Temer (C), em reunião com a base: encontros para negociar arrocho
A presidente Dilma Rousseff convocou todos os
ministros a pressionar as respectivas bancadas para garantir a aprovação do
projeto que aumenta as alíquotas que incidem sobre a folha de pagamentos. A
ordem foi dada na manhã de ontem, durante reunião da coordenação política, com
a presença de 18 pessoas, entre elas, 13 ministros de diversas legendas, o
vice-presidente da República, Michel Temer, e líderes do governo no Congresso,
no Senado e na Câmara. Paralelo a isso, a Secretaria de Relações Institucionais
(SRI), a Vice-Presidência e a Casa Civil aceleram as nomeações no segundo
turno, com o objetivo de evitar surpresas na Câmara e no Senado.
O PTB,
por exemplo, que votou rachado nas duas medidas provisórias do ajuste fiscal,
será convocado para conversar sobre a ampliação dos espaços ainda esta semana e
evitar sustos no debate do projeto de desoneração da folha. Após receber o aval
para a manutenção de Rubens Rodrigues dos Santos na presidência da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), o PTB prepara-se para negociar outros
cargos.
A legenda
quer a presidência da Casa da Moeda e a manutenção da vice-presidência de
governo do Banco do Brasil, além dos comandos da Superintendência de Seguros
Privados (Susep), do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e uma diretoria da
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Não podemos falar nada agora para
não atrapalhar as conversas”, disfarçou o líder do PTB na Câmara, Jovair
Arantes (GO).
O PP, que
também apresentou muitas defecções durante a votação das medidas provisórias,
apresentou ao Planalto o nome de Felipe Mendes de Oliveira para a presidência
da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
Ex-secretário executivo do Ministério das Cidades na gestão de Márcio Fortes,
Felipe é piauiense e afilhado político do presidente do PP, senador Ciro
Nogueira (PP-PI), um dos citados na Operação Lava-Jato.
Mas o PP
não está de olho apenas na Codevasf, embora o cargo já tenha sido um prêmio e
tanto, pois, para agradar aos pepistas, o Planalto desalojou Elmo Vaz, afilhado
político do ministro da Defesa, Jaques Wagner. A legenda, que luta por outros
cargos no segundo escalão, tem diversos políticos investigados pelo Supremo
Tribunal Federal (STF) por causa do escândalo da Petrobras. E, até o momento,
não prometeu apoio incondicional ao projeto da desoneração. “Ainda vamos
debater esse assunto, não fechamos questão em torno da matéria”, disse o líder
do PP na Câmara, Dudu da Fonte (PE).
Briga por espaço
Além da
Codevasf, o PP disputa com o PMDB — mais especificamente com o ministro do
Turismo, Henrique Eduardo Alves, a presidência do Departamento Nacional de
Obras contra a Seca (Dnocs). “Queremos ter o comando integral de nosso
ministério. O Dnocs está ligado ao Ministério da Integração Nacional, não ao
Turismo”, queixou-se Dudu da Fonte.
Se não
conseguir recuperar o comando do Dnocs, Henrique Alves deve emplacar Vinicius
Lummertz, atual secretário de Políticas de Turismo na presidência da Embratur.
Além do apoio do ministro, ele também era ligado ao senador Luiz Henrique
(PMDB-SC), morto na semana passada após um enfarto fulminante. Seria o segundo
nome ligado ao PMDB catarinense emplacado no segundo escalão. O primeiro é
Djalma Berger, irmão do senador Dario Berger (PMDB-SC), que presidirá a
Eletrosul.
FHC: “Roubo em nome de uma causa”
A propaganda eleitoral
do PSDB que irá ao ar na noite de hoje vai enfatizar a corrupção, os erros na
gestão do país e o estelionato eleitoral que levou à reeleição da presidente
Dilma Rousseff. Em sua intervenção, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
dirá que “nunca antes na história deste país se errou tanto e se roubou tanto
em nome de uma causa” — em entrevista ao jornal Financial Times, FHC afirmou
que o “sistema político brasileiro está quebrado”. Já o senador Aécio Neves
(MG) afirmará que “o PSDB respeita o resultado das eleições, mas que os
brasileiros também elegeram uma oposição”. Ele ainda apontará os “estelionatos
eleitorais” do governo Dilma.
Por:Paulo de Tarso Lyra – Julia
Chaib – Correio Braziliense