Moradores e
especialistas revelam que também é necessário investir na Região Metropolitana
e dar independência às cidades goianas vizinhas.
A esperança de quem precisa
passar todos os dias pela BR-040 é que, com a privatização, haja reflexos
positivos no trânsito no trajeto e nas próprias cidades da Região Metropolitana
do DF, que são cortadas pela rodovia. Para moradores e especialistas, não basta
o Estado repassar a responsabilidade da rodovia. Para eles, é preciso investir
na Região Metropolitana para não deixá-la morrer.
O aposentado José das Neves, 67
anos, espera que as mudanças deem alívio para quem precisa ir com frequência,
por exemplo, de Luziânia (GO), onde mora, a Brasília. São mais de 60 km de
distância de lá até a Rodoviária do Plano Piloto. Ele diz que o trajeto nunca
dura menos de duas horas.
Com as obras iniciadas e
perspectivas de benfeitorias, o idoso espera que o trajeto seja feito em menos
tempo e com mais conforto. “Desde que eu tinha 16 anos, ouço essa história de
melhoria. Até agora, tudo o que temos é estrada ruim, paradas de ônibus
horríveis e engarrafamento eterno”.
Aldo Paviani, especialista em
mobilidade urbana, observa que a única justificativa para a concessão é o custo
de manter uma rodovia federal com os próprios encargos do Estado. “Tenho a
impressão de que essas privatizações são para desonerar o Estado do que cabe a
ele gerenciar.”
Nesse sentido, o especialista
acredita que a verba que não será mais usada pelo governo para reparos na
rodovia poderia ser aplicada nas próprias regiões. “É preciso investir nessas
cidades para que elas não dependam totalmente do DF. Construir hospitais,
escolas, empregos. Dar independência a esses lugares”, explica.
Experiência
O casal Erbene Soares e Cássio
Vieira, ambos de 31 anos, moradores de Cidade Ocidental, vivem realidades
diferentes. Ela sai diariamente para o Lago Sul, enquanto ele trabalha na
própria cidade. Erbene conta que leva cerca de duas horas e precisa de dois
ônibus para chegar ao destino. Passando todos os dias pela BR, ela diz: “Não
sei bem o que essa privatização muda na prática. Mas espero que traga coisas
boas para a cidade”.
Atenção para os municípios ao redor
A diretora de Implantação da Via
040, concessionária responsável pelos investimentos na rodovia, Márcia Fragoso,
garante que o principal benefício para os usuários da rodovia é o aumento da
segurança e do conforto.
No entanto, mesmo com investimentos
“importantes, vitais e feitos tardiamente” no único caminho que liga Valparaíso
de Goiás, Cidade Ocidental e Luziânia, o engenheiro civil e professor da
Universidade de Brasília (UnB) Dickran Berberian considera que o crescimento
populacional das cidades pode acarretar problemas. “Em breve, a rodovia
precisará de mais ampliação”.
“Esses lugares vão se transformar
em um grande dormitório e saturar a estrutura de Brasília, que vai ter problema
de trânsito, fornecimento de água e luz, por exemplo”. Essas pessoas, diz,
serão responsáveis por alimentar a economia do DF, deixando quase mortas essas
cidades. “É preciso ter investimento no Entorno”, opina.
Infraestrutura
Para a rodovia BR-040, mais que
preocupações com asfaltos, Aldo Paviani relata que realmente faltam outros
tipos de infraestrutura, como ciclovias e acostamentos. “Lá, o problema nem é
tanto na estrada, mas na falta de distribuição das atividades no anel externo
do DF. Investir em serviços nessas regiões fomenta a permanência da população e
diminui, inclusive, os congestionamentos”, sugere.
Parte da rodovia foi leiloada e
privatizada no final de 2013, e, após um ano, foram iniciadas, entre outras,
obras de restauração.
saiba mais
A concessão do direito de
administração envolve, além de obras nas vias, a manutenção e a conservação dos
trechos.
Sinalização, escoamento,
pavimentação uniforme e assistência aos usuários são itens obrigatórios nos
contratos das firmas que adquirem o direito de cobrar pelo uso das
rodovias.
A diretora de implantação da Via
40 diz que a empresa trabalha para que os usuários trafeguem em uma rodovia de
alto padrão, e isso exige uma série de melhorias que já estão em processo de
implantação.
Fonte: Da redação do Jornal de
Brasília – Com: Jéssica
Antunes