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O Haiti não deveria ser aqui

Governar dá status e trabalho. Mais fácil e cômodo é ficar na oposição.

Depois de 13 anos no poder e diante da dura realidade que vai se apresentando, com a falência generalizada da economia, o governo e a população começam a colher os frutos de uma administração que, em todos os sentidos, se mostrou desastrosa e ameaça, agora, deixar o país em ruínas.

Em qualquer setor público que se examine a qualidade de gestão, feita nesse período, o resultado é decepcionante e aponta para futuro preocupante para todos. Do mesmo jeito que os brasileiros são chamados a arcar com os prejuízos na economia, por meio do arrocho e dos aumentos nos impostos, as gerações vindouras também serão afetadas, em maior ou menor grau, com as trapalhadas feitas por este governo. A maioria dos brasileiros começa a pressentir que a herança deixada pelo atual governo será pesada e nefasta.

Em antropologia, o rufar dos tambores (panelaço) tem como significado, desde tempos imemoriais, de espantar os maus espíritos e despertar a alma de cada um, adormecida pelos efeitos do feitiço. As escolhas impensadas do presente podem nem esperar pelo futuro para manifestar logo a face perversa.

Uma pequena amostra das incertezas sobre o futuro estàacontecendo agora com o caso da imigração de populações vindas do Haiti. O sonho de obter uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, como meio imaginado de bloquear as ações dos EUA naquele organismo, levou os estrategistas do governo petista a envolver o Brasil em ações extraterritoriais, como no caso do Haiti. A pretexto de empreender ações humanitárias, quando o objetivo era claramente político-ideológico, o Estado se viu, agora, na condição, sem saída, de dar abrigo a grandes levas de haitianos. O que deveria ser ação humana e meritória, de colher condignamente os refugiados, se transformou em imbróglio de bom tamanho, colocando os governos de São Paulo e do Acre em pé de guerra, o que exigiu intervenção imediata do Ministério da Justiça, suspendendo o transporte dos imigrantes entre os dois estados.

Conhecedor das fragilidades das fronteiras e da inoperância das autoridades brasileiras, os coiotes, especializados em traficar populações em situação de risco, estão enchendo a mala de dinheiro. Como não se tem, até o momento, planejamento para alocar essa gente em condições dignas, fica mais esse problema lançado também para o futuro.


Por: Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense  

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