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Chama olímpica para incendiar o turismo

O turismo é feito de narrativas. Em 2016, o Brasil terá excelente oportunidade para construir um imaginário global positivo sobre o país. A um ano da Olimpíada e Paraolimpíada, temos pressa para preparar as peças do imenso mosaico que vai formar a imagem da nossa nação quando o mundo olhar mais uma vez para o país. Enganam-se os que pensam que esse é assunto exclusivo para a Prefeitura do Rio de Janeiro, para o governo do estado ou, no máximo, para o governo federal. Trata-se de oportunidade para a capital Brasília e os 26 estados.

Na Copa do Mundo, quase 500 municípios foram visitados. Os mais céticos ou críticos argumentarão que o Mundial de futebol foi pulverizado por 12 cidades sedes, enquanto os jogos olímpicos serão concentrados no Rio de Janeiro e cinco cidades onde ocorrerão as partidas de futebol — Brasília, São Paulo, Belo Horizonte, Manaus e Salvador. No maior evento esportivo do mundo, no entanto, teremos o tour da tocha, chance de ouro para distribuirmos os ganhos para todo o país.


O fogo olímpico vai percorrer o Brasil, e as imagens geradas serão distribuídas pelo mundo. O Reino Unido soube aproveitar a oportunidade e projetou cenas incríveis. Quem já teve a oportunidade de assistir e se emocionar com o vídeo da tocha olímpica circulando pela Inglaterra e demais membros do Reino Unido sabe da força que têm essas imagens. A criatividade, o carisma e a espontaneidade do brasileiro serão capazes de cativar turistas em potencial espalhados pelo mundo.

Pouco a pouco, mostramos a nossa competência em organizar grandes eventos para diversos perfis de públicos. Num passado recente, sediamos a Rio+20, Jornada Mundial da Juventude, Copa das Confederações e Copa do Mundo. O “não vai ter Copa” ou “imagina na Copa” cederam espaço para clima de euforia espalhado pelas ruas e difundido pelas mídias nacional e internacional. Os dois últimos Grande Prêmios do Brasil de Fórmula 1 foram escolhidos como os mais bem organizados do campeonato por pilotos e equipes, público altamente qualificado e exigente.

Aceleramos a curva de aprendizado e antecipamos investimentos necessários para o Brasil transformar-se numa potência turística por causa desses eventos. Temos as melhores condições de disputar em nível global o viajante internacional. O estudo bienal focado no turismo do Fórum Econômico Mundial revela que somos o país mais competitivo do setor na América Latina. Subimos 23 posições de 2013 para 2015. Antes do mundial de futebol, aparecíamos em 51º lugar num ranking de 141 nações. Saltamos para a 28ª colocação este ano. No item “atrativos naturais”, somos líderes globais. Avançamos também nos quesitos recursos culturais e humanos, infraestrutura turística e de transporte aéreo, passagens aéreas e hotelaria.

Todas essas vantagens de nada adiantarão se não soubermos aproveitar as oportunidades que conquistamos para aumentarmos o interesse do estrangeiro e do brasileiro por conhecer o próprio país por meio de narrativas únicas. Na Copa do Mundo, tivemos 32 países representados pelas respectivas seleções, 960 atletas, 20 mil voluntários e 15 mil profissionais de mídia. Na Olimpíada e na Paraolimpíada, teremos 15 mil atletas de 205 nações, 70 mil voluntários e 25 mil profissionais de mídia.

Das lições aprendidas nos últimos eventos, destaca-se a importância do planejamento. O Ministério do Turismo vai reunir no início de setembro em Brasília governadores, prefeitos, secretários de Turismo e representantes da iniciativa privada para sensibilizá-los da importância da Olimpíada para o turismo brasileiro. Também, sob o comando da presidente Dilma Rousseff, vamos circular por todos os estados para, em reuniões técnicas, preparar o tour da tocha. Definir metro a metro o roteiro de 20 mil quilômetros a ser percorrido pela tocha que será transportada por 12 mil pessoas.

O engajamento de todos é fundamental para transmitirmos ao mundo a mensagem que queremos. A imagem da chama olímpica transportada num cortejo náutico pelo Rio Amazonas; descendo em rapel o Monte Roraima; voando de balão pela Serra da Capivara, de asa-delta pelo céu de Brasília; ou mergulhando nas águas cristalinas da Praia de Pipa, no Rio Grande do Norte (sim, é possível); passando da mão de um atleta de alta performance para uma pessoa desconhecida com deficiência tem o poder de despertar o interesse de milhões de turistas em potencial para este país. Uma potência turística que reúne 750 mil quilômetros quadrados de unidades de conservação federais é um dos principais produtores de alimento do mundo, líder em tecnologia agrícola que incluiu milhões de pessoas nos últimos anos. Os elementos nós temos. O desafio é juntar as peças, construir a narrativa e criar o sonho tão essencial para o turismo.

Por: Henrique Eduardo Alves - Ministro do Turismo - Fonte: Correio Braziliense - Foto: Google

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