Homem olha para a tela do celular enquanto anda próximo ao
Conjunto Nacional: desatenção recorrente
Roubos e furtos a pedestres aumentaram, nos cinco
primeiros meses de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado. Polícia
alerta que o uso do aparelho em público facilita a ação criminosa
É comum ver pedestres falando ao celular ou enviando mensagem
de texto enquanto caminham pela cidade. Na região central do Plano Piloto, o
Correio flagrou vários. Esses casos são apontados pela Polícia Militar como
fatores atraentes para bandidos, pois a distração provocada pelo uso do
aparelho facilita a ação criminosa. “Eles observam se a pessoa está atenta. Se
não estiver, aproveitam para agir. Os bandidos preferem a facilidade oferecida
pelos distraídos”, explica o porta-voz da corporação, capitão Michello Bueno.
Na manhã
de ontem, por volta das 10h20, dois jovens foram abordados por uma dupla de
assaltantes nas proximidades do Parque da Cidade, na 114 Sul, e tiveram os
smartphones roubados. A Polícia Militar foi acionada e encontrou os suspeitos
cerca de 20 minutos depois, na 114 Sul. Com eles, os celulares roubados e uma
arma de brinquedo.
O número
crescente de furtos e roubos a pedestres, no Distrito Federal, mostra que o
descuido das pessoas é notado pelos criminosos. Nos primeiros quatro meses de
2015, foram registrados 11.145 casos de roubo a transeunte, contra 10.595 no
mesmo período do ano passado. Já os furtos, nos primeiros quatro meses deste
ano, somam 1.060, contra 934 registros de janeiro a abril de 2014. As regiões
mais afetadas são Ceilândia, Taguatinga e Samambaia.
Segundo o
especialista em segurança pública Roberto Aguiar, professor aposentado da
Universidade de Brasília (UnB), o uso excessivo do aparelho celular promoveu
uma oferta muito grande para o crime. “Todo mundo tem celular, ele se tornou um
símbolo de status, então as pessoas querem mostrar. Estão com os aparelhos na
mão o tempo todo, o que chama a atenção dos criminosos”, afirma.
Shara
Gabriela Pereira, 16 anos, teve o smartphone furtado na Rodoviária do Plano
Piloto no começo do mês. A estudante estava acompanhada do namorado, Pedro
Paiva, 19. Os dois aguardavam um pedido na lanchonete do terminal quando a moça
percebeu que a mochila tinha sido aberta. “Fui pegar o celular e percebi o que
tinha acontecido.” O casal não percebeu em nenhum momento a ação. “Foi muito
rápido. Estávamos virados para o balcão, a mochilas nas costas dela. Nem quem
estava por perto viu algum movimento”, conta o auxiliar contábil.
Os crimes
em outras regiões do DF se diferenciam do Plano Piloto. Os ladrões fazem uso de
motocicletas, bicicletas, como apoio para ações. A cabeleireira Josiane
Rodrigues da Silva, 26 anos, foi assaltada duas vezes a menos de 500 metros de
sua residência, no Sol Nascente, em Ceilândia. A última, há cerca de dois
meses. Ela estava acompanhada da filha de 2 anos. “Um rapaz que aparenta ser
adolescente se aproximou em uma bicicleta e pediu que eu passasse todos os meus
pertences”, lembra.
Insegurança
O
secretário de Segurança Pública, Arthur Trindade, destacou que as forças de
segurança têm feito ações integradas para reduzir os índices. Ele ressaltou que
crimes contra pedestres e coletivos impactam diretamente na sensação de
insegurança da população e diminuem a qualidade de vida. “As pessoas são
rendidas no momento em que se deslocam para o trabalho ou retornam para casa,
entre as 18h e as 21h. Estamos planejando ações abrangentes para lidar com a
sensação de insegurança”, destacou.
O chefe
do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOE/PMDF), coronel Mauro de
Faria Lemos, garantiu que a corporação intensificou o policiamento em locais
onde há maior fluxo de pessoas. “Colocamos nas ruas mais 300 policiais. São 150
a pé e outros 150 em viaturas. Com isso, aumentou em 46 o número de carros nas
ruas”, ressaltou.
Dicas de
segurança
» Não
ande com objetos de valor à mostra;
» Evite
andar desacompanhado, em locais de pouco movimento e à noite;
» Evite
sacar grandes quantias em dinheiro e ir a caixas eletrônicos à noite;
»
Programe-se para portar apenas um cartão de crédito;
» Não
contabilize dinheiro em locais públicos;
» Ande
com pouca quantia de dinheiro na carteira e na bolsa;
»
Mulheres, ao usar bolsa, coloquem à frente do corpo ou cruzando no ombro;
» Homens
devem evitar usar roupas frouxas que facilitem ao suspeito pegar a carteira no
bolso;
» Não
atender o celular em locais públicos;
» Ao
caminhar, observe o que acontece ao redor;
» Ao ver
alguma pessoa suspeita acione a polícia;
» Se
alguém tentar levar algo, não reaja;
»
Registre a ocorrência na delegacia mais próxima.
* Por:Thiago Soares - Isa Stacciarini - Bethânia Nunes - Correio Braziliense