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Taxistas fazem protesto no DF contra aplicativo de transporte particular

Fila de táxis no Eixo Monumental, em Brasília, durante protesto de motoristas contra aplicativo de transporte privado (Foto: Luciana Amaral/G1)

Para sindicato, Uber não oferece segurança e é 'pirataria disfarçada'. Serviço não é regulamentado na capital; empresa diz ter critérios rigorosos.


Taxistas do Distrito Federal realizaram na manhã desta quarta-feira (8) um protesto pelo Eixo Monumental contra o funcionamento do aplicativo de transporte particular Uber. Eles saíram às 11h05 do estacionamento em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha e foram em carreata ao Palácio do Buriti, onde entregariam ao secretário de Mobilidade Urbana, Carlos Tomé, um documento com reivindicações da categoria contra o transporte pirata.

Uma das seis faixas da via foi fechada pelos taxistas. De acordo com o sindicato da categoria, 150 veículos participaram da carreata.

Os taxistas pedem o fim do aplicativo por considerá-lo acesso ao transporte pirata e prejudicial ao faturamento dos motoristas de táxi convencionais. "Estão querendo legalizar um transporte pirata. Estamos perdendo até 40% do faturamento com isso. Eles falam que têm carros executivos, mas nós também temos. A frota de Brasília é a mais nova do país e os taxistas também andam arrumados", afirmou um dos diretores do Sinpetaxi, Sérgio Aureliano.

A frota da capital federal conta com 3,4 mil veículos e 5 mil taxistas, segundo o sindicato. Após o protesto no Buriti, o grupo deve seguir até o Ministério dos Transportes, na Esplanada dos Ministérios.

Em funcionamento desde novembro de 2014 em Brasília, o Uber é um programa que pode ser baixado de graça em smartphones e funciona como uma ponte entre usuários e motoristas que prestam corridas, como os táxis. Na cidade, a única modalidade disponível é a "UberBlack", que presta o serviço em carros pretos de luxo com atendimento especial.

Segundo o Uber, todos os veículos têm menos de três anos de uso, banco de couro e ar-condicionado sempre ligado. Os motoristas são treinados para abrir a porta para o passageiro, disponibilizar água e perguntar qual a rádio de preferência.

Não são feitos pagamentos em dinheiro ou com cartão de crédito dentro do veiculo. O valor da corrida é descontado do cartão indicado pelo cliente no momento do cadastro no aplicativo. A tarifa base na capital é de R$ 4, R$ 0,25 por minuto mais R$ 1,75 por quilômetro. O valor é cerca de 5% mais caro do que os táxis comuns.

'Pirataria disfarçada'
Para a presidente do Sinpetaxi, Maria Santana, o serviço é "pirataria disfarçada". "A categoria é extremamente contra. Isso é uma pilantragem e um exercício ilegal da profissão. Eles estão oferecendo as corridas por qualquer preço."

O Uber não é regulamentado pelo governo do DF e, de acordo com a Secretaria de Mobilidade, "será tratado como transporte pirata sujeito a autuações e multas". A punição para quem for pego oferecendo o serviço é de R$ 2 mil, mas, em caso de reincidência, pode chegar a R$ 5 mil.

Uber foi alvo de protestos no Rio e também em outras cidades do mundo. (Foto: Getty)
Segundo Maria, quem recorre ao Uber também se arrisca ao andar com alguém não registrado pelo governo. "É um perigo grande. Nós não sabemos sobre a carteira de habilitação desses motoristas. Eles têm capacitação? Tem um monte de registros contra motoristas do aplicativo na 5ª DP. A gente ainda sofre tanto para tirar documentos, como o 'nada consta'. Eles estão concorrendo com quem anda direito. É desleal." 

Questionada pelo G1, a Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que não tem dados de autuações compilados. A Polícia Civil informou que não divulga estatísticas, portanto não pode confirmar os registros.

O porta-voz do Uber no Brasil, Fábio Sabba, afirmou que trabalha junto ao poder público para criar um marco civil para a economia colaborativa e comparou a polêmica ao uso de redes sociais.

