Carlos Chagas
A equipe econômica está apontada mas não empossada, mesmo tendo começado a trabalhar numa estranha simbiose com o grupo já demitido. Coisa parecida, mas sem trabalho, acontece com os ministros já escolhidos da Agricultura e do Desenvolvimento Industrial. O resto são dúvidas, havendo os que permanecerão nos cargos e os que serão mandatos passear. Em suma, o governo virou uma geleia geral. A presidente da República permanece dando expediente, mas quanto a definir programas e estratégias, nem tanto. Administra o país em ritmo devagar, quase parando, impossibilitada de compor a nova equipe enquanto o Procurador Geral da República e o Supremo Tribunal Federal não se decidirem a liberar a lista de políticos envolvidos no escândalo da Petrobras. Porque é grande o risco de serem escolhidos futuros réus, depois de indicados pelos partidos.
A pergunta é se janeiro chegar sem a abertura dos processos contra dezenas de políticos. Continuará o governo funcionando pela metade, ou abaixo disso, ou correrá Dilma Rousseff o perigo de nomear quem logo depois precisará demitir?
Abre-se oportunidade ímpar para a presidente fazer o que deveria ter feito logo depois de conhecida sua reeleição: esquecer as imposições partidárias e compor o seu ministério, determinando que imediatamente começassem a exercer suas funções os selecionados como melhores em cada setor. Além de um gesto de independência, uma prova de eficiência. Porque existem cidadãos aptos a gerir cada uma das pastas que formam a administração federal, sem compromissos fisiológicos nem subordinados aos interesses menores de partidos políticos. O tempo, no entanto, vai passado sem que o segundo mandato se defina. Indaga-se da possibilidade de tanto o Procurador quanto o Supremo demorarem a decidir sobre quem deve e não deve ser processado. O ritmo de Ricardo Lewandowski não é o mesmo de Joaquim Barbosa.
QUEM IRÁ PARA O SACRIFÍCIO?
Aguarda-se para hoje a definição da bancada do PT na Câmara sobre se lançará candidato próprio ou se apoiará um nome da oposição para presidente da casa. O objetivo é contrapor alguém a Eduardo Cunha, já lançado pelo PMDB e com todas as chances de ser eleito. Os companheiros reúnem-se desde o fim de semana, mas existem dificuldades em selecionar quem se disponha ao sacrifício. A situação lembra 1965, quando o candidato do PSD a permanecer mais um mandato, Raniéri Mazzilli, tinha como certa sua reeleição mas foi vencido por Bilac Pinto, da UDN, apoiado pelo então presidente Castelo Branco. Também, os tanques pesaram, como agora não pesam…