Trabulsi, preso na Operação Miqueias e que tinha políticos em sua agenda; “Sasa”, de Sleiman Nassim El Kobrossy, também conhecido como Salomão e acusado de atuar no mercado negro de câmbio para pagamento de cocaína na Bolívia; “Kld”, de Khaled Youssef Nasr, cunhado de Chater, que administrava a casa de câmbio Valortur, localizada dentro do posto. Chater negou que a subconta “Primo” seja do doleiro Alberto Youssef, que era tratado como “primo” nas conversas gravadas pela PF durante a investigação.
Apesar das negativas, Youssef era um dos clientes de Chater e já admitiu que usou o posto para entrega de dinheiro a agentes públicos em Brasília.
MAIS DELAÇÃO PREMIADA
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná, e o Ministério Público Federal querem detalhes da movimentação de sete das subcontas. E a investigação dos pagamentos feitos por Chater deve avançar ainda mais com a assinatura de mais um acordo de delação premiada: Ediel Viana da Silva, gerente do posto e que emprestava o nome para empresas de fachada, além de administrar lavanderias que tinham Chater como sócio oculto, negocia com o Ministério Público Federal e já contou em um dos depoimentos que o ex-deputado Pedro Corrêa, do PP, condenado no mensalão, pegava dinheiro no posto.
Ou seja, mensalão e petrolão eram partes do gigantesco esquema de eternização do PT no poder, conduzido por José Dirceu, que já está confirmado como participante do esquema de corrupção da Petrobras.
Fonte: Tribuna da Internet