Carlos Newton
Como
dizia Vinicius de Moraes, “de repente, não mais que de repente”, a presidente
Dilma Rousseff entregou o governo e passou a ser a nova versão da rainha da
Inglaterra, que reina mas não governa, nem política nem economicamente.
O
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não dá a menor importância à presidente da
República. Pelo contrário, vive a desmoralizar a imagem dela, depois pede
desculpas e estamos conversados.
Ciente
de que perdeu toda a força política (se é que já teve alguma força política…),
Dilma Rousseff foi obrigada a chamar o vice-presidente Michel Temer para lhe
entregar a Articulação Política do governo, depois de deixá-lo à margem do
poder por longos 4 anos.
Temer
é um profissional, não passa recibo. Como professor de Direito Constitucional,
sabe que tem obrigação de obedecer à presidente, e faz isso com prazer, para ir
assumindo o poder aos pouquinhos, saboreando cada instante. Enquanto Dilma
desce, Temer sobe, inexoravelmente.
RAINHA DILMA
Não há
dúvidas de que a rainha Dilma já não governa mais. Simplesmente, terceirizou a
administração pública, entregando-a ao PMDB, que já dominava o Legislativo e
rapidamente passou a comandar também o Executivo. Aonde isso vai dar, ninguém
sabe, porque até hoje não inventaram a convivência pacífica entre partidos
políticos, quando se trata de disputa direta de poder.
É tudo
uma questão de tempo. Já se sabe que o PT está podre e o governo, também. A
cada dia aumentam os problemas, sem que apareça a menor possibilidade de serem
solucionados. A cúpula do governo assiste ao cerco se apertando, sem conseguir
esboçar reação. É como a famosa tortura chinesa, que vai apertando um pouco a
cada dia, num processo desesperador.
SUCESSÃO DE ESCÂNDALOS
Além
da desmoralização da Petrobras, já temos uma sucessão de escândalos: o caso do
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a Eletrobrás, os fundos de pensão,
o BNDES, o Conselhinho da Comissão de Valores Mobiliários, o chamado Sistema S,
é um nunca-acabar que vai destruindo as bases do governo, num processo
inexorável.
No
desespero, a presidente Dilma Rousseff se vê obrigada a recorrer a Lula, que na
verdade é seu pior inimigo e apenas tenta salvar o governo do PT, pouco ligando
para ela. Mas acontece que Lula também está com validade vencida, não tem a
menor condição de resolver a crise, está tão perdido e envolvido quanto ela.
TERCEIRIZAÇÃO
A
solução desesperada foi terceirizar o governo para o PMDB, que também está
envolvido na corrupção, mas em escala muito menor, e até agora o vice Michel
Temer não foi atingido. Ele já está de mudança para seu gabinete no Anexo I da
Câmara dos Deputados, de onde comandará o circo da política, mudando o eixo do
poder para o Congresso.
A
destruição do governo e do PT é só uma questão de tempo. Com aliados como Michel
Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, a presidente Dilma Rousseff nem precisa
de inimigos e realmente está com seus dias contados. Vai ficar na História como
a Viúva Porcina da política, “aquela que foi sem ter sido”, como dizia o
escritor Dias Gomes.
Tribuna da Internet