Iphan e Administração de
Brasília não veem impedimento para a construção, que deve demorar até quatro
anos
Os preparativos para a
construção do Memorial Liberdade e Democracia Presidente João Goulart causam
polêmica e reúnem segmentos contrários à obra. Mas ela deverá, sim, virar
realidade. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), o terreno foi cedido ao empreendimento em 2013. Para a Administração
de Brasília, falta apenas a análise da documentação entregue pelo governo anterior,
mas não há evidências de irregularidade no projeto. Mesmo que o próprio
idealizador da obra, Oscar Niemeyer, tenha dito que a construção era imaginada
para outra cidade, o memorial poderá ser erguido em até quatro anos.
Tapumes começaram a ser colocados no terreno reservado ao memorial
O Iphan
aguarda a apresentação do projeto para analisar se o que será feito está dentro
das regras de tombamento. Mas garante que a área está reservada para o
memorial. A Administração de Brasília começará a estudar a documentação deixada
pela gestão anterior. O administrador, Igor Tokarski, garante que não há, por
enquanto, empecilhos. “Essa análise será feita como procedimento de praxe, como
seria feito com qualquer outra obra”, afirmou.
O
projeto foi o último de Oscar Niemeyer aprovado para Brasília. Saiu depois da
viabilização de um convênio, em dezembro de 2012, entre o GDF, por meio da
Secretaria de Cultura, e o Instituto Presidente João Goulart. Porém, agora que
o Memorial está prestes a ser erguido, é alvo de diversos descontentamentos.
João Goulart - Ex-Presidente do Brasil - João
Belchior Marques Goulart, conhecido popularmente como "Jango", foi um
advogado e político brasileiro, 24° presidente de seu país, de 1961 a 1964
Arquitetos
e urbanistas desaprovam a ideia. Uma delas é Maria Elisa Costa, filha de Lucio
Costa e presidente da Associação Casa de Lucio Costa. Para ela, só se
justifica, em Brasília, a existência de um memorial individualizado, que é o de
Juscelino Kubitschek. “Para todos os demais, existe a homenagem no Panteão da
Democracia, na Praça dos Três Poderes. Acho que meu pai seria contrário à
proliferação de memoriais”, disse a arquiteta.
Filho de
Jango, João Vicente Goulart é presidente do Instituto Presidente João Goulart e
defende a construção como a abertura de um espaço dedicado à defesa da
liberdade e da democracia. “Não é para exaltação de João Goulart. É para
debater as grandes questões de quebra de soberania brasileira. Debates que
fazem uma sociedade digna, um espaço para rever os valores nacionalistas e
constitucionais, principalmente nos dias de hoje”, afirmou. João Vicente lembra
que a importância de erguer o memorial foi defendida por Niemeyer e diz que não
há provas de que o arquiteto a queria em outra cidade.
Fonte: Camila Costa –
Correio Braziliense – 29/03/2015