Por: Flávia Maia - Correio Braziliense
Ana Paula sofreu com a seguradora e agora diz que não
vai contratar somente pelo bom preço.
Cliente precisa ficar atento ao contratar o seguro para o
carro. Além da diferença de preço %u2014 que pode chegar a quase 50% no
Distrito Federal %u2014, é recomendável prestar atenção ao que é oferecido pela
empresa e as necessidades que se possui.
Contratar o serviço de uma seguradora de automóveis exige
cuidado redobrado do consumidor. Por ser um modelo em que o cliente só recebe o
contrato (a apólice), em média, 15 dias depois do fechamento do negócio, o
primeiro passo é ficar atento aos itens expostos na proposta apresentada pelo
corretor, como valor da franquia, ressarcimento aterceiros e tempo de carro
reserva. Com isso, o usuário evita o aborrecimento de descobrir a real
cobertura no momento do sinistro.
Em 2015, um dos quesitos a que o consumidor deve ficar atento é o preço praticado pelas seguradoras. Embora não haja um reajuste médio a ser praticado, dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que, entre o primeiro semestre de 2013 e o de 2014, o aumento da quantia paga pelo serviço contratado foi de 5,6% no Distrito Federal e 4,1% no Brasil. Um dos fatores que deve influenciar para a alta do valor do seguro será o aumento do roubo de veículos. No DF, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, esse tipo de crime cresceu 69,1% em 2014. “O seguro não vai subir na proporção do índice de roubos, mas esse tipo de informação impacta no preço porque o mercado tem que trabalhar com um risco maior”, explica Carlos Cavalcante, representante do Sindicato das Seguradoras no Distrito Federal.
Para fazer a cotação, as empresas usam o endereço e o perfil do cliente. A partir desses dados, chega-se ao preço final. “Por isso, é importante que o consumidor não forneça informações erradas e não deixe que o corretor faça o mesmo para abaixar o preço a ser pago. Por exemplo: o cliente preenche o formulário afirmando que o carro dorme em garagem, quando, na verdade, passa a noite na rua. Quando o seguro for acionado, a seguradora vai fazer a investigação e pode descobrir que o consumidor agiu de má-fé. Assim, ele perde a cobertura”, orienta Victor Cabral, conciliador do Procon-DF.
A pedido do Correio, a Bidu Cotações de Seguros fez um levantamento de preços para descobrir as variações entre as regiões administrativas do Distrito Federal e descobriu diferenças de mais de 48,8% de um endereço para outro, com valores que podem chegar a R$ 1 mil. Para a simulação, o carro utilizado foi um Fiat Palio, quatro portas, zero quilômetro. O perfil do condutor: homem de 30 anos, que mora em um prédio sem garagem e percorre cerca de 20km por dia com o veículo. Pela pesquisa, um morador de Ceilândia pagará mais pelo seguro — média de R$ 3.580,40. Em Samambaia, o condutor também vai desembolsar mais — R$ 3.514,13. Em compensação, em regiões como Cruzeiro, Octogonal e Sudoeste, os valores são menores. No Cruzeiro, por exemplo, o mesmo perfil custa R$ 2.405,96.
Além da diferença entre as regiões, o que chamou a atenção foi a variação de preços das seguradoras. Dependendo do local, a diferença pode chegar a 157%. É o caso de Samambaia. Para os mesmos perfis de veículo e cliente, é possível encontrar preços de R$ 1.970,45 até R$ 3.514,13. “Por isso, a gente orienta o consumidor a sempre fazer pesquisa de preço. Mas não é só ir pelo mais barato. Deve-se avaliar se aquele serviço atende às necessidades”, orienta Maurício Antunes, diretor de marketing da Bidu.
Atraso
A professora Ana Paula Braga Reis, 41 anos, não escolhe mais o seguro só pelo preço. No ano passado, ela contratou a seguradora Generali pela Corretora Seguros BRB e, quando bateu o carro, teve uma dor de cabeça a mais. “Demoraram mais de 30 dias para autorizar o serviço. Depois, fiquei mais dois meses esperando o conserto. Mas o pior foi quando eu peguei o carro e a bateria arriou de tanto tempo que ele ficou sem funcionar na oficina”, contou. “Agora, na renovação, procurei escolher uma empresa maior, de mais renome e mais comprometida”, comentou.
