Rosângela costuma ir à Europa e compara: cidades mais bem planejadas
Com alta renda e cada vez mais valorizados pelas agências de
viagem, visitantes maiores de 60 anos reclamam da infraestrutura precária.
Idosos correpondem a apenas 8,79% dos que vêm à capital no período de alta
temporada
Tânia Mara de Andrade Spíndola, 62 anos, sempre
gostou de viajar, mas, depois de se aposentar, decidiu investir ainda mais na
atividade. “Tenho tempo livre de sobra e também estabilidade financeira, o que
facilita gastar em turismo”, comenta a moradora da Asa Sul. Em 2013, visitou a
Jordânia, o Egito e Israel. No ano passado, foi a Portugal, à Itália, à Turquia
e a Israel, novamente. “Há alguns lugares que eu não me importo de visitar duas
vezes. Cada vez, conheço algo diferente”, diz. Devido ao envelhecimento da
população, o turismo para a terceira idade é um dos ramos que mais crescem no
mercado de viagens. Estabilidade financeira e possibilidade de viajar em
qualquer época do ano também são fatores que têm mobilizado o segmento. Ainda
assim, Brasília custa a entrar no circuito de destino turístico para os mais
velhos, por conta da pouca accessibilidade.
Dados do Ministério do Turismo (MTur) mostram que a população acima de 60 anos
já responde por quase 18 milhões de viagens ao ano no Brasil, o que representa
uma fatia de 8,9% do mercado nacional. A tendência é que essa quantidade
aumente a cada ano, devido ao envelhecimento da população. A projeção do IBGE é
de que, em 10 anos, os idosos representarão 16% dos brasileiros e, em 2060,
34%. Hoje, o número de pessoas idosas no Brasil (acima de 60 anos) já chega a
26,1 milhões, segundo o IBGE — o equivalente a 13% da população. Além disso,
segundo dados do Banco Mundial, os idosos representam 20% do poder de compra do
país e 70% deles têm independência financeira, o que os tornam um mercado
frutífero para o turismo.
Tânia aproveita a estabilidade financeira e o tempo livre para viajar
Sem acessibilidade
Mesmo com tantas oportunidades, a capital ainda não se insere na lista de destinos preferidos pela terceira idade. Segundo dados do Observatório do Turismo — portal mantido pela Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF) —, o público com mais de 60 anos corresponde a apenas 8,79% dos que visitam a capital federal em alta temporada, de março a junho e de agosto a novembro, e a 7,65% em baixa temporada, de dezembro a fevereiro e em julho. Para a assistente da central de turismo do Sesc-DF, Iêda Vale, um dos principais problemas da cidade na hora de atender aos mais velhos é a acessibilidade. “Os idosos ainda têm muita dificuldade para se locomover em Brasília. Além disso, falta mais divulgação da capital como destino”, explica. Investir na área é um bom negócio: ainda de acordo com a Setur, o turista médio costuma ficar em torno de 3,25 dias na capital e gasta R$ 387,32 diários.
Mesmo com tantas oportunidades, a capital ainda não se insere na lista de destinos preferidos pela terceira idade. Segundo dados do Observatório do Turismo — portal mantido pela Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF) —, o público com mais de 60 anos corresponde a apenas 8,79% dos que visitam a capital federal em alta temporada, de março a junho e de agosto a novembro, e a 7,65% em baixa temporada, de dezembro a fevereiro e em julho. Para a assistente da central de turismo do Sesc-DF, Iêda Vale, um dos principais problemas da cidade na hora de atender aos mais velhos é a acessibilidade. “Os idosos ainda têm muita dificuldade para se locomover em Brasília. Além disso, falta mais divulgação da capital como destino”, explica. Investir na área é um bom negócio: ainda de acordo com a Setur, o turista médio costuma ficar em torno de 3,25 dias na capital e gasta R$ 387,32 diários.
Os idosos brasilienses que querem conhecer outros lugares também não encontram serviços especializados para o setor. A cidade não tem nenhuma agência de turismo voltada ao atendimento à terceira idade. Empresas que atuam na área há muito tempo, no entanto, destacam os benefícios de investir no segmento. “Por serem aposentados, os turistas idosos têm a possibilidade de viajar em qualquer época do ano. Além disso, gostam de viajar em grupos, o que nos permite oferecer pacotes diferenciados”, explica Marina Figueiredo, gerente de produtos da Pomptur — empresa paulista especializada na terceira idade e atuante há 30 anos (leia Palavra do especialista).
Os viajantes mais assíduos também percebem que outras cidades estão mais bem preparadas para receber o público mais velho, quando comparadas a Brasília. A aposentada Rosângela Andrade Ribeiro, 58 anos, moradora da Asa Sul, costuma viajar com frequência para a Europa e diz que lá há muito mais vantagens de acessibilidade e transporte. “Além disso, há muito mais variedade de entretenimento nos países europeus do que aqui. Gosto de conhecer a cultura de povos diferentes, ir ao teatro e à ópera”, acrescenta.
Segundo a Setur-DF, diversas ações estão sendo planejadas para incentivar o turismo para a terceira idade na capital. “Além de ter disponibilidade durante todo o ano e apresentarem um gasto médio interessante, o público idoso viaja várias vezes ao ano e mostra grande interesse em conhecer vários destinos diferentes”, diz o secretário da pasta, Jaime Recena. Para ele, os turismos cívico, cultural, religioso e rural podem ser as principais atrações para os visitantes mais velhos. “Para movimentar o setor, está em andamento um projeto de melhoria da acessibilidade em 10 atrativos turísticos, como o Memorial JK, a Praça dos Três Poderes e a Torre de TV. Para que as obras comecem, falta apenas fazer um convênio com o Ministério de Turismo”, informa Recena.
Palavra de
especialista - Conforto e tranquilidade
“Normalmente, o público da terceira idade procura
roteiros que tenham o máximo de serviços incluídos, tanto na questão de
alimentação quanto de passeios, pela dificuldade que alguns podem ter de ir até
o local. Os mais velhos priorizam viagens com conforto e tranquilidade, além de
hotéis que tenham boa acessibilidade. Trabalhar com a terceira idade traz uma
série de vantagens. Como os idosos podem viajar em qualquer época do ano, é
possível negociar estadias a preços mais atrativos, por exemplo. Além disso, há
clientes de mais de 60 anos que chegam a fazer de três a cinco viagens. Para
isso, planejam as viagens com seis a oito meses de antecedência, o que também é
algo positivo para as agências de turismo.”
Marina Figueiredo é gerente de produtos da agência de turismo paulista Pomptur.
Marina Figueiredo é gerente de produtos da agência de turismo paulista Pomptur.
Fonte:
Paloma Suertegaray – Correio Braziliense – Foto: Ed. Alves/CB/D.A./Press