Se tem uma coisa que ninguém consegue esconder por muito
tempo é notícia ruim. Ainda mais quando o assunto é escandaloso e envolve gente
do governo, num redemoinho onde bilhões de dólares, oriundos de negócios
ilícitos, voam de um lado para o outro.
Desde que
o Brasil ameaçou alçar voo, no início desta década, o mundo inteiro passou a se
interessar mais por esta parte do globo. Afinal, para um país que entrava no
seleto grupo das sete maiores economias do planeta, as oportunidades de
investimentos se abriam para todos, indistintamente. O Brasil, diziam todos, é
a bola da vez. Frustradas essas expectativas, soterradas por uma sucessão de
erros grosseiros, o que ficou daquele breve período de falsa euforia foi a
imagem que correu o planeta mostrando um Cristo Redentor, transformado agora em
um foguete em rota de colisão contra o solo. Nada mais emblemático.
Ficasse a
imagem do país restrita apenas a essa tentativa fracassada de se erguer como
economia avançada, não seria um grande problema, já que em outras partes do
mundo, inclusive na Europa, ainda se fazem presentes os efeitos da última
grande crise generalizada na zona do euro. A profunda crise econômica
experimentada hoje pelos brasileiros, capaz de pôr a perder toda uma década de
esforços, veio acompanhada pelo maior esquema de corrupção já visto em toda a
história do país.
Não há
como negar: a crise econômica, que alguns atribuem à queda nos preços das
commodities nos mercados internacionais, foi catalisada, em grande parte, pelos
descaminhos do dinheiro público, perdido nos ralos da corrupção generalizada e
pela descrença geral dos atores econômicos numa possível recuperação do país. A
corrupção, além de minar a confiança dos investidores, leva ao descrédito as
ações do governo e, por tabela, afugenta quem poderia contribuir para dias
melhores.
Pior
ainda do que o grau de desconfiança da população na possibilidade de esse
governo recuperar o estrago feito por ele próprio é o retrato do Brasil que vem
sendo pintado pelos maiores veículos de comunicação do mundo. A ideia de que o
Brasil não é capaz de tomar assento definitivo entre as potências mundiais
decorre, também, da péssima imagem que nossas lideranças transmitem para o
exterior. Com esse comando, a nau está com rumo incerto e não sabido.
A frase que não foi pronunciada
“Todos
já deram sua cota pelo país. Executivo, Legislativo e Judiciário. Agora é a vez
das vozes fortes das ruas.”
Fonte: Circe Cunha – Coluna “Visto, lido e ouvido” Ari Cunha –
Correio Braziliense