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BASTIDORES » Futuro de Agnelo é incerto no PT


Por: Almiro Marcos - Correio Braziliense 
Publicação: 20/01/2015 

Chico Vigilante defende: "Se houve algum erro no governo, foi coletivo"

Para adversários, Agnelo sairia por conta própria ou seria expulso  (Antonio Cunha/CB/D.A Press - 27/9/14)
Para adversários, Agnelo sairia por conta própria ou seria expulso


O Partido dos Trabalhadores (PT) no Distrito Federal discute internamente a forma de retirar dos quadros o ex-governador Agnelo Queiroz. Desgastado após a derrota nas urnas e com a situação das contas públicas, o espaço do médico tem diminuído na legenda que o acolheu em 2008, quando deixou as fileiras do PCdoB. É cada vez maior o número de petistas que não veem mais clima para que Agnelo continue filiado. Para complicar a situação dele, uma empresa deve cobrar uma dívida de campanha na Justiça e levá-lo a responder por crime eleitoral.

A expulsão de Agnelo chegou a ser debatida por parlamentares e lideranças da sigla no fim do ano passado, embora eles se recusem a falar abertamente sobre o assunto. Naquele momento, a motivação seria em função da derrota precoce na disputa pelo Palácio do Buriti. Foi a primeira vez que um governador eleito não conseguiu chegar sequer ao segundo turno. Em 2006, Maria Abadia (hoje no PSDB) foi derrotada por José Roberto Arruda (hoje no PR) no primeiro turno, mas ela tinha sido eleita vice e assumiu o mandato quando Joaquim Roriz saiu para ser candidato ao Senado.

A proposta de saída foi colocada na mesa, mas o distrital Chico Vigilante, defensor de Agnelo, não deixou que prosperasse. “Isso é conversa fiada. Se houve erro no governo, foi coletivo. E os secretários do GDF que eram do PT? Então, eles também têm que ser expulsos? Não existe clima para expulsão. O partido não pode acirrar uma briga interna. Temos é que estar atentos e nos preocupar em fiscalizar o governo Rodrigo Rollemberg (PSB). Eu estou fazendo isso”, disse.

Os ecos pela desfiliação do ex-governador são ouvidos em quase todas as correntes da legenda. O grupo contrário a Agnelo, no entanto, prefere permanecer no anonimato comodamente. O ex-distrital Patrício é o único a falar abertamente. “O ideal era ele já ter tocado o sino há algum tempo. Mas sair agora não exime o PT da responsabilidade. O partido agiu com mão de  ferro no governo Cristovam e na minha gestão na Câmara”, diz. E com pleta: “Nos últimos anos, foi omiss, porque o mais importante era a ocupação de cargos”.

Um dos mais tradicionais petistas da capital federal disse que só existem três caminhos para Agnelo no PT: expulsão, desfiliação compulsória ou que ele próprio decida sair. “Não existe mais ambiente para ele. A culpa por tudo que houve veio da maneira de ele administrar. Garanto que não foi o jeito PT de governar”, afirmou. Antes de entrar na legenda, o médico ficou 23 anos no PCdoB. “Ele nunca foi petista de fato”, alegou outra fonte. O presidente do PT, Ricardo Policarpo, não respondeu à reportagem.

Dívida

Como se não bastassem os desgastes à imagem do ex-governador, com o DF mergulhado em crise, a empresa que fez a produção de vídeo da campanha se movimenta para acionar Agnelo Queiroz judicialmente. A Fabrika Filmes cobra R$ 1,5 milhão que não teriam sido pagos. O valor não aparece registrado na prestação de contas entre os R$ 4,2 milhões declarados como repassados à firma. A direção da produtora explica que tem documentos que comprovam o acordo. 

O problema pode levar o ex-governador a responder por crime eleitoral. O advogado Luiz Carlos Alcoforado, que fez a coordenação jurídica da campanha, disse não ter conhecimento da negociação. “Fizemos a declaração do serviço que foi prestado e pago. Fora isso, não sei de mais nada”, disse. Procurado pelo Correio, o ex-governador, que está no exterior, não retornou o contato e não se posicionou sobre uma possível saída do partido e nem sobre a suposta dívida.

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