Nas Entrelinhas: Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense - 06/08/2015
Correio Braziliense - 06/08/2015
Renato Duque teme a mesma
sorte de outros envolvidos no escândalo da Petrobras, como o ex-ministro da
Casa Civil José Dirceu, preso novamente, e os executivos da OAS condenados
ontem
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, um dos
presos da Operação Lava-Jato, começou a falar o que sabe na Polícia Federal, em
Curitiba. É o começo de sua delação premiada, que pode ter um efeito arrasador
para a cúpula do PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem era
amigo. Duque, principal quadro da legenda na empresa, era responsável pelo
esquema de propina sob investigação que abastecia os petistas, em linha direta
com o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, segundo os investigadores da Lava-Jato.
Renato
Duque teme a mesma sorte de outros envolvidos no escândalo da Petrobras, como o
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso novamente, e os executivos da OAS
condenados ontem por fraudes em contratos e aditivos da empresa com a Refinaria
Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e com a Refinaria de Abreu e Lima (Renest),
em Pernambuco, na área sob controle do ex-diretor de Abastecimento Paulo
Roberto Costa. É o chamado efeito Orloff, aquela propaganda de vodka que dizia:
“Eu sou você amanhã”.
Conforme
a sentença do juiz Sérgio Moro, a prática de crimes de corrupção envolveu o
pagamento de R$ 29.223.961 à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, “um valor
muito expressivo”. De uma só vez, R$ 16 milhões em propinas. Paulo Roberto
Costa, por causa da delação premiada, foi condenado a 6 anos e 6 meses no
regime semiaberto, além de ter os bens confiscados no valor de R$ 29,2 milhões.
Mas teve considerado o período em que já ficou preso cautelarmente, entre março
e maio de 2014, e entre junho e setembro de 2014. Deverá cumprir prisão
domiciliar com tornozeleira eletrônica até outubro de 2016, com recolhimento
noturno e no fim de semana. A partir de outubro de 2016, progredirá para o
regime aberto, até o restante da pena a cumprir.
Já o
presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo, foi condenado a 16
anos e 4 meses de reclusão, por organização criminosa, corrupção ativa e
lavagem de dinheiro, com os executivos da empresa Agenor Franklin Magalhães
Medeiros (diretor-presidente da Área Internacional, também condenado a 16 anos
e 4 meses de reclusão), Fernando Augusto Stremel de Andrade (funcionário, 4
anos de reclusão) e Mateus Coutinho de Sá Oliveira (funcionário, 11 anos de
reclusão). Léo Pinheiro matou no peito e recusou a delação premiada.
José
Ricardo Nogueira Breghirolli, contato do doleiro Alberto Youssef com a OAS, foi
condenado a 11 anos de reclusão. Mas o doleiro, por causa da delação premiada,
também teve a pena diminuída: 6 anos, 11 meses e 10 dias de reclusão, por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, e confisco de bens no valor de R$ 41,5
milhões. O doleiro deverá cumprir apenas três anos em regime fechado, mesmo que
seja condenado em outros processos.
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, teve 799 votos e encabeça a lista
tríplice da instituição, seguido de Mario Bonsaglia, com 462 votos, e Raquel
Dodge, com 402. A presidente Dilma Rousseff deve encaminhar o nome dele para o
Senado.