Por: Carlos Newton
Foi
inacreditável, impensável e inimaginável a decisão do governo Dilma Rousseff,
que decidiu divulgar que os presidentes da Câmara, deputado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), e do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), estão
incluídos na lista que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está
enviando ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abertura de inquérito sobre
envolvimento de políticos e autoridades federais e estaduais no esquema de
corrupção da Petrobras.
Os
jornalistas que se encarregam da cobertura da Presidência da República fizeram
questão de registrar que a informação lhes foi transmitida por assessores do
Planalto. E não se pode dizer que houve um equívoco e que os assessores tomaram
essa iniciativa por conta própria, porque, com toda certeza, somente liberaram
a notícia mediante autorização superior.
Ninguém
sabe os motivos que levaram o governo a tomar essa insólita atitude de atacar
frontalmente dois líderes políticos que até então eram tidos como supostos
aliados, com agravante de haver recomendação expressa de Lula para que Dilma
procurasse se reaproximar deles. E pior: o vazamento dessa informação altamente
negativa se deu justamente quando estava em curso um esforço de entendimento
político com o PMDB, iniciado por Lula e que vinha sendo costurado pessoalmente
pela própria presidente Dilma.
A ORDEM FOI DIFAMAR
A
liberação dessa notícia altamente desabonadora é ainda mais grave porque em
Brasília todos sabem que o ministro Teori Zavascki, relator dos processos no
Supremo Tribunal Federal, ainda vai demorar muito para divulgar os nomes das
autoridades e dos investigados que têm foro privilegiado. Zavascki já
declarou que vai fazê-lo de uma vez só. Todos juntos. E não um a um, em
conta-gotas, conforme fosse se inteirando de cada acusação.
O
ministro-relator se justificou explicando que, se fosse divulgando um de cada
vez, o parlamentar mencionado ficaria muito mais exposto do que os outros que
ficassem para o final de sua análise. Ou seja, os primeiros nomes a serem
divulgados teriam um juízo na imprensa e na sociedade de maior peso do que os
outros, independentemente da dimensão de seu envolvimento.
E como
procedeu o Planalto? Simplesmente fez o oposto do que sugeriu Zavascki, vazando
propositadamente para a imprensa os nomes de Calheiros e Cunha, sem que se
tenha a menor noção do grau de envolvimento dos dois no esquema de corrupção
montado pelo PT para se eternizar no Poder.
CAVANDO A PRÓPRIA COVA
A
atitude impensada e verdadeiramente suicida do Planalto terá consequências
devastadoras. Foram atingidos justamente os dois dirigentes do Congresso
Nacional, justamente aqueles que vão conduzir a tramitação do inevitável pedido
de impeachment da presidente Dilma Rousseff, mesmo que não fique comprovada a
participação direta dela no esquema de corrupção.
Como
todos sabem, o processo de impeachment é essencialmente político. As provas
podem ser meramente circunstanciais, como ocorreu no caso do presidente
Fernando Collor, que teve de renunciar ao cargo momentos antes de ser cassado,
e 20 anos depois acabou sendo absolvido pelo Supremo.
Agora,
Eduardo Cunha e Renan Calheiros vão demolir o que ainda resta do governo de
Dilma Rousseff, que ficaria na História como a primeira mulher presidente do
Brasil, mas passará a ser a primeira presidenta (ou governanta) a sofrer
impeachment no mundo. É uma pena.
Fonte: Portal - Tribuna da Internet