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PF realizou buscas nos escritórios de advocacia Guilherme Gonçalves &
Sacha Reck foi um dos alvos da 18ª fase da Operação Lava Jato; Gonçalves
afirmou, em nota, que prestou serviços "devidamente documentos" à
Consist Software, empresa de informática suspeita de repassar verba de
contratos frios com o Ministério do Planejamento a operadores da Lava Jato;
o advogado Sacha Reck também é investigado pela Justiça do Distrito
Federal por envolvimento na licitação de transporte público, onde há suspeitas
de favorecimento
O escritório de advocacia Guilherme
Gonçalves & Sacha Reck foi um dos alvos da 18ª fase da Operação Lava Jato.
A Polícia Federal realizou buscas nos escritórios dos dois advogados que davam
nome à firma nesta quinta-feira (13). Gonçalves afirmou, em nota, que prestou
serviços "devidamente documentos" à Consist Software, empresa de
informática suspeita de repassar verba de contratos frios com o Ministério do
Planejamento a operadores da Lava Jato. O advogado Sacha Reck também é
investigado pela Justiça do Distrito Federal por envolvimento na licitação de
transporte público, onde há suspeitas de favorecimento.
Em relação à
citação do escritório na Lava Jato, a sociedade com a Consist foi desfeita em
dezembro de 2013, mas as novas empresas ainda dividem o mesmo prédio em
Curitiba (PR). Segundo o advogado, o novo escritório de Sacha Reck, GRC
Advogados, não tem qualquer ligação com a Consist, e que "a prestação de
serviços sempre foi feita diretamente por ele [Gonçalves] e sua equipe".
Sacha Reck disse ao
G1 que nunca atuou nos contratos com a Consist, assim como o ex-sócio nunca
agiu nas consultorias relacionadas ao transporte. "Da mesma forma que ele
[Gonçalves] não se meteu de forma alguma nos contratos de transporte, eu não me
meti de forma alguma nos contratos dele, nos clientes eleitorais dele",
afirmou.
Reck informou ter
comparecido voluntariamente à sede da PF em Curitiba para oferecer
esclarecimentos e mostrar que não tem ligação com os contratos investigados.
"Ficou demonstrado claramente que eu não participava em nada disso. Tanto que,
após a cisão em 2013, esses clientes foram todos para o Guilherme",
complementou.
Segundo informações
do jornal "O Globo", o escritório conjunto de Reck e Gonçalves também
prestou serviços às campanhas da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em 2010 e 2014,
além de candidatos a deputado de PSDB, PSD e PP. A assessoria de Gleisi afirmou
ao jornal que o pagamento pelas campanhas foi declarado na prestação de contas
e que desconhece outras relações de Guilherme Gonçalves.
De acordo com Sacha
Reck, relação do ex-sócio com o PT no Paraná não teve qualquer influência sob
os contratos realizados no GDF, na gestão do petista Agnelo Queiroz. "O
Guilherme [Gonçalves] nunca esteve no DF para isso, acho que nem conhece o
ex-governador. A contratação não se deu porque ele conhece a Gleisi, nada
disso", declarou.
Consultoria
O advogado Sacha
Reck também é investigado pela Justiça do Distrito Federal por envolvimento na
licitação de transporte público, onde há suspeitas de favorecimento.
Os estudos de
logística e o edital da licitação foram elaborados pelo consórcio
Logit-Logitrans, que tinha o advogado como consultor jurídico. Entre os sócios
da Logitrans estavam o pai e o irmão de Sacha – Garrone e Alexis,
respectivamente.
De acordo com o MP,
a atuação do advogado superou a consultoria prevista, "oferecendo um amplo
assessoramento jurídico que determinou o resultado do certame". O órgão
disse que Sacha Reck passou a integrar, na prática, a Comissão Permanente de
Licitação, atuando nas fases interna (elaboração) e externa (concorrência) do
processo.
As investigações do
MP também apontam que, enquanto auxiliava na licitação, Sacha Reck era advogado
da Viação Marechal, empresa que participou da concorrência e ganhou a operação
de uma das bacias.
Outro
lado
Reck disse ao G1
que começou a atuar na licitação em 2009, quando o GDF estava sob o comando de
José Roberto Arruda (PR). No que diz respeito à relação com o consórcio
Logit-Logitrans teria começado ainda antes, em 2008, quando as empresas
elaboraram um plano de transportes em Bogotá, na Colômbia.
"Como as
empresas são especialistas em transporte público, o BID [Banco Interamericano
de Desenvolvimento] contratou as duas. O consórcio me colocou como consultor em
ambas, pela minha experiência, e quando a Arcadis Logos foi prestar consultoria
ao GDF, entendeu que era importante eu continuar atuando", acrescentou
Reck.
Segundo ele, o
contrato da Arcadis Logos com o GDF foi celebrado em 2008, por R$ 19,3 milhões,
para "apoio ao gerenciamento do Programa de Transportes Urbanos do
DF".
Entre 2012 e 2013,
a empresa subcontratou Sacha Reck para dar continuidade à consultoria. "Eu
disse que não poderia prestar essa segunda consultoria sozinho, porque o volume
seria muito grande. E, de fato, foram mais de 160 impugnações nesse processo.
Só neste momento, por causa do volume de trabalho, é que sugeri a contratação
do nosso escritório. Até então, o contrato era diretamente comigo, sem o nome
do escritório", complementou.
Fonte: Brasília 247