Cerca de 400 pessoas estiveram ontem na assembleia, em frente ao Palácio do Buriti
Agentes decidem fazer atendimentos com restrições a partir de
hoje e o movimento pode ser intensificado a partir de 1º de junho.
Manifestantes pedem melhores condições de trabalho e que os 475 aprovados no
último concurso sejam chamados
Quem precisar da Polícia Civil a partir de hoje pode
encontrar dificuldades. A categoria decidiu entrar em operação padrão e
decretou estado de mobilização. Os policiais definiram, em assembleia realizada
na tarde de ontem, não sair às ruas com menos de três agentes no carro. A
medida independe do grau de violência dos casos e dura, segundo os policiais,
por tempo indeterminado. Além disso, a classe também definiu que os
cumprimentos de mandados de prisão só serão feitos com a presença de seis
agentes. As decisões foram tomadas pela maioria dos votos na praça do Palácio
do Buriti, por volta das 17h de ontem. Estiveram reunidos cerca de 400
servidores da corporação, segundo o Sindicato dos Policiais Civis do DF
(Sinpol-DF), além dos aprovados no último concurso em 2013 e que ainda não
foram chamados.
A
iniciativa visa chamar a atenção para a falta de pessoal na corporação, um dos
maiores problemas enfrentados pela categoria, segundo o Sinpol. Dados do
sindicato mostram que existem, hoje, 4,8 mil policiais distribuídos em 90
unidades. Entre as principais reivindicações, estão a convocação dos 475 aprovados
no último certame, as melhores condições de trabalho e o reconhecimento da
carreira como nível superior.
Na
assembleia, eles também definiram que na terça-feira (26 de maio), as
delegacias que operam como centrais de flagrantes só registrarão ocorrências
durante as primeiras 24 horas. No mesmo dia, as demais unidades policiai só
farão o cadastro de ocorrências criminais. Registros de extravio de documentos
e acidente de trânsito sem vítima, por exemplo, não serão realizados. A
categoria marcou nova assembleia para 1º de junho, quando pode decidir pela
radicalização do movimento — com paralisação, greve e até fechamento de
delegacias.
Academia
O
presidente do Sinpol-DF, Rodrigo Franco, explicou que atender a ocorrências com
menos de três policiais é uma atitude tomada pelos próprios agentes para
driblar as dificuldades. “Vamos cumprir, a partir de agora, o que ensina a
Academia de Polícia. O que sempre fizemos é tentar dar um jeito com menos
profissionais, mas isso é um risco”, esclareceu. Segundo Franco, a categoria
precisa de condições adequadas de trabalho. “Hoje, o agente de polícia faz o
trabalho de escrivão e até de delegado. Precisamos de melhor estrutura para
oferecer um serviço adequado à população do DF. Muitos agentes estão adoentados
por causa da sobrecarga de trabalho”, destacou.
O Correio
procurou a Polícia Civil, mas a Divisão de Comunicação informou, por e-mail,
que a direção-geral da corporação só vai se manifestar quando for oficialmente
comunicada das deliberações da assembleia. A assessoria de imprensa da
Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do DF afirmou que o
diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, seria o responsável por falar pelo
governo a respeito do assunto. A reportagem entrou em contato com o delegado,
mas ele estava em reunião.
Por: Isa Stacciarini – Correio Braziliense – 22/05/2015