test banner

A FALTA DE IMAGINAÇÃO

Brizola e Darcy Ribeiro deram o exemplo que foi esquecido
Carlos Chagas
Ancelmo Gois, em sua coluna do Globo de ontem, alerta para mais uma vinda de Jérôme Valcke ao Brasil, dessa vez para apresentar o relatório de sustentabilidade e legado da Copa do Mundo de 2014. Como secretário-geral da Fifa, o gringo já nos fez poucas e boas, mas agora vem coroar sua malignidade lembrando o que todo mundo sabe mas poucos denunciam: a burrice nacional pela aplicação de centenas de bilhões de reais em doze elefantes brancos que continuarão dando prejuízo até a eternidade, caso não se encontre para eles finalidades paralelas.
É claro que cabe essencialmente ao governo não apenas ter jogado dinheiro público nos estádios de futebol construídos ou remodelados, mas, também, por não ter encontrado como compensar o prejuízo através de outras atividades para eles. E não adianta vir com o paliativo de que os estádios também servirão para a realização de shows de música popular, pois estes só servem para arrasar com os gramados, gerando mais despesas, além da tradicional depredação das cadeiras e demais instalações.
Já foi escrito aqui, mais de uma vez, faltar imaginação à presidente Dilma e sua equipe, até porque exemplos já foram dados. O diabo é a dupla Leonel Brizola e Darcy Ribeiro haver riscado o nome da atual presidente de seus caderninhos. Dedicaram-lhe profundo desprezo por abandonar o PDT depois de anos de militância, trocando o partido pelo PT por razões de egoísmo e ambição. Assim, o que fizeram no Sambódromo, no Rio, deve ser esquecido. Mas não dá para ignorar que, servindo para abrigar o maior Carnaval do mundo, aquela obra funcionava o ano inteiro como um conjunto de escolas de ensino fundamental de alto nível.
REAPROVEITAMENTO
Por que não transformar os estádios de futebol para que, durante a semana, tenham suas instalações adaptadas para centros de ensino médio e até universitário? Valeria o investimento, mas se for para poupar dinheiro público, será fácil encontrar na rede privada ricos e poderosos grupos dispostos a investir em cursos e cursinhos prontos para aproveitar tantos espaços ociosos. Aliás, uma fonte de renda para quantos empresários particulares multiplicam suas contas bancárias através do ensino. O futebol não seria prejudicado, como o samba também não foi, bastando, vale repetir, usar a imaginação.
Arena Corinthians, Maracanã, Mineirão e quantos outros estádios poderiam abrigar milhares de estudantes, ampliando oportunidades para professores, auxiliares e pessoal de serviço. Mais empregos, numa operação coordenada pelo governo federal, com a participação de estados e municípios, gerida pela iniciativa privada. Ganhariam todos, até as empreiteiras, ensejando a M. Jérôme Valcke a oportunidade de acrescentar novo capítulo ao seu relatório de sustentabilidade e legado da Copa da Mundo. Até o vexame dos sete a um com a Alemanha seria compensado.
Há mais de sessenta anos, quando Juscelino Kubitschek anunciou e partiu para a construção de Brasília, foi chamado de doido. Lançou-se numa obra mil vezes mais complicada do que adaptar estádios de futebol para funcionarem como escolas. Dá uma saudade daqueles tempos…

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem