Janot segura cartaz levado por manifestantes
Carlos Chagas
Tenham sido 35, 38 ou 40 os parlamentares integrantes da lista
do Procurador Geral da República ontem entregue ao Supremo Tribunal Federal, a
verdade é que responderão a inquérito criminal aberto naquela corte. Conforme
Rodrigo Janot, quem tiver que pagar, vai pagar. Não haverá sigilo nas
investigações, ainda que até agora não tivessem sido divulgados os nomes dos
supostos envolvidos no escândalo da Petrobras. Eles serão comunicados antes do
conhecimento da relação pela imprensa, numa espécie de deferência a quantos,
mesmo relacionados, ainda devem ser considerados inocentes até que se lhes
prove a culpa.
A expectativa é de que o processo não demore o tempo que demorou
o referente ao mensalão, mas ninguém deve esperar apurações e condenações tão
cedo. A pena, por enquanto, é moral, conhecidos e apontados na rua os
legisladores suspeitos de ter participado da roubalheira na estatal petroleira.
A argumentação de todos, para defender-se, será baseada em que
podem ter recebido para as campanhas eleitorais dinheiro proveniente de
desvios, superfaturamento e aditivos ilegais verificados na Petrobras, por obra
e graça de empreiteiras, doleiros e diretores da estatal, mas não sabiam de sua
procedência. Dirão ter-se comportado de acordo com a lei. A seus advogados caberá
provar a afirmação, ainda que no caso do mensalão, muitos não tenham convencido
os ministros do Supremo e, por isso, sido condenados à prisão.
A grande curiosidade no Congresso e fora do Congresso refere-se
aos nomes dos deputados e senadores envolvidos. Há peixes grandes e peixes
pequenos. Só os detentores de mandatos parlamentares responderão junto ao
Supremo. Além dos que não se reelegeram, governadores e ex-governadores, assim
como ex-ministros, serão julgados em outros tribunais superiores ou na justiça
de primeira instância do Paraná. É grande a expectativa, a desvendar-se nos
próximos dias.
AS GULOSEIMAS DE MADAME
A presidente Dilma anda mesmo num permanente inferno astral.
Depois da reação dos partidos de sua base parlamentar aos ajustes propostas
pelo ministro da Fazenda, e da grosseria de Joaquim Levy diante da desoneração
das folhas de pagamento das empresas, vem a chefe do governo atropelar a lei
válida para todo cidadão e entrar em território brasileiro, em aeronave
presidencial, levando latas de doce de leite uruguaio na bagagem. Qualquer um
que desembarque com essas guloseimas na mala verá elas serem confiscadas e
ainda receberá uma repreensão dos agentes da Alfândega. Já Madame…