Em resposta ao Correio, a Corretora Seguros BRB informou que a seguradora Generali foi acionada no mesmo dia em que Ana Paula entrou em contato com a corretora e que o atraso no conserto se deu por falta de peças.
“Cálculos"
Segundo o Sindicato das Seguradoras, é difícil calcular um reajuste médio por causa das peculiaridades da contratação, que leva em consideração o modelo do veículo, o local de maior permanência e as características do condutor.
O que diz a lei
A Resolução nº 279/2013 do Conselho Nacional de Seguros Privados determina que as seguradoras instituam ouvidoria, cuja principal função é a de atuar na defesa dos diretos dos consumidores. A estrutura da ouvidoria deve ser compatível com a natureza e a complexidade dos produtos, serviços, atividades, processos e sistemas. As entidades que fazem parte de conglomerado financeiro (como seguradoras ligadas a bancos) podem instituir ouvidoria única ,que poderá atuar em nome dos integrantes do conglomerado.
Em 2015, um dos quesitos a que o consumidor deve ficar atento é o preço praticado pelas seguradoras. Embora não haja um reajuste médio a ser praticado, dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) mostram que, entre o primeiro semestre de 2013 e o de 2014, o aumento da quantia paga pelo serviço contratado foi de 5,6% no Distrito Federal e 4,1% no Brasil. Um dos fatores que deve influenciar para a alta do valor do seguro será o aumento do roubo de veículos. No DF, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, esse tipo de crime cresceu 69,1% em 2014. “O seguro não vai subir na proporção do índice de roubos, mas esse tipo de informação impacta no preço porque o mercado tem que trabalhar com um risco maior”, explica Carlos Cavalcante, representante do Sindicato das Seguradoras no Distrito Federal.
Para fazer a cotação, as empresas usam o endereço e o perfil do cliente. A partir desses dados, chega-se ao preço final. “Por isso, é importante que o consumidor não forneça informações erradas e não deixe que o corretor faça o mesmo para abaixar o preço a ser pago. Por exemplo: o cliente preenche o formulário afirmando que o carro dorme em garagem, quando, na verdade, passa a noite na rua. Quando o seguro for acionado, a seguradora vai fazer a investigação e pode descobrir que o consumidor agiu de má-fé. Assim, ele perde a cobertura”, orienta Victor Cabral, conciliador do Procon-DF.
A pedido do Correio, a Bidu Cotações de Seguros fez um levantamento de preços para descobrir as variações entre as regiões administrativas do Distrito Federal e descobriu diferenças de mais de 48,8% de um endereço para outro, com valores que podem chegar a R$ 1 mil. Para a simulação, o carro utilizado foi um Fiat Palio, quatro portas, zero quilômetro. O perfil do condutor: homem de 30 anos, que mora em um prédio sem garagem e percorre cerca de 20km por dia com o veículo. Pela pesquisa, um morador de Ceilândia pagará mais pelo seguro — média de R$ 3.580,40. Em Samambaia, o condutor também vai desembolsar mais — R$ 3.514,13. Em compensação, em regiões como Cruzeiro, Octogonal e Sudoeste, os valores são menores. No Cruzeiro, por exemplo, o mesmo perfil custa R$ 2.405,96.
Além da diferença entre as regiões, o que chamou a atenção foi a variação de preços das seguradoras. Dependendo do local, a diferença pode chegar a 157%. É o caso de Samambaia. Para os mesmos perfis de veículo e cliente, é possível encontrar preços de R$ 1.970,45 até R$ 3.514,13. “Por isso, a gente orienta o consumidor a sempre fazer pesquisa de preço. Mas não é só ir pelo mais barato. Deve-se avaliar se aquele serviço atende às necessidades”, orienta Maurício Antunes, diretor de marketing da Bidu.