"A inovação e os avanços da sociedade sempre precedem as regulações. Podemos citar como exemplos as redes sociais e os sites de conteúdo gerados pelos usuários, que foram regulamentadas somente depois do marco civil da internet."

Em relação à segurança, Sabba disse que o Uber checa antecedentes dos prestadores de serviço nas esferas federal e estadual e exige carteira de motorista com licença para exercer atividade remunerada, além de seguro para o carro, condutor e passageiro. Outros pontos apontados por Sabba são a privacidade dos telefones, a possibilidade de se compartilhar o trajeto com uma terceira pessoa, a dispensa de dinheiro durante a corrida e a avaliação dos envolvidos.

"A inovação e os avanços da sociedade sempre precedem as regulações. Podemos citar como exemplos as redes sociais e os sites de conteúdo gerados pelos usuários, que foram regulamentadas somente depois do Marco Civil da Internet"
Fábio Sabba, porta-voz do Uber no Brasi

"Após cada viagem, o usuário precisa dar uma nota para o motorista, de uma a cinco estrelas. Caso ela se mantenha abaixo da média [4,6], recebe um feedback para que possa aprender e melhorar. Se mesmo assim se mantém com nota baixa, é desligado da plataforma. A média nacional é de 4.8, o que mostra que o usuário aprova o serviço. O motorista também dá uma nota para o passageiro. O próprio usuário também pode ser desligado."

A empresa se negou a divulgar quantas pessoas utilizam o Uber em Brasília e quais as rotas mais comuns.

Usuários
O planejador financeiro Lino Gill usa o Uber desde que mora em Brasília. Gill afirmou ter conhecido o serviço nos Estados Unidos há três anos e falou que gosta da qualidade diferenciada oferecida. "São motoristas executivos. Você tem copo d`água, balinha, educação do motorista. Não dá para ser comparado aos transportes piratas. O aplicativo foi só uma junção tecnológica de quem presta e de quem procura o serviço."

Um motorista que aderiu ao Uber, mas preferiu não ser identificado com medo de retaliações dos taxistas, afirmou que tem mais clientes e se sente mais seguro desde que passou a trabalhar pelo aplicativo. "Aumentou minha carteira de pessoas e não ando com dinheiro, fico mais tranquilo, sem dúvida." Antes ele trabalhava como motorista particular em uma locadora e disse que o salário aumentou em até 40%.

O motorista também rebateu a ideia de que fornece um serviço ilegal. "Nós estamos fazendo um serviço particular, não saímos pegando clientes pela rua nem em pontos de ônibus. Eu costumo comparar com diaristas que você contrata de forma esporádica ou paga o mês inteiro."

Polêmicas com o Uber
O aplicativo vem causando debates em diversas cidades, como Rio de Janeiro, Nova York, Paris, Nova Délhi e Fukuoka.

Em junho do ano passado, motoristas cariocas bloquearam ruas da cidade e se articularam para colocar em pauta na Câmara Municipal um projeto de lei para banir o Uber da cidade.

A Prefeitura do Rio diz que só motoristas e carros cadastrados poderiam fazer esse tipo de transporte. A Secretaria Municipal de Transportes emitiu um ofício à Delegacia de Repressão de Crimes de Informática, que tem um inquérito em curso para investigar programas como o Uber. Nesta quarta, taxistas do Rio fizeram uma carreata pela cidade contra o aplicativo.

Um motorista que usava o Uber foi preso na França em 17 de janeiro deste ano sob a acusação de assediar sexualmente uma passageira em frente a uma boate em Paris, segundo reportagem do jornal local “Le Parisien”.

O porta-voz da empresa na França, Thomas Meister, disse ao site “The Verge” que o motorista acusado foi “imediatamente suspenso” no momento em que a companhia foi informada do incidente.

Após registrar um caso de estupro em um de seus veículos na Índia, o Uber implantou no dia 11 de fevereiro um “botão do pânico” em seu aplicativo. O Ministério dos Transportes japonês baniu o projeto piloto, citando potenciais questões legais.


Fonte: Luciana Amaral
Do G1 DF

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