Basta uma caminhada pelas principais ruas de comércio, em
Brasília ou qualquer outra cidade do país, para se constatar os efeitos
perversos da crise econômica sobre o terceiro setor. Em muitas cidades já é
comum encontrar ruas e quarteirões inteiros repletos de lojas fechadas ou em
vias de encerramento das atividades. Galerias e shoppings que esbanjavam charme
com lojas diferentes e criativas hoje estampam placas de “aluga-se” ou
“passa-se o ponto”.
A crise
no comércio ceifa indiferentemente lojas de luxo e populares. Naqueles poucos
estabelecimentos que ainda resistem aos ventos da falência crescente, os
vendedores estão desocupados, sem ter a quem atender. O comércio varejista
talvez seja o setor da economia que melhor retrata as consequências de um ciclo
econômico que perde força de forma acelerada.
Até
agora, o fechamento das lojas no DF tem custado o emprego de mais de 2 mil
trabalhadores, e há perspectiva de que as coisas piorem e mais gente seja
despedida. Para o Sindivarejista do DF, aproximadamente 1.300 estabelecimentos
fecharam as portas, média de mais de seis lojas por dia.
A Medida
Provisória nº 8.479/2015, que cria o Programa de Proteção ao Emprego (PPE),
ainda ensaia os primeiros movimentos. Também a redução temporária (por 12
meses) na jornada de trabalho, em até 30%, com a respectiva redução
proporcional nos salários, ainda não surtiu os efeitos esperados e tem
emperrado nas negociações nos sindicatos. No Plano Piloto, as avenidas W3 Norte
e W3 Sul, que já vinham apresentando problemas de fluxo de comércio, são as que
mais apresentam os sinais de decadência comercial.
O
abandono dessas importantes vias de comércio pelos empresários, devido aos
preços do aluguel e ao fraco desempenho do setor, tem reflexos negativos
diretos em outras áreas da economia, atingindo inclusive o turismo. Para quem
visita a cidade e constata a realidade local com centenas de lojas fechadas,
paredes pichadas, falta de iluminação, sujeira e falta de segurança, fica a
lembrança de uma cidade decadente, como de resto está a maioria das cidades
brasileiras.
A frase que não foi pronunciada
“Leges
bonae malis ex
moribus procreantur.”
(Ditado que funcionava em Atenas.)
“Dos maus costumes nascem as boas leis.”
Por: Circe
Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto:
Google
Excelente reportagem. E verdadeira. Parabéns!
ResponderExcluirEduardo Dornas.