Atraso
A professora Ana Paula Braga Reis, 41 anos, não escolhe mais o seguro só pelo preço. No ano passado, ela contratou a seguradora Generali pela Corretora Seguros BRB e, quando bateu o carro, teve uma dor de cabeça a mais. “Demoraram mais de 30 dias para autorizar o serviço. Depois, fiquei mais dois meses esperando o conserto. Mas o pior foi quando eu peguei o carro e a bateria arriou de tanto tempo que ele ficou sem funcionar na oficina”, contou. “Agora, na renovação, procurei escolher uma empresa maior, de mais renome e mais comprometida”, comentou.
Em resposta ao Correio, a Corretora Seguros BRB informou que a seguradora Generali foi acionada no mesmo dia em que Ana Paula entrou em contato com a corretora e que o atraso no conserto se deu por falta de peças.
“Cálculos"
Segundo o Sindicato das Seguradoras, é difícil calcular um reajuste médio por causa das peculiaridades da contratação, que leva em consideração o modelo do veículo, o local de maior permanência e as características do condutor.
O que diz a lei
A Resolução nº 279/2013 do Conselho Nacional de Seguros Privados determina que as seguradoras instituam ouvidoria, cuja principal função é a de atuar na defesa dos diretos dos consumidores. A estrutura da ouvidoria deve ser compatível com a natureza e a complexidade dos produtos, serviços, atividades, processos e sistemas. As entidades que fazem parte de conglomerado financeiro (como seguradoras ligadas a bancos) podem instituir ouvidoria única ,que poderá atuar em nome dos integrantes do conglomerado.
As queixas de cada um
A demora das seguradoras de veículos em fazerem a vistoria e
autorizarem o serviço, além do constante atraso no prazo do conserto, são as
principais queixas dos consumidores em relação às seguradoras. As empresas têm
dificuldades de cumprir o prazo de 30 dias estipulado pela Susep para a
resolução do problema, mesmo com as penalidades previstas pela autarquia que
regula o setor, como a cobrança de multas. No Procon-DF, de 2013 para 2014, as
queixas contra seguros cresceram 45,2% — nesse índice contabilizam não só os
automotivos.
Para o não cumprimento dos prazos, as empresas se defendem, alertando sobre os gargalos que o segmento passa, como o crescimento da frota, a falta de oficinas e a insuficiência na reposição de peças. “O estímulo era só para comprar carro, e as indústrias se focaram na produção de veículos, não na reposição de peças originais. A gente acredita que, com o desaquecimento da indústria automobilística, o setor de peças volte a crescer de forma que a gente consiga cumprir os prazos estipulados pela Susep”, afirma Carlos Cavalcante.
No intuito de diminuir as reclamações em todo o país e amenizar o conflito entre cliente e fornecedor, desde abril de 2013, a Susep obrigou as seguradoras a terem uma ouvidoria (leia O que diz a lei). De acordo com a norma, as empresas terão até 15 dias para dar uma resposta à consulta do consumidor. Para isso, o ouvidor terá uma atuação independente. Em conflitos de até R$ 100 mil, o ouvidor poderá arbitrar sem consultar a direção da empresa. Além disso, a Susep, periodicamente, requisitará relatórios e informações da ouvidoria sobre os problemas e o nível de atendimento.
Para o não cumprimento dos prazos, as empresas se defendem, alertando sobre os gargalos que o segmento passa, como o crescimento da frota, a falta de oficinas e a insuficiência na reposição de peças. “O estímulo era só para comprar carro, e as indústrias se focaram na produção de veículos, não na reposição de peças originais. A gente acredita que, com o desaquecimento da indústria automobilística, o setor de peças volte a crescer de forma que a gente consiga cumprir os prazos estipulados pela Susep”, afirma Carlos Cavalcante.
No intuito de diminuir as reclamações em todo o país e amenizar o conflito entre cliente e fornecedor, desde abril de 2013, a Susep obrigou as seguradoras a terem uma ouvidoria (leia O que diz a lei). De acordo com a norma, as empresas terão até 15 dias para dar uma resposta à consulta do consumidor. Para isso, o ouvidor terá uma atuação independente. Em conflitos de até R$ 100 mil, o ouvidor poderá arbitrar sem consultar a direção da empresa. Além disso, a Susep, periodicamente, requisitará relatórios e informações da ouvidoria sobre os problemas e o nível de atendimento.