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#TRANSPORTE » GDF coordena debate do Uber

O vice-governador, Renato Santana, realizou ontem a primeira reunião para tentar chegar a um entendimento sobre o uso do aplicativo na capital. Todos os interessados participarão dos encontros, mas taxistas resistem ao serviço

A briga entre taxistas convencionais e profissionais do aplicativo Uber será mediada pelo vice-governador, Renato Santana. A previsão é de que, na próxima semana, ocorra uma reunião para discutir a disputa entre as categorias, mas desta vez, com a participação de representantes do sindicato, das cooperativas e de outros aplicativos usados por taxistas do Distrito Federal, como o Easy Taxi e o 99taxis. Ontem, apenas Santana, o deputado Rodrigo Delmasso (PTN), autor do Projeto de Lei nº 282/2015, que proíbe o uso dessa tecnologia no DF, e representantes do Uber conversaram.

Entre outros temas, teria sido sugerido na reunião o veto ao artigo 7º, por exemplo, que proíbe aos motoristas particulares que não sejam cadastrados pelo governo de atuar no DF. A rodada de negociações antecede à tomada de decisão do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) sobre se barra ou não a norma. Ele pode até aprovar apenas parcialmente o texto aprovado em tempo recorde pela Câmara Legislativa (leia Memória). O prazo para análise do Executivo local termina em 6 de agosto. “Fui chamado para esse encontro para explicar o objetivo do projeto. O pessoal do Uber falou das preocupações deles e decidimos sentar com os taxistas para negociar”, resumiu Delmasso.


Em 8 de julho, motoristas do Uber fizeram uma manifestação em frente ao Palácio do Buriti: pressão para que o aplicativo seja liberado

A presidente do Sinpetaxi, Maria do Bonfim, não quis comentar o encontro de ontem e disse que ainda não havia sido convidada para a próxima reunião. Em nota, o Uber manifestou a satisfação em aprofundar o diálogo com o poder público. “Queremos uma regulação que sirva para fomentar a inovação e melhorar o trânsito. Para isso, é necessário haver uma ampla discussão entre a sociedade. Queremos, sobretudo, um ambiente regulatório que não burocratize o uso da tecnologia.” Os representantes do aplicativo reiteraram que não é possível uma comparação com outros aplicativos, “porque o Uber conecta usuários a motoristas particulares e não a táxi”.

Agressão na rua
A meta, segundo o vice-governador, é chegar a uma solução que seja boa para todas as partes envolvidas, desde que o foco seja o bem-estar dos usuários. “Esses agentes ainda não haviam se sentado à mesa para buscar uma solução. Não podemos permitir que, na capital da República, episódios de violência como o ocorrido no aeroporto se repitam”, afirma Santana. O caso citado aconteceu no começo do mês, quando um motorista de agência de turismo uniformizado foi agredido no terminal aeroviário por taxistas que o confundiram com condutor do Uber. O homem tinha ido buscar o cantor Sérgio Reis. Em repúdio, proprietários de vans, carros e transporte de turismo saíram em carreata pela cidade no último dia 13.

Dessa forma, o governo tem sofrido pressões de todos os lados. O Sinpetaxi quer o Uber fora de operação. Em 29 de junho, a categoria fez uma manifestação. No último dia 8, um grupo de 50 pessoas lideradas pelo Instituto Liberal do Centro-Oeste (ILCO) e pela parte brasiliense do Movimento Brasil Livre (MBL) fizeram um protesto em frente ao Palácio do Buriti em apoio aos motoristas do aplicativo. Eles pediam o veto do governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ao projeto de lei que regulamenta o uso de aplicativos de transporte individual e proíbe o Uber.

Segundo Santana, é preciso chegar a um consenso sobre o assunto, e isso passa por discussões sobre como o GDF pode permitir o uso de aplicativos e se existe alguma incompatibilidade. “O Uber funciona em outros lugares do mundo com os serviços Uber Black e Uber Táxi, por exemplo. O fato é que, hoje, o táxi é regulamentado pelo governo. E o Uber, quem regula?”, questiona.

Investigação do Cade
A guerra travada pelo Sinpetaxi do DF e de São Paulo contra o Uber será analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), após denúncia de postura considerada “anticompetitiva”. A queixa partiu dos diretórios centrais dos estudantes do UniCeub e da Universidade de Brasília (UnB).

O órgão investigará os trabalhadores da categoria por possíveis infrações contra a Lei de Defesa da Concorrência. O conselho deve avaliar as ações do Sinpetaxi/DF, do Simtetaxi/SP, da Associação Boa Vista de Táxi — Ponto 1813 e de José Renan de Freitas. No documento, os estudantes ressaltam que essas entidades tentam “obstaculizar a prestação de serviços de transporte de passageiros, entre os quais se destaca o Uber”.


Fonte: Adriana Bernardes – Correio Braziliense – Foto: Rodrigo Nunes/ CB/D.A./ Pres - Google

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