Em meio à poeira vermelha do cerrado e do clima árido da
capital federal florescem cerca de 260 mil pés de ipês. As flores roxas,
amarelas, brancas e as verdes — mais raras — encantam até mesmo quem não é
amante da cidade fruto do sonho de Dom Bosco e Juscelino Kubitschek. Antes de
encerrar o mandato, em 1985, o ex-presidente João Baptista de Figueiredo disse
ao povo que o esquecesse. O general era um crítico ácido da capital federal,
mas guardava na memória as árvores típicas brasilienses. Em uma entrevista ao
jornalista Pedro Rogério, revelou que apreciava os ipês no trajeto da Granja do
Torto à sede do governo. “Eles são imponentes”, definiu o militar.
A professora aposentada Sandra Maria diz que não existe maior símbolo de Brasília do que as árvores: parte do cenário fica na janela da moradora da 308 Sul
Os
brasilienses sabem de cor que os arbustos coloridos de mais de 20m de altura
enfeitam a cidade entre junho e setembro. Pelas avenidas castigadas com a seca,
de longe, são visíveis e protegidos por lei. Uns com mais flores, outros mais
escassos. Na fase adulta, a planta pode dar até 50 mil botões em uma única
florada. Na 308 Sul, quadra modelo de Brasília, há vários exemplos. Os cobogós
dos blocos permitem avistar ipês roxos, amarelos e brancos — este em maior
quantidade. “Eu adoro olhar, faz parte da paisagem. Não existe nada que
represente mais a nossa cidade”, afirma Sandra Maria Miranda, 63 anos,
professora de educação física aposentada.
Mudanças
Com o
passar do tempo, as plantas mudaram com a cidade e o clima. Mutação acompanhada
de perto pelos moradores. “Eles (ipês) floresciam mais tarde. Agora, estão mais
precoces e com as floradas mais rápidas”, afirma Sandra. Porém, toda forma de
beleza é válida para a carioca. “Com poucas flores, como estão os roxos, ou
iniciando a florada, são maravilhosos. Fazem parte do cenário da minha janela”,
reforça a moradora do 6º andar do Bloco G.
Quando o
bancário aposentado Carlos Alberto Albuquerque Machado da Costa, 82, veio para
Brasília, em 19 de abril de 1960, a quadra modelo não estava pronta. Ele é
categórico ao afirmar que os exemplares de ipê não se encontravam no local. “Os
apartamentos estavam em acabamento. Havia algumas árvores mais características
do cerrado”, explica, ao fazer referência aos arbustos menores e com troncos
retorcidos. Hoje, a 308 Sul é emoldurada pelos ipês, mas não se sabe se eles
foram plantados ou naturalmente nasceram ali. A história perdeu-se no tempo.
“Eu acredito que tenham uns 20 anos. De qualquer forma, são lindos, fazem parte
daqui e agradam aos moradores e aos visitantes”, opina Carlos Alberto.
Diariamente, o bancário molha as plantas da quadra. Além disso, faz parte da
rotina limpar o laguinho próximo do Bloco F. “Todos esses elementos formam uma
paisagem única. Muita gente tira foto ou apenas para e fica sentada observando tamanha
beleza”, ressalta.
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A
campanha do CorreioBraziliense, lançada em parceria com a TV Globo Brasília,
tem registrado os melhores ângulos da árvore mais conhecida — e, para muitos, a
mais bela — do cerrado, desde 18 de julho. Ao fim, um caderno especial no
jornal e um vídeo na televisão vão celebrar aquelas que melhor souberam captar
a essência desse símbolo brasiliense. O leitor ou telespectador pode marcar a
foto do ipê nas redes sociais de imagens para participar. Além de usar a
hashtag #BrasiliaCapitaldoIpe, o interessado pode visitar o site
www.correiobraziliense.com.br/BrasiliaCapitaldoIpe. É possível também mandar as
imagens pelo WhatsApp: 9256-3846
Fotos enviadas pelos leitores para o jornal: as flores rosas e roxas
estão saindo de cena, mas as amarelas aparecem com mais força durante a
primeira quinzena de agosto. Temporada vai até o fim de setembro
Pela preservação
O ipê faz parte de uma das 12 espécies tombadas como
patrimônio ecológico do DF, cujo corte é proibido, de acordo com o Decreto nº
14.783. Com a norma, a Secretaria do Meio Ambiente é a única responsável por
autorizar e definir quando poderão ser executados obras, planos, atividades ou
projetos de interesse social ou de utilidade pública que interfiram na
disposição da árvore. O decreto determina também que a erradicação de um
espécime nativo acarretará o plantio de 30 novas mudas e que, no caso da
retirada de um espécime exótico, deverão ser plantados 10 iguais.
Fonte: Correio Braziliense – Foto: Edy Amaro/ Esp. C.B./
D.A.Press. / Hilda Candido Ribeiro/Divulgação - Marcelo Câmara/Divulgação/-
Conceição Araújo/Divulgação - Dinis Mengarda/Divulgação – Lidiane Viana dos Santos/Divulgação
Lindos, independente da cor.
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