test banner

Os perigos das pedaladas para o DF

Agnelo passa a faixa a Rollemberg: dívidas de um governo para o outro

O principal argumento da presidente Dilma Rousseff (PT) para evitar a reprovação das contas públicas no Tribunal de Contas da União (TCU) é que 17 governos estaduais se beneficiaram da mesma prática, as pedaladas fiscais, no último exercício financeiro. Em entrevista ao Correio publicada domingo, o ex-governador do DF Tadeu Filippelli (PMDB) admitiu que pagar salários de dezembro com orçamento do ano seguinte é comum no DF — o que caracterizaria a versão local do artifício. Especialista em economia alerta que a comparação com as unidades federativas feita pelo governo federal não é adequada porque o caso nacional é mais grave e envolve outros mecanismos de maquiagem fiscal. Mas os responsáveis podem responder igualmente por ação de improbidade administrativa.


Em novembro do ano passado, na época da transição de governo, o atual chefe do Executivo local, Rodrigo Rollemberg (PSB), expôs pela primeira vez o temor em relação à situação financeira que assumiria o GDF. Naquela ocasião, o socialista afirmou que o antecessor, Agnelo Queiroz (PT), não deixaria dinheiro em caixa e seria “inevitável” usar recursos de 2015 para quitar, em 5 de janeiro, vencimentos dos professores referentes a dezembro — o que violaria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Na época, a Secretaria de Educação convocou coletiva para admitir que o medo de Rollemberg era realidade. A justificativa, no entanto, é que isso acontece “há 30 anos”.

Segundo Filippelli, a prática seria mais recente e ocorreria há 13 anos: “Desde que existe o Fundo Constitucional do DF, todos os governadores pagaram a folha de dezembro com o primeiro duodécimo do ano seguinte. Isso é a pedalada”, afirmou. A procuradora-geral do GDF, Paola Ayres, afirma que, de fato, o governo passado não deixou recurso e fez a pedalada fiscal. “Isso é feito historicamente no DF. Em 2012, contudo, o Tribunal de Contas do DF (TCDF) fez um alerta de que o governo deveria regularizar a situação de forma gradual. Apesar disso, a atual gestão teve de usar verba deste ano para quitar vencimentos do exercício financeiro anterior. Agora, estamos trabalhando para nos adequar às exigências do TCDF”, garante. O órgão não quis se manifestar porque em setembro serão julgados as contas do governo passado.

O professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira critica a comparação feita pelo governo federal. “O que é preciso deixar claro nesse debate é o tamanho e a extensão das pedaladas fiscais dadas pelo governo Dilma Rousseff (PT). O que ela fez extrapolou todos limites toleráveis”, diz. Sobre o DF, ele comenta: “O TCDF certamente vai analisar essa situação. Como tenho repetido, posso garantir que o ex-governador, o ex-vice-governador e os secretários terão problemas em processos que tramitarão no TCDF e, provavelmente, vão redundar em ação de improbidade administrativa”, diz.

Mudanças no FAC
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), assinou ontem o Decreto nº 34.785, que pretende simplificar o edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). As mudanças, de acordo com a Subsecretaria de Fomento e Incentivo da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, foram realizadas para garantir mais clareza ao texto e tornar alguns procedimentos menos burocráticos. Entre as alterações, os próximos editais contemplarão a área de fotografia e programas voltados para pesquisa e formação. Além disso, as contrapartidas financeiras, econômicas ou artístico-sociais, que eram obrigatórias, passam a ser facultativas. Outro ponto importante é que a necessidade de apresentar projetos vinculados apenas à área de registro no Cadastro de Entes e Agentes Culturais (Ceac) passou a ser mais flexível. A leitura do governo é que as artes se integram, o que torna possível apresentar um projeto em qualquer linguagem.


Fonte: Matheus Teixeira – Correio Braziliense – Foto: Antonio Cunha/C.B./ D.A. Press 

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem