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Companheiros em armas

Na república do Pixuleco, todo dia é acrescentada nova pedra ao muro que vai separando a sociedade brasileira do atual governo. O isolamento do núcleo que comanda o Estado vai ficando patente a cada encontro milimetricamente agendado, a cada solenidade orquestrada com plateia escolhida a dedo.

O abuso dos recursos de marketing criou espécie de cenário de faz de contas permanente em torno do Palácio do Planalto, dissociando-o da realidade que castiga o resto do país. O mais surpreendente é que o penoso trabalho de ilhamento do Executivo é obra exclusiva dos próprios membros do governo.

Na foto oficial, feita logo após o encontro encomendado às pressas pelo ex-presidente Lula, com as principais lideranças políticas do país, a imagem que vem à mente é a de homens que, transformados em pinos de jogo de boliche, aguardam o choque inevitável contra a bola imensa e veloz. Não há meias-palavras para descrever o quadro.

O ministro Gilmar Mendes chega ao ponto de afirmar, durante sessão no Tribunal Superior Eleitoral, que julga dados referentes à campanha de Dilma Rousseff, que a Corte não pode permitir que o país se transforme em sindicato de ladrões.

A cada declaração oficial, mais aumentam as labaredas. O rápido encadeamento de fatos vão sendo postos à luz com as investigações da Operação Lava-Jato. Não dá tempo para os personagens encontrarem explicações capazes de expiar as muitas culpas.

Os ventos de agosto, mais uma vez, varrem a capital, expondo a aridez desolada do Planalto aos olhos da população. No meio desse triste baile da Ilha Fiscal do século 21, há lugar ainda para bravatas.

O poderoso chefão da CUT, aproveitando as luzes da imprensa, ameaçou colocar os homens de seu exército brancaleone, armados e entrincheirados, para combater a burguesia em defesa da presidente e do seu criador.

Para os historiadores e cronistas políticos, o Brasil vive hoje um dos momentos mais fecundos de toda a sua história em termos de realismo fantástico. Para a sociedade, esses são tempos para serem esquecidos, como aquela foto antiga que escondemos de todos por vergonha de nós mesmos.

Por: Circe Cunha – Coluna: “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Correio Braziliense – Foto: Google

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