Por:Carlos Chagas
Uma
das maiores distorções dos tempos modernos refere-se à comunicação social.
Quando um governo vai mal, por conta de suas próprias limitações, defeitos e
incompetência, a primeira desculpa que se ouve é de que perdeu a batalha da
comunicação, como se informações e campanhas publicitárias tivessem o dom de
varinhas de condão. Se não há o que informar ou promover, mas, ao contrário, se
os malfeitos dão a tônica, de que maneira aceitar o canhestro raciocínio?
Vivemos
um desses períodos, onde os donos do poder sustentam ser a imprensa a
responsável por seus fracassos. É claro que a mídia erra, comete equívocos e
até desatinos. Mesmo assim, torna-se incapaz de alterar a natureza das coisas.
Além de existir a lei, para os abusos praticados. Basta ler a Constituição, em
variados artigos. Ela garante a liberdade e coíbe os abusos.
Em
preparação ao seu novo Congresso Nacional, o PT dá sinais de que investirá
outra vez contra os meios de comunicação, culpando-os pela péssima imagem do
partido e do governo. Por isso estão reavivando a proposta da regulamentação da
mídia. Prometem não se imiscuir no conteúdo das notícias e não explicam direito
o que pretendem. Mas só pode ser a imposição de suas versões e a limitação do
direito de cada jornal, revista, rádio ou televisão divulgarem o que imaginam
ser da preferência de leitores, ouvintes e telespectadores. Porque um princípio
maior rege a atividade dos meios de comunicação: cair no gosto da sociedade.
Caso contrário, não faturam e vão à falência.
Se
transformados em boletins dos detentores do poder, não despertarão a
curiosidade do público. Há perigo nessa concepção própria do sistema
capitalista, capaz de estimular a manipulação dos temas a ser apresentados, mas
ainda é o menos pior, porque a contrapartida seria a imposição de material
rejeitado pela maioria. Nem se fala da censura, que vivemos de quando em
quando, o mais deslavado mal capaz de ser praticado contra a mídia e contra a
sociedade.
UM URUBU SOBRE NÓS
Dificilmente
o Legislativo aprovará a tal regulamentação sustentada pelo PT, que outra vez
voa sobre nós como um urubu em busca de carniça. Estivesse o partido cumprindo
suas promessas, mudando e aprimorando o regime e as instituições, jamais os
companheiros cogitariam da aplicação dessa lei celerada que apresentam como
pretexto para a incompetência de seu governo. Vale aquela máxima de Lincoln, de
que é possível enganar a todos por pouco tempo, ou a poucos por todo o tempo,
mas jamais a todos por todo o tempo. Nem para a imprensa, nem para o poder
público, será possível sobreviver da enganação.